Da redação com Agência Brasil
Por Pedro Rafael Vilela, Fernanda Cruz e Léo Rodrigues - Repórteres da Agência Brasil
Pelo menos 30 mil pessoas - de acordo com as organizadoras - participaram hoje (29), em Brasília, do ato convocado pelo coletivo "Mulheres Unidas contra Bolsonaro". Na última atualização da Polícia Militar (PM), a mobilização tinha 7 mil pessoas. O protesto foi pacífico. Além da capital federal, a manifestação ocorreu em várias cidades brasileiras e no exterior. Houve atos também em várias cidades a favor do candidato.
As manifestantes ocuparam três das cinco faixas da pista norte do Eixo Monumental, saindo da altura da Rodoviária do Plano Piloto em direção ao complexto cultural da Funarte, próximo à Torre de TV, zona central da capital do país.
A assistente administrativa Socorro Paiva vestia uma camiseta colorida, com frases contra o machismo. Para ela, o ato é uma forma de evitar que o país mergulhe no que considera um retrocesso histórico.
"Não podemos compactuar com a intolerância. Quero que meus filhos e netos cresçam em um país sem machismo e homofobia", afirmou.
As amigas Luciene de Souza e Mônica Carvalho disseram estar no ato em defesa da democracia. "Estamos lutando pela nossa democracia, mas também em defesa do respeito, da paz e do amor", afirmou Luciene.
"Esse ato também nos ajuda a ter coragem de sair e se juntar contra a intolerância. Se tem 10 mil pessoas aqui, sabemos que pelo menos outras 10 mil não vieram porque ainda estão com medo da violência, do machismo", disse Mônica.
Além de palavras de ordem contra Jair Bolsonaro, que ressaltavam a postura do candidato em relação às mulheres, à população negra e ao movimento LGBT, centenas de manifestantes portavam cartazes, camisetas e bandeiras com frases sobre a luta anti-homofobia e antirracismo.
A servidora pública Nara Kohlsdorf levou os filhos, um de 11 e outro de 9 anos. "Quero que eles vivenciem a história", afirmou. Para ela, o ato não se centra apenas em uma postura relacionada às eleições, mas expressa um movimento por direitos das mulheres. "Quando a gente se une em torno de uma agenda de igualdade, a gente é mais forte".
Incidente
Durante a marcha, um contêiner com entulho, ao lado do Eixo Monumental, pegou fogo e assustou os manifestantes. A PMDF e o Corpo de Bombeiros tiveram que interferir, desviar o trânsito e os manifestantes, para conter o incêndio. Pelo menos duas viaturas de combate a incêndio foram usadas. Não houve registro de danos materiais, nem feridos. As autoridades não souberam informar quem teria provocado o fogo.
Ainda segundo o Corpo de Bombeiros, uma mulher teve um mal súbito e foi atendida pelos socorristas, mas não chegou a ser transportada para o hospital. O incidente pode ter sido causado pelo excesso de calor. Durante a marcha, a temperatura era de de pelo menos 33 graus Celsius. Muitas pessoas usavam bonés, chapéus e até guarda-chuva para se proteger do sol forte.
São Paulo
Na capital paulista, a concentração começou às 15h no Largo da Batata, na zona oeste. A organização do ato estimou o número de participantes em 200 mil. A Polícia Militar não fez estimativa e informou que não foram registradas ocorrências relevantes.
Participaram da manifestação representantes de partidos políticos, movimentos sociais e ativistas de diversas áreas. Estiveram presentes também alas das torcidas do Corinthians e Palmeiras.
Por volta das 17h30, a passeata começou a se movimentar pela Avenida Faria Lima, em direção à Avenida Paulista. Um grupo de mulheres entoava palavras de ordem contra o candidato do PSL.
Ana Silveira, 26 anos, era uma das responsáveis pela batucada. “Faço parte do coletivo que pretende ocupar os espaços da cidades e estamos hoje pedindo liberdade e felicidade. "Ele não”, disse ela.
Joana Brandão, 38 anos, também se manifestava. "Pelos direitos das minorias, por isso protestamos”, afirmou.
Rio de Janeiro
Atividades culturais marcaram o início da concentração, às 15h, na Cinelândia, no centro do Rio. A mobilização contou a presença de homens e mulheres. No carro de som, a organização foi liderada por elas. Músicas e palavras de ordem falavam de machismo no comportamento do candidato Jair Bolsonaro e lembravam o mote o ato: "Ele não".
Da Cinelândia, as manifestantes se dirigiram para a Praça XV, também no centro da capital fluminense, onde um palco foi preparado para apresentações teatrais e shows. A analista de contas Consuelo Lardosa estava lá com a filha. "As palavras que têm sido ditas são de muita violência contra as mulheres e agridem a todas as mães que lutam e batalham por um pouco dignidade para seus filhos, em país tão difícil como o nosso. Estamos aqui, assim como outras famílias, pais com suas crianças, afinal é um movimento de paz e não de ódio", afirmou.
Para a técnica em edificações Bárbara Ribeiro, é uma possibilidade de discutir as propostas dos candidatos e mostrar como algumas delas revelam posições machistas, homofóbicas e anti-trabalhistas. "Quando você organiza um ato desse tamanho, você chama a atenção da sociedade para a importância de analisar os planos de governo. É algo sério".
A psicóloga Júlia Pierezan destacou a importância de manter a mobilização, mesmo após o primeiro turno e depois das eleições. "Antes de tudo, é uma luta a favor da democracia", disse. Embora a mobilização envolvesse jovens em sua maioria, havia representantes de todas as faixas etárias.
Uma concentração de apoiadores de Bolsonaro ocorreu na praia de Copacabana, na zona sul da cidade. Marcada para as 14h, a manifestação foi na altura do Posto 5. Pouco antes das 19h, o Centro de Operações do Rio informou, nas redes sociais, que as pistas estavam liberadas.
Edição: Graça Adjuto
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