sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Investimentos na UFERSA caem de R$ 52 milhões para R$ 17 em apenas quatro anos

DA REDAÇÃO COM MOSSORÓ HOJE

A redução de cerca de 70% nos investimentos na estruturação dos cursos da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), num intervalo de apenas quatro anos, é a principal preocupação dos professores, técnicos e alunos da instituição.

2013 – Foram R$ 52.101.456,00 para infraestrutura

2014 – Foram R$ 42.777.532,00 para infraestrutura

2015 – Foram R$ 24.354.625,00 milhões para infraestrutura

2016 – Previsão de R$ 17.342.132,00 para infraestrutura

Entre as razões para tanta preocupação dos técnicos, assim como dos docentes e dicentes, está a possibilidade de inviabilização de cursos já em andamento, como as engenharias, e também de novos cursos de medicina para Mossoró e Assu. Havia uma projeção de R$ 55 milhões para o curso de medicina e só virão R$ 5 milhões.

O ex-reitor Josivan Barbosa explica que a implantação dos cursos é feita por etapas. Tem o processo de criação, contratação de professores, técnicos, construção do prédio, instalação de bibliotecas, laboratórios e a implantação de centros tecnológicos em cada região.

Realizando estes investimentos, Josivan Barbosa disse que os cursos são consolidados. Porém de 2013 para os dias atuais, o quadro tem sido de estagnação na estruturação dos cursos. Quem afirma isto é o professor Manoel Quirino da Silva Junior, de Engenharia Mecânica.
(Campus de Pau dos Ferros)
Após a transformação da Escola de Agronomia de Mossoró em UFERSA, teve início o processo de implantação dos cursos. No início eram pouco mais de 700 alunos e hoje a universidade se aproxima de um universo de 11 mil estudantes nos quatros Campi.

Atualmente, são 622 professores e mais de 600 técnicos administrativos que compõem os quadros da UFERSA. Existe ainda uma gama de serviços terceirizados. A UFERSA é fundamental na economia da região Oeste do Rio Grande do Norte. Os números provam isto.

O custo anual da UFERSA para o Governo Federal (valor que é injetado na economia regional através da instituição) em 2013 era de R$ 181.940.753,00. Com o ingresso de novos professores e novos técnicos subiu para R$ 224.860.768,00 em 2015.

“Preocupa demais”, diz o professor Manoel Querino da Silva Junior, se referindo a possibilidade dos cursos já em processo de implantação serem prejudicados e a redução drástica nos investimentos, que viriam a consolidar laboratórios, bibliotecas, restaurantes e residências universitárias.

O MOSSORO HOJE teve acesso a documentos que indicam dificuldades na gestão e planejamento para garantir a continuidade dos investimentos nos cursos oferecidos nos Campis de Mossoró, Caraúbas, Angicos e Pau dos Ferros.

“Temos que ver, nestes documentos, como chegou a este quadro? Como a gestão permitiu que isto acontecesse? Eu vi em vários momentos que existia possibilidade de se adotar medidas para ser menos danoso esta redução drástica nos investimentos”, destaca Manoel Querino (foto).

“Não só os novos cursos estão ameaçados”, acrescenta o professor. Ele cita comprometimento real na consolidação dos cursos já existentes. Principalmente nos campis. "Os cursos de engenharia civil podem fechar. Temos dificuldades para a sede se consolidar, imaginem nos campi”, diz.

Para o professor, faltou habilidade política e administrativa do atual reitor José de Arimatea Matos para não deixar cair os investimentos na consolidação dos cursos, como não caíram nas universidades federais de Minas Geral, Bahia, Pernambuco, Ceará e também do RN.

A professora Ionar Santos Araújo Holanda, do curso de biotecnologia, concorda com as colocações do colega Manoel Quirino e destaca que os professores e técnicos, unidos com os alunos, precisam e vão se mobilizar no início de 2016 para reverter este quadro.

Ionar Holanda lembra que além do que já citou Manoel Quirino, a atual gestão da UFERSA não alinhou os cursos da UFERSA com o Ministério da Educação, o que segundo ela, gera enormes prejuízos na captação de recursos para manter estes cursos funcionando bem.

“Precisa ter melhor planejamento para captar recursos, precisa alinhar os cursos com o MEC, precisa entrar no Plano Nacional de Ensino”, diz Ionar Holanda.

O MOSSORO HOJE também conversou com professores que dizem que a queda nos investimentos não está diretamente relacionada ao planejamento e habilidade política para conseguir mais recursos. O professor Tadeu Brandão disse que a redução tem relação com a crise no Governo Federal, com os cortes nos recursos repassados as universidades em todo o país.
(Campus Angicos)
“A queda dos investimentos é geral em todas as UFES. O quadro de crise "justificou" os cortes que atingem investimentos, ampliação futura e estrutura. O quadro é preocupante e foi denunciado na greve docente de 2015”, escreveu Tadeu Brandão.

Brandão acrescentou que não acredita que os cursos venham a fechar em função na queda dos investimentos. Lembra que a situação na década de 90 era pior e os cursos se mantiveram e espera que a presidenta Dilma Rousseff adote o lema: “Pátria Educadora”.

“Acredito que a própria extensão dos campi só pode se realizar efetivamente com recursos. Mas, os cursos em si podem se materializar. Passei pela UFRN nos anos 1990 e naquele nível de crise nunca chegaremos. O governo Dilma Rousseff tem que abraçar seu lema "Pátria Educadora" ou então abandoná-lo de vez. As Universidades e seus gestores fazem o que podem”.

Já professora Ludimila Oliveira não compactua com o pensamento de Brandão e concorda com as opiniões e as preocupações dos professores Manoel Querino e Ionar Holanda. Ela disse que a governança dentro da UFERSA é confusa. Ludimila mostra-se muito preocupada com o quadro administrativo da UFERSA e com a falta de investimentos por parte do Governo, que seria uma consequencia da falta de habilidade politica e de planejamento da atual gestão.

“Temos que consultar a experiência de outros dirigentes, os professores e também a comunidade em geral. Precisamos sim conversar e agregar opiniões”. Estas e outras colocações da professora Ludimila Oliveira em video.

 
Outro lado

O MOSSORO HOJE buscou um contato com o reitor José de Arimatea Matos para comentar as colocações dos professores quanto ao futuro dos cursos com a queda nos investimentos e também sobre as críticas a sua gestão. No entanto, até a publicação dessa matéria não obteve êxito nas tentativas.

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