Morto em 2010, radialista tinha 46 anos e trabalhava na rádio Caicó AM.
Da Redação com G1 RN
por Anderson Barbosa
O ex-pastor Evangélico Gilson Neudo Soares do Amaral, acusado de ser um dos mentores do assassinato do radialista caicoense Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, morto a tiros no dia 18 de outubro de 2010, vai a júri popular nesta segunda-feira (4). O julgamento chegou a ser marcado para o dia 16 de março, mas foi reagendado porque a defesa do réu avisou que não poderia comparecer.
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O início do júri está previsto para as 9h no Fórum Municipal Amaro Cavalcanti, que fica no Complexo Judiciário Maynard, localizado na Av. Dom Adelino, no Centro de Caicó. O defensor público Serjano Marcos Torquato Vale, que atualmente exerce suas funções no Fórum Varela Barca, na Zona Norte de Natal, é quem vai fazer a defesa do ex-pastor.
A acusação
Segundo o Ministério Público, Gilson Neudo Soares fez parte de um ‘consórcio’ de pessoas que se uniram com um propósito: eliminar o comunicador. Além do ex-pastor, também foram denunciados o mototaxista João Francisco dos Santos, mais conhecido como 'Dão', o comerciante Lailson Lopes, chamado de 'Gordo da Rodoviária', o advogado Rivaldo Dantas de Farias, o tenente-coronel da PM Marcos Antônio de Jesus Moreira e o soldado da PM Evandro Medeiros.
João Francisco dos Santos e Lailson Lopes já foram julgados. Dão, o assassino confesso, admitiu ter puxado o gatilho. Como autor material do crime, o mototaxista foi condenado a 27 de prisão em regime fechado. A defesa não recorreu da decisão. O julgamento aconteceu no dia 6 de agosto de 2013. Ele cumpre pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal. Alcaçuz é a maior unidade prisional do estado.
Já o Gordo da Rodoviária, julgado no dia 12 de abril de 2014, pegou 14 anos de prisão. Os advogados dele recorreram da sentença e um novo julgamento será realizado em data ainda a ser definida. No dia 31 de março a Justiça concedeu relaxamento de prisão e Lailson foi solto para aguardar o novo julgamento em liberdade. Ele deve comparecer perante a autoridade sempre que intimado, não mudar de residência sem prévia permissão, não se ausentar por mais de 8 dias de sua residência sem comunicar ao juiz o lugar onde poderá ser encontrado e ainda deve comparecer diariamente à Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão, para assinar livro de presença.
O advogado Rivaldo Dantas de Farias, também denunciado como mandante do crime - e igualmente sentenciado a ir para o banco dos réus - aguarda em liberdade. Ele espera que a Justiça defina uma data para o júri popular.
Quanto ao tenente-coronel Moreira e o soldado Evandro, ambos não foram pronunciados e, consequentemente, acabaram excluídos do processo. Ou seja, não são mais acusados de participação no crime.
Entenda o caso
Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, tinha 46 anos e trabalhava na rádio Caicó AM.Foi assassinado na noite de 18 de outubro de 2010, deixando mulher e três filhos. Ele foi atingido por três tiros de revólver na calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, em Caicó. Vizinhos ainda o socorreram ao Hospital Regional de Caicó, mas F. Gomes não resistiu aos ferimentos.
Segundo inquérito, concluído pela delegada Sheila Freitas, a execução do radialista foi encomendada por R$ 10 mil. Contudo, R$ 8 mil foram pagos. “Três mil foram pagos pelo pastor para que Dão pudesse fugir”, disse ela, revelando que o dinheiro pertencia à igreja onde o o ex-pastor Gilson Neudo pregava. O restante teria sido pago pelo tenente-coronel Moreira, "que juntou o dinheiro após vender um triciclo", acrescentou Sheila. O dinheiro foi rastreado com a quebra do sigilo telefônico e bancário dos investigados.
Além de ser apontado como o principal financiador do crime, o tenente-coronel Moreira também teria razões suficientes para querer se vingar de F. Gomes. O promotor Geraldo Rufino considera que as denúncias feitas com frequência pelo radialista levaram ao afastamento do oficial quando este dirigiu, em meados de 2010, a Penitenciária Estadual do Seridó, o Pereirão. As denúncias, enfocando desmandos e atos do militar à frente da unidade, foram tão graves que levaram o Ministério Público a instaurar uma investigação contra Moreira.
Outro acusado que teve participação decisiva na articulação do crime, ainda segundo a delegada, foi o advogado Rivaldo Dantas, considerado o principal elo de ligação entre os envolvidos. “O advogado foi o elo entre o Gordo da Rodoviária, o pastor e o mototaxista Dão, além de também ter forte amizade com o tenente-coronel Moreira. A partir daí, eles resolveram matar F. Gomes”, afirmou.
Ainda de acordo com Sheila, foi também pela forte influência e domínio que Rivaldo tinha sobre Dão que o mototaxista foi contratado para executar o serviço. “Dão é um sociopata. Para ele, matar é a coisa mais comum do mundo. Ele viu a mãe se morta pelo padrasto quando criança. Daí essa frieza dele”, emendou a delegada.
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