quinta-feira, 19 de julho de 2018

Uniforme de clube do RN resgata encontro entre presidentes de Brasil e EUA na 2ª Guerra

Parnamirim Sport Clube estampa imagem histórica de Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas em Natal na parte da frente da camisa. Equipe disputa Campeonato Potiguar sub-19

Da redação com GloboEsporte.com
Por Leonardo Erys, Natal


Uma imagem colorida, pouco usual, e estampada com destaque, chamou a atenção no uniforme do Parnamirim Sport Clube, da Grande Natal, no Campeonato Potiguar sub-19 deste ano. A imagem é uma referência a uma fotografia histórica do encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, e do Brasil, Getúlio Vargas, em solo potiguar em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.

Roosevelt desembarcou em Natal no dia 28 de janeiro daquele ano para encontrar o presidente brasileiro. No ano anterior, a capital potiguar havia recebido soldados americanos por conta da sua posição geográfica, vista como estratégica na Segunda Guerra Mundial - é o local da América do Sul mais próximo da Europa e, principalmente, do Norte da África.

A cidade de Parnamirim, vizinha a Natal e onde fica o clube, serviu de local para a base aérea formada pelos americanos no Rio Grande do Norte.

- É uma homenagem. Nossa cidade ficou conhecida como 'Trampolim da Vitória' (em referência à vitória dos Aliados na Segunda Guerra) por conta desses acontecimentos, mas poucos sabem a razão. Se ninguém havia tido essa coragem de fazer uma referência à história nas camisas, eu tive - conta Alcides Carvalho, treinador do clube.

O treinador explica que a intenção daqui pra frente é contar um pouco mais da história de Parnamirim e de Natal através dos uniformes do Parnamirim Sport Clube. E que isso já tem despertado a curiosidade dos mais jovens.
















O contexto da foto se dá em meio à Segunda Guerra Mundial. Após serem atacados em Pearl Harbor pelo Japão em 1941, os Estados Unidos entram na guerra e, ao lado da União Soviética, França e Grã-Bretanha, formam os "Aliados". Uma das frentes da guerra era o Norte da África e, por isso, houve a necessidade da escolha de um local estratégico pelos EUA, que foi Natal, ponto mais próximo na América do Sul.

- Essa foto foi tirada em janeiro de 1943, quando Roosevelt deixava o Marrocos. Ele atravessou o Oceano Pacífico e veio até Natal, onde realizou com Vargas a 'Conferência do Potengi'. Às margens do rio Potengi exisitia um porto, com uma estrutura em declive, chamada de 'Rampa', onde desde 1930 havia o transporte de mercadorias, pessoas, correspondências e hidroaviões. E Vargas recepcionou Roosevelt para selar um acordo, que levaria o Brasil à Segunda Guerra Mundial - explica Bruce Lee, professor de história em Natal.

O acordo levou o Brasil à Segunda Guerra e solidificou a estadia dos norte-americanos no Brasil e nas duas cidades potiguares. A base aérea formada em Parnamirim ajudou no desenvolvimento futuro da cidade e num local que alguns anos depois se tornaria o Aeroporto Internacional Augusto Severo, o principal do Rio Grande do Norte até 2014.

- Eles selam um acordo, que vai levar inclusive à formação a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Mas, acima de tudo, uma base aérea, que é a futura 'Parnamirim Field'. Quando um time em Parnamirim escolhe aquela foto como representação esportiva, faz muito sentido, porque a cidade ganha importância histórica e se desenvolve sobretudo não apenas por causa disso, mas a partir disso, por causa da construção de um campo aéreo para os Estados Unidos atacarem o Norte da África - explica o professor Bruce Lee.

"Situação difícil"

O uniforme, no entanto, não levou sorte aos garotos. O time fechou a sua participação no estadual sem nenhum ponto marcado e na última posição do Grupo B da competição. Em quatro jogos, foram quatro derrotas, com 18 gols sofridos e apenas um marcado. Na última rodada, o time tomou 8 a 0 do América-RN.

- A situação é muito difícil no clube. Não dá para fazer futebol sem dinheiro e não temos muito apoio. Eu mesmo levo os jogadores na minha Kombi e alguns outros de carona, enquanto os outros clubes vão de ônibus. Eu mesmo pago as coisas. Embora a gente não tenha ido bem, eu tento fazer minha parte, colocando esses meninos no esporte - destaca Alcides Carvalho.

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