terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Colega de PM morto em Jaguaretama desabafa sobre medo constante que vive

Não é só em Fortaleza onde policiais vivem drama após onda de mortes de agentes. Mesmo em Jaguaretama, de 18 mil habitantes, existe tensão

Da Redação com TRIBUNA DO CEARÁ
O medo de sair para trabalhar e não saber se volta para casa faz parte da intensa rotina dos policiais do Estado do Ceará. Após a morte do subtenente Carlos Herbênio, de Jaguaretama, a 250 km de Fortaleza, o quinto assassinado em 2016, policiais militares da cidade têm o receio de sair de casa mesmo fora do serviço.

Segundo um policial que não quis se identificar, a situação também é crítica fora de Fortaleza. “Nós vivemos em constante alerta. Toda hora estamos olhando ao nosso redor e vendo o que se passa. A gente perde um pouco da nossa vida social”, lamentou, sob a condição de anonimato.

Como noticiado pelo Tribuna do Ceará na semana passada,policiais do estado estão optando por não se expor em suas vidas sociais por medo da violência. Mesmo com a proporção inferior no número de habitantes em relação a Fortaleza, no interior do estado o caso não é diferente.

Quem espera tranquilidade em municípios relativamente pequenos, como Jaguaretama, com 18 mil habitantes, deve se preocupar tanto quanto grandes capitais. Entre a noite de sexta-feira (19) e o sábado (20), o município registrou quatro assassinatos. Além do policial, dois corpos de homens foram encontrados carbonizados dentro de um carro.

O policial local que conversou com o Tribuna do Ceará pede para que seu nome não seja divulgado, com medo de ser punido ou advertido, como aconteceu com o subtenente Mardônio Aguiar Costa, que desabafou sobre a onda de mortes de policiais no Ceará e foi chamado a atenção pelo comando da Polícia Militar.

O Tribuna do Ceará tentou entrar em contato com os familiares do subtenente Carlos Herbênio, mas até a publicação desta matéria não houve resposta.

Reunião

Somente em 2016, oito ataques a policiais já foram registrados em todo o estado. Em relação a 2015, este ano houve um aumento de 150% em mortes de agentes de segurança. Após a quinta morte de policial confirmada, a Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece) pediu reunião com o governador Camilo Santana em caráter de urgência.

Em nota oficial, a associação classificou como covarde o assassinato do subtenente. “O militar foi covardemente assassinado, quando caminhava à 6h pelas ruas dos município que trabalhava. A ACSMCE manifesta as mais sinceras condolências à família, amigos e companheiros de trabalho. Estendemos nosso pesar e solidariedade à todos”, destaca parte da nota.

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