sábado, 17 de janeiro de 2015

‘Mão Branca’ está de volta e vem fazendo justiça ao derrubar assaltantes na região da Grande Natal

Quatro tentativas de assalto foram frustradas por justiceiros "misteriosos" que não perdoam

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Apesar do aumento no número de PMs nas ruas e das prisões efetuadas recentemente pela polícia no início deste ano, as ações criminosas contra a população do Rio Grande do Norte seguem diariamente. Como consequência disso, os potiguares continuam reagindo diante da onda de assaltos. Apenas nos 15 primeiros dias do ano, quatro casos foram registrados e, em três deles, “justiceiros” misteriosos dispararam contra os assaltantes.

A última ocorrência aconteceu nessa quinta-feira (15), em Parnamirim, na Grande Natal. Segundo a polícia, um homem identificado apenas como “Laranjada” foi baleado, após ter praticado assalto a um mercadinho, no Parque Industrial, em Parnamirim. O suspeito estaria armado, mas teria sido seguido por alguém, que também estava com uma arma de fogo e disparou contra ele. Ainda de acordo com a PM, o jovem alvejado estava de posse do material levado do mercadinho.

Na terça-feira passada, um homem identificado apenas como “David” foi preso após assaltar uma farmácia na avenida Coronel Estevam, no bairro Dix-Sept Rosado, zona Oeste de Natal. Após a ação, o suspeito tentou se esconder em uma escola, na Avenida 7, mas foi rendido por um policial da Rocam que voltava para casa. O jovem foi espancado pelos moradores, mas acabou socorrido após a intervenção do PM.

No sábado (10), um homem foi detido depois de cometer um assalto a um mercadinho, na rua Henrique Dias, no bairro Igapó, zona Norte de Natal. Segundo informações da PM, três bandidos chegaram ao estabelecimento em duas motonetas por volta das 16h. Um entrou armado no mercado e anunciou o assalto e outros dois ficaram do lado de fora dando cobertura, mas após exigir o dinheiro do caixa e sair do local, os três foram surpreendidos por outro motoqueiro ainda não identificado que atirou. Viaturas foram acionadas para apoiar na caçada aos assaltantes, que logo conseguiram sair da escola e se esconder em outros pontos do bairro. Um dos assaltantes foi detido, mas os outros dois conseguiram escapar.

Já no dia oito de janeiro, Luiz Ivan Bezerra de Araújo, de 25 anos, foi baleado na rua Anibal Correia, em Candelária. Ele é suspeito de ter tentado assaltar um homem na saída de um restaurante, mas acabou sendo alvo de disparos de arma de fogo efetuados por uma pessoa não identificada que passava pelo local. Luiz Ivan tinha sido preso no dia 1º de dezembro passado, juntamente com a namorada, por roubo de carro e tráfico de drogas e tinha deixado a cadeia poucos dias antes de tentar assaltar a vítima em Candelária.

Para o especialista em Segurança Pública, Ivenio Hermes, que também é integrante do Conselho Estadual de Direitos Humanos, a falta de punição para os criminosos acaba fazendo com que a população se revolte com a situação e reaja dessa forma. “A nossa tendência é sermos violentos, mas somos contidos pelas leis, pelas normas sociais, e acabamos nos tornando pacíficos, buscando a paz. Mas o que está faltando é a presença do Estado, que gera impunidade. O cidadão vê os crimes acontecendo ao seu redor sem solução e isso gera medo, ódio. Quando ele tem a oportunidade, desconta tudo isso naquele suspeito que foi pego”, destacou.

Mesmo “compreendendo” o que ocorre, Ivenio lembra que essa reação da população também é considerado crime. “Existe o justiçamento coletivo, em que várias pessoas espancam o suspeito até a morte e outros que é um contra um. Às vezes a população não bate, mas assiste, apóia, não revela quem foi o suspeito, e dessa forma também está cometendo um crime”.

O Jornal de Hoje

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