Da redação
Com informações da Tribuna do Norte
Os parâmetros que determinam a incidência de um bom inverno no próximo ano, na região do semiárido do Nordeste, estão evoluindo. O Centro de Previsões Climáticas dos EUA atualizou, esta semana sua probabilidade para o La Niña — passou de 73% para algo acima de 80%, em apenas um mês. A evolução amplia as chances de acerto dos institutos de meteorologia, que há dois meses mantém o prognóstico de uma estação chuvosa de normal a acima da média no Rio Grande do Norte.
Dos 47 principais reservatórios do RN com mais de 5 milhões de m³, monitorados pelo Igarn, 15 estão secos, entre eles, o Itans em Caicó
La Niña é um fator determinante à interrupção dos seis anos de seca, e que tem como principais efeitos o desabastecimento humano, o comprometimento dos principais reservatórios do Estado, e a morte de animais. Consequências que, segundo o Governo do Estado em relatório remetido ao Ministério da Integração Nacional, resulta em prejuízos monetários da ordem de R$ 4 bilhões nesses seis anos de estiagem. O setor agropecuário, correspondente a uma queda de receita de 72.30% na agricultura e de 27,70% na atividade pesqueira, o que representa uma redução superior a 50% na contribuição do setor rural para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Norte.
O fenômeno La Niña ganhou bastante força no último mês, e as previsões do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) indicam a persistência do fenômeno durante o inverno no hemisfério Norte - verão no hemisfério Sul - e, na sequência, a volta de um padrão de neutralidade climática, durante a primavera no Norte - outono no Sul.
O serviço australiano de meteorologia, Bureau of Meteorology (BOM na sigla em inglês), já havia afirmado no início do mês que o La Niña estava estabelecido e que seria um evento fraco e de curta duração, persistindo até o início do outono de 2018 no hemisfério Sul.
Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro antecedem o período chuvoso principal no semiárido potiguar. É a chamada pré-estação chuvosa. Os sistemas meteorológicos que costumam atuar durante essa época — vórtices ciclônicos de ar superior, frentes frias e linhas de instabilidade — são considerados de baixa previsibilidade. Por causa dessa dificuldade na previsão a longo prazo, as informações sobre ocorrência de chuvas serão analisadas semanalmente, segundo informou nessa sexta-feira (15), a Emparn.
Pré-estação chuvosa
Nesta segunda quinzena de dezembro, a presença de instabilidades deve ocasionar chuvas em todas as regiões do Rio Grande do Norte, com intensidade variando entre 10mm e 40mm. Em janeiro, a climatologia mostra um aumento de precipitações, principalmente nas regiões Oeste e Seridó, com valores que variam entre 20mm e 80mm. Para fevereiro, as chuvas apresentam acumulados maiores nas regiões Oeste, Vale do Açú e Seridó Ocidental, com valores acima de 100mm.
Gilmar Bristot prevê chuvas em várias regiões do RN a partir da segunda quinzena deste mês
“Para o período chuvoso de 2018, que deverá começar entre o fim de fevereiro e início de março, as primeiras análises mostram que existe uma forte tendência de chuvas próximas da normalidade climatológica, com índices variando entre 800mm e 1000mm, no total, dependendo da região”, afirma Gilmar Bristot, chefe da Unidade Instrumental de Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn).
O inverno do próximo ano, para o semiárido do Nordeste, deve ser mesmo o melhor desde 2012, quando começou um dos maiores períodos de estiagem no Rio Grande do Norte. Luiz Carlos Baldicero Molion, meteorologista e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), defende a tese do fim da sequência de anos com chuvas escassas e início de um período que vai até 2026 sem ocorrência de seca severa. La Niña será, segundo ele, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE em novembro deste ano, o principal fator que influência para os anos de 2018 e 2019.
A Emparn prevê incidência de chuvas em várias regiões do Estado a partir da segunda quinzena deste mês. Mas ressalta que não é, por enquanto, sinal de bom inverno. A equação que define o comportamento do clima é bem complexa e envolve diversos fatores. A única certeza, segundo Gilmar Bristot, é que “o inverno não será suficiente para recarga plena dos grandes reservatórios do Estado”.
A crise hídrica reduziu em 87,8% as reservas de água no Rio Grande do Norte — um total de 4,4 bilhões de metros cúbicos de capacidade total de armazenamento, e que restam aproximadamente 530 milhões de m³ (12,20% da capacidade total). O cálculo é feito a partir da relação do nível atual, com a capacidade total verificada nos 47 principais reservatórios com mais de 5 milhões de m³ monitorados pelo Instituto de Gestão das Águas do RN (Igarn). Há, no Estado, 15 cidades em situação de colapso do abastecimento d'água.
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