Por Anderson Barbosa
Seis mulheres foram assassinadas no Rio Grande do Norte somente neste final de semana. Segundo o registro de ocorrências da Polícia Militar, os crimes aconteceram entre a noite da sexta-feira (26) e a madrugada deste domingo (28) em Natal e Ceará-Mirim, na região metropolitana da capital do estado, e nos municípios de Governador Dix-Sept Rosado, Baraúna, Triunfo Potiguar e Antônio Martins, na região Oeste.
Levantamento realizado pelo Observatório da Violência Letal Intencional (OBVIO), instituto que contabiliza e analisa os crimes contra a vida, revela que 57 mulheres já foram mortas este ano no estado. Deste total, pelo menos 13 delas teriam sido assassinadas por questão de gênero – o chamado feminicídio.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública disse que o órgão não vai cometar os dados do OBVIO.
Em 2015, 36 mulheres haviam sido assassinadas entre 1º de janeiro e 27 de maio. Ano passado, no mesmo período, este número subiu para 37 -- o que significou um crescimento de 2,8%. Agora em 2017, com a marca de 57 mortes, o aumento no número de mulheres mortas já passa dos 51%, segundo o OBVIO.
Natal
A primeira das cinco vítimas deste final de semana foi uma jovem de 26 anos, moradora do bairro de Cidade da Esperança, na Zona Oeste de Natal. Ela foi encontrada morta dentro de casa com ferimentos na cabeça. O caso ainda está sob investigação. Por este motivo o nome da vítima não foi revelado.
Ceará-Mirim
Em Ceará-Mirim, também na noite da sexta, um casal foi assassinado a tiros dentro de casa. A mulher foi identificada como Maria das Graças de Jesus Santos, de 27 anos. A polícia informou que ela e o companheiro dela, chamado José Pinto da Silva, teriam envolvimento com o tráfico de drogas.
Governador Dix-Sept Rosado
Ainda na sexta, na cidade de Governador Dix-Sept Rosado, a PM registrou um novo caso de duplo homicídio. As vítimas foram Francisco Pablo Teixeira Filgueira, de 28 anos, e Marina Rane Martins de França, de 21. Ambos participavam de uma festividade na comunidade conhecida como Sítio Cigana, quando homens armados se aproximaram em uma motocicleta e começaram a atirar. Pablo morreu na hora. Baleada no peito, Marina ainda foi socorrida, mas não resistiu ao ferimento. Ninguém foi preso.
Triunfo Potiguar
Em Triunfo Potiguar a vítima foi a dona de casa Leidiane da Silva Freitas, de 27 anos, morta a facadas. O suspeito é o ex-marido dela, que fugiu em uma motocicleta levando os dois filhos do casal. O crime aconteceu no final da manhã do sábado no distrito de Serra de João do Vale, que fica na zona rural do município. Parentes de Leidiane disseram à polícia que ele estava insatisfeito com a recente separação, e que a situação ficou pior quando soube que ela estaria se relacionando com um outro homem. Nem o suspeito nem as crianças haviam sido encontrados até a publicação desta matéria. Segunda se apresenta.
Antônio Martins
A quinta vítima foi identificada como Rosineide Paula Fernandes da Silva, a Naná, de 23 anos. Ela foi morta a tiros na noite deste sábado na cidade de Antônio Martins. Segundo a PM, dois homens se aproximaram em uma motocicleta e abriram fogo contra a vítima, que estava na calçada de um bar jogando baralho. Os criminosos fugiram em seguida.
Baraúna
Em Baraúna o crime aconteceu durante a madrugada deste domingo. A vítima é uma adolescente de 15 anos identificada como Helen Daiana da Silva. Ela foi achada morta na cozinha de casa. Testemunhas relataram à polícia que os assassinos chegaram ao imóvel atrás de um homem. Como não o encontraram, mataram a jovem, que provavelmente era companheira do suposto alvo dos bandidos.
1.000 assassinatos
O aumento no número de assassinatos de mulheres no Rio Grande do Norte é retrato de uma violência desenfreada que assusta os potiguares. Na manhã deste sábado (27), o estado atingiu a marca de 1.000 homicídios registrados somente este ano – o que dá uma média de 6,8 homicídios por dia.
“Uma pena. Nós não merecemos isso”, disse o especialista em gestão e políticas de segurança pública Ivenio Hermes, que também é coordenador do OBVIO. “O tratamento inadequado às causas da violência não gera um entendimento amplo do fenômeno da violência no Rio Grande do Norte, e isso se mostra nas ausências do Estado em diversas áreas que se correlacionam em políticas de segurança pública”, comentou.
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