Promotor Silvio Brito em almoço degustação da iguaria realizado em Apodi
Cézar Alves/editor
A equipe do Globo Rural está hoje em Mossoró/RN para gravar um programa especial sobre carne de jumento na culinária regional. O almoço degustação será servido para um seleto grupo de 20 pessoas numa área reservada do Hotel Villa do Oeste, em Mossoró.
A proposta de inserir carne de jumento no cardápio regional partiu do promotor de Justiça Silvio Brito, de Apodi. Nasceu numa audiência pública realizada na cidade para debater uma destinação adequada para tantos jumentos apreendidos nas rodovias estaduais e federais do RN.
Num primeiro momento, o pecurissta Eribaldi Nobre Jesus, de Apodi, aceitou receber os animais em sua propriedade. Ele já fazia isto antes com gatos, cachorros e pássaros abandonados. Só que em pouco tempo já tem cerca de 600 animais, sendo que o custo mensal de manutenção se aproxima de R$ 30 mil/mês.
Para ajudar o pecuarista Jesus, o promotor de Justiça Silvio Brito e a Justiça local decidiram por destinar recursos das multas dos processos para ajuda-lo. Para tanto, foi criado uma Associação Protetora dos Animais e, através da dela, fazer a transferência de recursos.
Mesmo assim ainda restava a questão: o que fazer com tantos jumentos? Silvio Brito disse que se tem nação que come carne de cachorro, carne de cavalo, insetor, e nem por isto estes animais entraram na lista de extinção. Pelo contrário, foram tratados com mais cuidados pela população.
Portanto, para o promotor de Justiça Silvio Brito a carne de jumento pode romper esta barreira cultural e entrar na cardápio regional. Ele disse que a carne é macia e até mais saborosa do que a carne de gado. "É tudo uma questão de preparação no tempero", explica.
E é nesta questão que a equipe de produtores do Globo Rural fez exigências. Não se trata de um simples churrasco, como foi serviço no restaurante em Apodi. São pratos especiais, preparados para um grupo seleto de provadores degustarem e opinarem na frente das câmeras.
O debate correto
Em contato com o Defato.com, o promotor de Justiça disse que o debate em si não é sobre comer ou não carne de jumento, que enfrenta forte barreira cultural e também religiosa. Silvio Brito disse que é ciente de que incluir ou não a carne de jumento no cardápio regional, como propõe, depende de outra: o mercado. Come quem quer e se não tiver quem coma, certamente não terá quem mate jumento para vender.
A questão que se deve debater, conforme o promotor Silvio Brito, é qual destinação é possível ser dada para o jumento retirado das rodovias, onde causa acidentes e mortes. "Será que alguém que está criticando até de forma desrespeitosa a degustação que estou realizando com carne de jumento já se moveu alguma vez para ajudar o Eribaldi Nobre Jesus para cuidar dos jumentos, considerando que esta pessoa quer tanto ver o jumento vivo e bem tratado?"
Ainda conforme o promotor, uma vez no cardápio regional, o jumento volta a ter valor de mercado e não mais será abandonado nas rodovias como acontece nos dias de hoje. O proprietário vai cuidar bem do animal, pois sabe que quando chegar a idade de abate, pode ter retorno financeiro.
De fato
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