quinta-feira, 8 de julho de 2010

Na África, Brasil abre a jornada da Copa-2014 convidando o planeta


O presidente Lula discursa no evento da Copa de 2014 em Joanesburgo (Foto: AE)

Com música, cores e alegria, Lula e Ricardo Teixeira iniciam a contagem regressiva para o próximo Mundial prometendo que será 'inesquecível'


O emblema da Copa de 2014 foi apresentado

Por Adilson Barros e Rafael Pirrho
Direto de Joanesburgo, África do Sul

Foram 45 minutos de uma prévia do que o Brasil vai mostrar ao mundo daqui a quatro anos. Nesta quinta-feira, na cidade de Joanesburgo, na África do Sul, num evento comandando pelos presidentes da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e da CBF, Ricardo Teixeira, o país abriu oficialmente a “Jornada para a Copa de 2014” com muita música, alegria, cores e com a promessa de que o próximo Mundial seja inesquecível e na esperança de deixar um legado social quando a bola parar de rolar.

A três dias da final da Copa de 2010, entre Espanha e Holanda, o Comitê Organizador da Copa de 2014 iniciou a contagem regressiva para o 20º Mundial da história. Após 36 anos, a competição retornará à América do Sul. Após 64 anos, o torneio voltará àquele que é conhecido internacionalmente como o país do futebol.

- Que o mundo se prepare para ser mais brasileiro a partir de 2014. “Brasileirar” vai ser o novo verbo proferido pelo planeta. Será inesquecível. Todos estão convidados... - disse Ricardo Teixeira.

Para animar a festa, os grupos Barbatuques, Bossa Cuca Nova e a cantora Vanessa da Mata. O simples aperitivo com ritmo e felicidade já contagiou quem estava presente no Sandton Convention Centre, na região nobre de Joanesburgo, tirando palmas e até algum requebrado dos que estavam bem acomodados nas suas poltronas.

Depois de Ricardo Teixeira foi a vez do presidente da Fifa, Joseph Blatter, subir ao palco para discursar. Suíço, ele falou misturou quatro idiomas – inglês, francês, português e até espanhol – para falar da próxima Copa. Blatter exaltou os “amigos” Lula e Teixeira e também destacou a preocupação com o que o Mundial vai deixar de herança.

- O Brasil é um país que chama a atenção do planeta. Somos capazes de lidar com as diferenças e hoje apresentamos resultados econômicos, políticos e sociais. O povo brasileiro está feliz em abrir suas portas para o mundo. Teremos 190 milhões de pessoas prontas para fazer uma grande festa, cheia de música, alegria e organização - completou Teixeira.

- Ainda não terminamos a Copa de 2010, mas já estamos no ritmo do samba de 2014. O Brasil é o país do futebol. Não há um lugar no mundo que se identifique mais com esse esporte do que o Brasil. Cinco títulos mundiais estão lá, onde o futebol é uma religião. Chegou a hora de levarmos a Copa de volta à América do Sul e ao Brasil.

Joseph Blatter lembrou de uma conversa que teve com Lula há algum tempo e quando falaram do envolvimento social que um Mundial no Brasil poderia ter.

- O presidente está aqui e sei que queria ver a sua seleção (eliminada nas quartas de final pela Holanda) na decisão. Mas futebol é assim mesmo... Hoje me recordo de quando conversamos sobre futebol e educação. Futebol é educação. Futebol é importante para o futuro dos jovens. A Copa do Mundo vai desempenhar um importante papel social e econômico para o país. Chegou a hora de vivermos um outro idioma, chegou a hora de falarmos português, brasileiro... Desejo todo sucesso ao Brasil. Até breve...

O último a falar foi o presidente Lula. Figura admirada no cenário internacional, ele abusou da sua popularidade para gastar quase três vezes mais tempo do que a organização do evento tinha planejado. Lula fez piadinhas com o alemão Franz Beckenbauer, chamou Blatter de “companheiro”, cometeu gafe, citou até o Corinthians, seu clube de coração, e fez promessas de que a Copa no Brasil será ecologicamente correta e de que haverá muita fiscalização para controlar os gastos.

- Falaram que eu tinha cinco minutos, mas democraticamente como presidente a gente pode extrapolar. Não serei mais presidente a partir de 1º de janeiro de 2011 (quando terminará o seu segundo mandato), mas continuarei brasileiro, amante do futebol e podem contar comigo para o que for necessário. Quero que a gente faça a melhor Copa do Mundo que um país já foi capaz de fazer. E tenho certeza que o Brasil será capaz disso.

Ao se dirigir a Beckenbauer, presente à festa, o presidente brasileiro fez uma brincadeira, mas acabou se confundindo com as datas. Ao citar um episódio em que o Kaiser jogou com o braço quebrado, Lula falou que tinha sido em 1966, mas foi na Copa seguinte, na semifinal de 1970.

- Depois de mim e do Pelé, o Beckenbauer foi o maior jogador do mundo.

Lula também falou diretamente com o campeões mundiais Bebeto, Romário, Cafu e Carlos Alberto Torres e com o técnico Carlos Alberto Parreira, campeão dirigindo a seleção brasileira em 1994 e que comandou a África do Sul no atual Mundial. Ao treinador, ele fez questão de lembrar do título da Copa do Brasil que Parreira ganhou no seu Corinthians.

Para encerrar, Lula prometeu deixar encaminhado um processo para que a Copa do Mundo no Brasil seja verde e transparente. Usou o exemplo positivo que foi o Mundial na África do Sul, mas espera poder ver uma competição ainda melhor.

Antes mesmo de sair do cargo, o presidente destacou que deixou pronto dois decretos para o controle dos gastos. Também enalteceu o bom momento político e econômico que a nação atravessa, com a esperança de que em 2014 tudo esteja ainda melhor.

- Daqui a quatro anos, a nossa economia terá ainda mais relevância no cenário internacional. Tudo que se gastar poderá ser acompanhado por qualquer cidadão de qualquer parte do mundo pela internet. Também faremos uma Copa verde, mostraremos as nossas florestas e uma responsabilidade de sustentabilidade ambiental. Isso será prioridade. Queremos fazer uma Copa impecável. Será uma grande oportunidade para acelerar os investimentos e para melhorar as condições.

Nos vemos em 2014...

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