sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Rio Grande do Norte melhora, mas não retoma liderança

Renata Moura e
Andrielle Mendes
editora e repórter de Economia


O Rio Grande do Norte, um dos terrenos mais férteis para geração de energia eólica, no país, perdeu oficialmente ontem um status que vinha mantendo nos últimos dois anos: o de líder em vendas em leilões federais, realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O estado saiu dos dois certames promovidos esta semana - o primeiro quarta-feira e o segundo ontem - com 17 projetos e 458,2 Megawatts (MW) de energia oriunda deles contratados, 23% do total que havia habilitado para as disputas. Com o resultado, ficou em segundo lugar em megawatts e em terceiro em total de projetos. A primeira posição que conquistou nos leilões de 2009 e 2010 foi abocanhada desta vez pelo Rio Grande do Sul, uma mudança que, na prática, fará o RN ter de esperar mais para viabilizar os empreendimentos e, por consequência, os investimentos e novos empregos esperados com a implantação e operação deles.

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Cavalcante, da ABEEólica: o Estado precisa superar dificuldades

Ao todo, os projetos que o estado conseguiu emplacar esta semana deverão representar R$ 1,7 bilhão em investimentos até 2014, quando deverão começar a entregar a energia vendida. No primeiro leilão, o de quarta-feira, apenas dois empreendimentos conseguiram sair vencedores. Ontem, o estado recuperou parte do fôlego e conseguiu assegurar mercado para outros 15 parques eólicos, o maior volume entre os estados participantes. Ainda com a melhora, porém, não retomou a liderança.

O que pode parecer algo distante do cidadão comum, afeta a economia do Estado. A quantidade de energia ofertada é diretamente proporcional ao dinheiro investido e à quantidade de pessoas empregadas.

Para Pedro Cavalcante, diretor da Associação Brasileira de Energia Eólica no Norte e Nordeste (ABEEólica), o desempenho esta semana, embora abaixo do esperado, não foi tão ruim. Mas ele admite que a redução do preço da energia durante a disputa - em que vence os que vendem pela menor tarifa - fez os investidores optarem por estados onde custos de logística e riscos são menores, como o Rio Grande do Sul. Problemas com estradas, ferrovias, porto, mão de obra e licenciamento no RN podem ter 'afugentado' alguns investidores. "A gente sabe que o estado precisa superar algumas dificuldades nas áreas de infraestrutura e logística", diz.

Para retomar a liderança nos próximos leilões, o RN teria de aumentar a competitividade do porto de Natal, investir em ferrovias (alternativa para o transporte de peças para montagem dos parques), estradas de rodagem, sistema de transmissão e criar centros de capacitação de mão de obra, analisa.

Para Jean Paul Prates, ex-secretário de Energia e atual diretor do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia, a partir de agora, a disputa ficará mais difícil. O Rio Grande do Sul tomou a liderança e o Ceará, terceiro colocado em energia contratada, ficou a poucos megawatts de distância. Para retomar a dianteira, diz Prates, o RN terá de aumentar o ritmo. Correr mais rápido. Com mais técnica.

O preço final da energia eólica, que já vinha preocupando investidores, ficou entre R$ 98,92 e R$101,90 o megawatt, no RN. De forma geral, caiu até 30% no Brasil - o dobro do previsto pelo setor. Com um preço tão baixo, afirma Pedro, as empresas ficam sem margem para erros e procuram estados mais 'seguros'. "Qualquer oneração pode atrapalhar a execução dos projetos", diz Prates.

Segundo o diretor da ABBEólica no Norte e Nordeste, algumas empresas simplesmente "guardaram os projetos para esperar um momento mais oportuno para investir".

Da capacidade total de nergia comercializada nos dois leilões - considerando todos os estados - 48% são de usinas movidas pelo vento.

O governo do estado emitiu nota ressaltando que apesqar dos resultados do RN, quando se considera os leilões dos últimos três anos, o estado continua como líder em energia eólica contratada.





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