terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Banda pernambucana vai processar Aviões do Forró por apropriação de música

Da Redação com UOL/NE10
por Romero Rafael em Notas

Pela segunda vez, a Banda Dibôa irá à Justiça contra a Aviões do Forró. Os vocalistas e irmãos Allan Clistenis e Arley Cristian acusam a banda liderada por Solange Almeida e Xand Avião de se apropriar da música Pra Lavar, lançada pela Dibôa em 2014 e, logo em seguida, adicionada ao repertório da Aviões do Forró. Situação semelhante ocorreu em 2012, quando Allan e Arley entraram com o processo de nº 0047170-97.2012.8.17.0001, alocado na 26ª Vara Cível da Comarca do Recife, por causa da música Só se For Gelada, pelo mesmo motivo. Nos dois casos, os irmãos reclamam que a Aviões tomou as músicas para ela, trabalhando-as nas rádios e comercializando produtos – capas para notebook e smartphone, camiseta, squeeze – a partir delas.


Produtos com o verso “Desce uma, desce duas, desce três”, da música “Pra lavar”, do site lojaavioesdoforro.com.br, já retirados do ar

A ação que corre sobre Só se For Gelada ainda não chegou ao fim devido a um acordo extrajudicial que a Aviões do Forró diz ter feito com um ex-empresário da Dibôa: a Aviões apresenta um recibo de pagamento de acordo, mas Allan e Arley negam ter participado, e o tal empresário não é achado. Sobre o caso mais recente, com relação à música Pra Lavar, os irmãos contam ter notificado a banda famosa em dezembro, através de advogado, mas não receberam reposta alguma.

“Eu preciso da minha música para fazer sucesso e levar a banda adiante. Nas duas vezes em que eu quase consegui estourar veio a Aviões e atropelou a possibilidade de a gente crescer, mesmo que fosse pouco”, conta Allan. Ele diz que em 2012, quando lançou Só se For Gelada, teve de pegar dinheiro emprestado para colocá-la nas rádios. Um mês depois, quando as bandas do Recife já começavam a tocar a música, a Aviões do Forró se apresentou no Clube Internacional e a tocou, o que rendeu uma gravação, que se tornou comercial.

Com Pra Lavar teria ocorrido percurso parecido: Allan e Arley pegaram o dinheiro que tinham e apostaram na música, que chegou a ser gravada com participação de Latino. A parceria soava próspera… até Aviões do Forró se apropriar da composição. “Eles convidaram a gente pra tocar a música com eles no Olinda Beer. Era importante a gente aparecer… E a gente achava que tinham convidado para reparar o dano passado, mas logo em seguida eles venderam a música fortemente”, relata Allan, dizendo que chegou ao ponto de a Dibôa e a Aviões do Forró venderem a tal música às mesmas rádios.
Gravação que consta no DVD Sunset, lançado em 2015:

“Nós somos banda, vivemos disso, não temos outro trabalho. A gente, quando toca a música, tem o trabalho de ter que explicar que a música é nossa. Às vezes é até motivo de chacota. Não é uma coisa agradável”, lastima Allan. Ele afirma que seu advogado deve entrar com o processo ainda nesta semana.

Direitos autorais – Allan Clistenis e Arley Cristian sequer ganham qualquer valor como compositores das músicas – no caso de Só se For Gelada, é assinada por eles mais Marquinhos Maraial. É que há falha na arrecadação feita pelo Ecad no Nordeste: nem todas as rádios e eventos pagam. Pior: CDs e DVDs lançados pela maioria das bandas de forró saem sem encarte (logo, sem informações como os nomes dos compositores) e são gravados e distribuídos irregularmente. E mais: com o esquema estabelecido – sobretudo no forró e no sertanejo – em que todos cantam as músicas de todos, o que os artistas esperam é que, ao menos, a banda informe ao público de quem é cada música, dando a César o que for de César.

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