Nova York (AE) - Apesar de dedicar a maior parte de seu discurso à política externa, a presidente Dilma Rousseff não deixou de lado os problemas internos que assolam o Brasil em discurso de abertura da 70ª assembleia geral da Organização das Nações Unidas, ao afirmar que “o governo e a sociedade brasileira não toleram e não tolerarão a corrupção”. Dilma disse ainda que “a democracia se fortalece quando a autoridade assume o limite da lei como seu próprio limite” e que “graças à plena vigência da legalidade e ao vigor das instituições democráticas, o funcionamento do Estado tem sido escrutinado de forma firme e imparcial pela justiça e por todos os poderes e organismos públicos encarregados de fiscalizar, investigar e punir desvios e crimes”.
Roberto Stuckert FilhoDilma defende confronto de ideias em ambiente de civilidade
A presidente pediu ainda parcimônia a todos em suas funções, sem excessos e sem ceder a pressões, e pedindo respeito nas críticas. “Queremos um país em que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos. Em que os juízes julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza e desligados de paixões político-partidárias, jamais transigindo com a presunção da inocência de quaisquer cidadãos”, disse.
“Queremos um país em que o confronto de ideias se dê em um ambiente de civilidade e respeito. Queremos um País em que a liberdade de imprensa seja um dos fundamentos do direito de opinião e a manifestação de posições diversas direito de todos os brasileiros”, acrescentou.
Para mostrar que não compactua com erros cometidos, a presidente avisou que, quem cometê-los, deve ser punido, obviamente, tendo garantido o seu direito de defesa. “As sanções da lei devem recair sobre todos os que praticaram atos ilícitos, respeitados o princípio do contraditório e da ampla defesa. Essas são as bases de nossa democracia e valho-me de recente manifestação do meu amigo José Mujica, ex-presidente uruguaio, que disse: ‘Esta democracia não é perfeita porque nós não somos perfeitos. Mas temos que defendê-la para melhorá-la, não para sepultá-la’”.
Dilma fez questão de lembrar que os avanços nos últimos anos foram obtidos em um ambiente de consolidação e de aprofundamento da democracia. Segundo a presidente, “a democracia brasileira se fortalece quando a autoridade assume o limite da lei como o seu próprio limite”. E emendou: “nós, os brasileiros, queremos um país em que a lei seja o limite. Muitos de nós lutamos por isso, justamente quando as leis e os direitos foram vilipendiados durante a ditadura”.
No plano da política externa, a presidente defendeu reforma da ONU para deixar o organismo internacional mais sintonizado com os dias atuais, destacou a crise dos refugiados na Europa, condenou o Estado Islâmico e pediu ainda o livre trânsito de pessoas pelo mundo. “Em um mundo onde circulam, livremente, mercadorias, capitais, informações e ideias, é absurdo impedir o livre trânsito de pessoas”, afirmou. A presidente começou seu discurso falando da necessidade de mudanças na ONU, de forma que a instituição reflita o novo equilíbrio de forças da economia mundial, com os países emergentes.
Fonte: TRIBUNA DO NORTE
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