Da redação
Com informações da Tribuna do Norte
O índice de motoristas autuados em Natal por dirigir sob o efeito de bebidas alcoólicas é quase o triplo da média da região Nordeste e uma vez e meia a taxa nacional: na capital do Rio Grande do Norte, 13,33% dos condutores de veículos abordados em blitze da Lei Seca apresentaram alguma concentração de álcool no sangue (CAS). A média Brasil alcançou 8,85%, enquanto o Nordeste ficou em 4,66%. Os números do RN se resumem às informações de Natal, única cidade do Estado a disponibilizar dados para o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) elaborar o “Relatório Estatístico de Segurança Viária II – Álcool” divulgado nessa quinta-feira (6).
Natal está na faixa das cidades que contabilizam a média de um veículo abordado para cada grupo de até 100 veículos da frota
Porém, mesmo com resultados não tão animadores, os números precisam ser relativizados: o RN está na lista dos estados com maior eficiência na coleta e repasse de dados para o Observatório. Natal também mereceu destaque no Relatório devido a alta proporção de testes realizados em relação à frota de veículos e em relação ao número de condutores habilitados – esses indicadores refletem o trabalho de fiscalização desenvolvido pelas polícias rodoviárias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), fiscalização, legislação e educação formam o tripé de medidas a serem adotadas para redução de acidentes. Acidentes fatais causados pela ingestão de álcool é o segundo motivo entre as ocorrências: excesso de velocidade é o motivo mais recorrente.
“Já são quase cinco anos de operações constantes da Lei Seca no RN. Em média, em meses normais, realizamos de três a quatro operações por semana”, disse o capitão Isaac Paiva, coordenador da Operação Lei Seca no Estado. “Acredito que, com todo esse trabalhado, as pessoas estão mudando de atitude; embora ainda esteja longe do ideal, mas é notória a percepção da população sobre os perigos de dirigir sob efeito de álcool e a sensação de constante fiscalização faz com que as pessoas se preocupem mais em não cometer a infração”, acrescentou. Em 2017, a Polícia Rodoviária Estadual (CPRE-RN) autuou quase quatro mil pessoas por embriaguez ao volante.
A constância das operações da Lei Seca colocam Natal na faixa das cidades que contabilizam a média de um veículo abordado para cada grupo de até 100 veículos da frota: Porto Velho tem o melhor índice nesse quesito com uma abordagem a cada 33 veículos da frota. Nessa lista ainda estão as cidades de Maceió, Recife e Macapá.
Além do Brasil, outros 24 países do mundo estabeleceram tolerância zero para o consumo de álcool associado à direção.
Uma das primeiras leis do gênero foi criada na Inglaterra em 1872, e punia com multa ou prisão condutores (de carruagens) alcoolizados. No Brasil, a primeira legislação que penaliza a associação entre álcool e direção é de 1928, e a República Tcheca proíbe qualquer índice de álcool no sangue desde 1953.
Quinto lugar
Em junho deste ano, a Lei Seca completou uma década no Brasil. No entanto, apesar dos esforços nas blitzen, foram aplicadas mais de 1,7 milhão de multas relacionadas à combinação álcool e direção ao longo desse período: nem o alto valor da multa (R$ 2.934,70) ou a possibilidade do motorista autuado perder a carteira de habilitação impediram o crescimento contínuo da quantidade de infrações.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 1,3 milhão de pessoas morrem todos os anos em decorrência de acidentes de trânsito, desse total metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas. Ainda segundo a OMS, 20% das vítimas fatais no trânsito de países desenvolvidos envolvem álcool e direção; enquanto nos países em desenvolvimento, como o Brasil, essa taxa salta para 69%.
Em 2015, com 37.306 óbitos, o País figurou em quinto lugar entre os recordistas em mortes no trânsito, atrás da China, Índia, EUA e Rússia.
Causas
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) elencou as principais causas dos acidentes com mortes nas rodoviais federais do Brasil: velocidade incompatível (21,9%); ingestão de álcool (15,6%); desobediência à sinalização (10%); ultrapassagens indevidas (9,3%); e sono (6,7%). Em 2011, o País aderiu ao programa das Nações Unidas (ONU) chamado “Década de Ação pela Segurança no Trânsito”, um pacto global que prevê a redução em 50% do número de vítimas no trânsito até 2020. De lá para cá, o Brasil registrou redução de 25% no número de mortes em acidentes automobilísticos.
Índice de autuações por testes realizados, de janeiro a julho de 2018, em Operações da Lei Seca:
Natal: 13,33% (exceto fevereiro)
Brasil: 8,85%
Norte: 15,14%
Nordeste: 4,66% (até junho)
Sudeste: 8,5% (até junho)
Sul: 10,85%
Centro-Oeste: 14,4% (exceto abril e julho)
Taxa de pessoas que admitiram dirigir depois de beber:
Natal: 36,1%
Brasil: 24%
Norte: 18,4%
Nordeste: 30,7%
Sudeste: 19,7%
Sul: 24%
Centro-Oeste: 29%
Consumo de álcool mais de uma vez por semana:
Natal: 21%
Brasil: 23%
Norte: 18,4%
Nordeste: 21%
Sudeste: 23,1%
Sul: 28%
Centro-Oeste: 26%
Idade média de início de consumo de bebias alcoólicas
Natal: 18,2
Brasil: 18,6 anos
Norte: 18 anos
Nordeste: 18,3 anos
Sudeste: 18,95 anos
Sul: 18,6 anos
Centro-Oeste: 18,8 anos
Jovens que alegam serem passageiros de condutor alcoolizado nos últimos 30 dias
Natal: 22,2%
Brasil: 26%
Norte: 23,2%
Nordeste: 25,2%
Sudeste: 26%
Sul: 26,2%
Centro-Oeste: 30,9%
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