O açude Castanhão chega, a cada dia do ano da seca de 2015, ao seu menor volume desde que foi inaugurado, em 2002. Ontem, o volume registrado do maior açude do Ceará alcançou 19,46% (1,3 bilhão de metros cúbicos) da capacidade (6,7 bilhões de m³). Para comparar, a parede da barragem seca tem hoje uma mancha de 25 metros de altura, marcando o ponto até onde ele já esteve cheio. Em 2009, o Castanhão chegou a sangrar. Passada meia década de estiagem no Estado, deveria haver um lago em frente às comportas do reservatório, mas o que há é um matagal e até cabras pastando. É do Castanhão que sai a água que abastece Fortaleza e Região Metropolitana.
Em tom de alerta, o administrador do Castanhão, José Ulisses de Souza, responsável no Dnocs pela liberação da água da barragem, defende que Fortaleza entre imediatamente numa escala para racionar água. Sugere que o fornecimento seja cortado pelo menos durante um dia da semana. “Tem que ser esclarecido isso para a população de Fortaleza, que é quem mais consome”, afirma.
“Não é justo”
Apesar de ser um reservatório federal, o Castanhão tem seu volume d´água monitorado pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh). O gerente regional da Cogerh para a Sub-bacia do Médio e Baixo Jaguaribe (área do que inclui o Castanhão), Francisco de Almeida Chaves, também defende o racionamento para a Capital e que seja feita uma campanha mais incisiva para evitar o desperdício, mas prefere não quantificar em que proporção a água poderia ser oferecida em Fortaleza.
Almeida diz que produtores dos perímetros irrigados abastecidos pelo Castanhão já estão sendo alertados da situação. “Todo mundo já está sendo avisado, pelas rádios locais e em reuniões, que não será mais possível liberar a água como estava sendo liberada”. E argumenta por que Fortaleza deve ser inserida nessa preocupação: “Nesses perímetros, a redução de água vai causar um problema social e econômico muito grande. Muita gente vai ficar desempregada e Fortaleza usando a água liberadamente. Isso não é justo”.
Na próxima quinta-feira, dia 2, uma reunião em Limoeiro do Norte definirá como será a distribuição da água dos principais açudes cearenses no segundo semestre de 2015. Participarão os gestores de recursos hídricos do Estado, divididos por bacia hidrográfica. De julho a dezembro é considerado o período mais preocupante justamente por ser o de meses sem chuvas no Estado. Atualmente, o nível médio de 112 reservatórios monitorados no Ceará está em 18,8%. Destes, 68 estão com volume abaixo de 9%.
Saiba mais
De Orós para Fortaleza?
Apesar de haver a interligação, por enquanto o Orós não está fornecendo água para a Capital. Segundo os gerentes da Cogerh, Francisco de Almeida Chaves (Baixo e Médio Jaguaribe) e Mardônio Mapurunga (Alto Jaguaribe), o açude servirá de “reserva técnica” para 2016, em caso de agravamento maior.
Aporte irrisório
Por dia, em média, o Orós perde cerca de 2 centímetros de água por evaporação. Em 2015, o aporte esperado era de 745 milhões de m³, mas a chuva só garantiu 47,4 milhões de m³.
Fonte: O Povo
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