sábado, 20 de agosto de 2011

Crise dificulta captação de recursos por bancos

ECONOMIA

Fabio Graner,
Adriana Fernandes e
Fernando Nakagawa


Brasília (AE) - A crise internacional cria dificuldades e exige criatividade, principalmente dos bancos médios e pequenos, para a captação de recursos. O quadro, observado por fontes do mercado, é validado pelo governo. O Banco Central e o Ministério da Fazenda reforçam a "torre de observação" e estão prontos para atuar, em caso de uma evolução negativa da situação diante da possibilidade de contaminação da volatilidade do cenário global.

divulgação
Os bancos estão mais cautelosos na concessão de crédito, o que diminui a necessidade de captação

"Há hoje um mal-estar mundial que não está resolvido porque todo dia tem um problema novo no mundo. Este momento mundial nos preocupa, não só em relação aos pequenos e médios, mas também com os grandes bancos", admitiu o presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC), Renato Oliva. A ABBC é a entidade representativa das instituições bancárias de pequeno e médio portes.

Nesse ambiente de maior insegurança, Oliva explicou que as instituições começam a rever suas estratégias de atuação para captar mais recursos. Ele mencionou o exemplo do banco Sofisa, que mostrou um caminho interessante ao optar pelo esforço de vender mais CDBs de até R$ 70 mil, que contam com garantia integral do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

Segundo Oliva, essa busca por uma maior penetração no mercado de varejo é boa alternativa porque diminui a concentração de investidores, ao mesmo tempo em que fortalece as instituições. Ele explica que, por meio dessa estratégia, os bancos médios e pequenos podem dar um diferencial de rentabilidade aos aplicadores. Para o presidente da ABBC, os bancos de menor porte têm condições de fazer essa transição de modelo de captação. Afinal, também estão sendo mais cautelosos na concessão de crédito, o que diminui a necessidade de captação de recursos em mercado.

Apesar da maior dificuldade de captação dos bancos de menor porte, nenhuma instituição procurou o FGC para solicitar ajuda.

Instituições de menor porte também sofreram em 2008

A crise de 2008 criou sérias dificuldades para os bancos, em especial os de menor porte, diante do congelamento do mercado de crédito internacional. Nesse contexto, o governo agiu estimulando a compra de carteiras de créditos de bancos menores por instituições financeiras de maior porte - com destaque para os bancos públicos - e pelo FGC, que desembolsou cerca de R$ 6 bilhões. O BC também liberou os depósitos que as instituições tinham na instituição, os chamados compulsórios. Passada essa etapa, o ano de 2010 mostrava-se mais favorável para as instituições acessarem fontes de recursos. Mas aí, próximo do fim daquele ano, surgiu o problema das fraudes do banco Panamericano, que criou um mal-estar no mercado, colocando um freio nas operações de vendas de carteira, diante da falta de apetite das grandes instituições por esses produtos. A solução encontrada pelos bancos para driblar a dificuldade de vender as carteiras foi voltar ao mercado externo.

*Tribuna do Norte

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