Por Mariana Ceci - Repórter
Após 48h ocupando o prédio da Secretaria do Estado de Planejamento e Finanças (Seplan), os servidores grevistas da saúde e professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) foram expulsos pelo batalhão de Choque da Polícia Militar sob bombas de gás lacrimogêneo. A ordem judicial de reintegração de posse da Seplan, que foi emitida pelo juiz Bruno Lacerda Bezerra, da 3ª Vara da Fazenda Pública, chegou durante a tarde, e determinava que os servidores teriam até 17h10 para deixar o prédio. Após serem notificados pelo oficial de justiça, no entanto, os servidores decidiram em assembleia que não desocupariam o prédio, por não ter havido qualquer tipo de negociação por parte do Governo. Por volta das 18h, o Choque entrou no prédio pelo andar superior, já atirando bombas de gás lacrimogêneo contra os que estavam no local. A equipe de reportagem da TRIBUNA DO NORTE estava no local e acompanhou todo processo de reintegração.
Servidores grevistas foram forçados a sair das dependências da Seplan pelo BPChoque, que usou bombas de gás lacrimogêneo
Os servidores se dispersaram e deixaram o prédio, mas os policiais militares continuaram jogando bombas nos grevistas, mesmo quando eles já estavam na parte externa do local. Ao menos quatro bombas de gás lacrimogêneo foram lançadas contra os servidores do lado de fora. A ocupação, que teve início na última quarta-feira, visava pressionar o Governo para estabelecer um calendário fixo de pagamento para o funcionalismo público, que há 22 meses recebe os salários em atraso.
Essa não foi a primeira tentativa de pressionar o governador por parte do movimento, nem a primeira vez que a força policial é usada contra os grevistas: desde o dia 13 de novembro, quando teve início a greve da saúde, os servidores acampam em frente à Governadoria. No mesmo dia, eles tentaram entrar no prédio para falar com o governador Robinson Faria, e foram recebidos com spray de pimenta pelos policias que faziam a segurança do local.
Sem avanço nas negociações com o Governo, os servidores optaram por ocupar também a sede da Seplan. Ao longo da ocupação, políticos como a senadora Fátima Bezerra (PT), o deputado estadual Fernando Mineiro (PT), a vereadora Natalia Bonavides (PT) e o vereador Sandro Pimentel (PSOL) estiveram presentes no local e tentaram mediar o diálogo entre Governo e servidores. Também esteve presente o conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RN), Dijosete Veríssimo, que afirmou que a Ordem estava disposta para contribuir para que os servidores alcançassem seu objetivo de negociação na greve.
Nenhuma dessas partes, no entanto, conseguiu chegar a um acordo, e além de não haver perspectiva para o estabelecimento de um calendário de pagamento para os servidores estaduais, não há datas definidas para a realização do pagamento daqueles funcionários que recebem acima de R$ 2 mil. Diante deste fato, ainda não se sabe quais serão os próximos passos do movimento grevista que, de acordo com os manifestantes presentes na Seplan, deverá realizar outras ações de pressão contra o Governo nos próximos dias. Além dos professores da UERN e servidores da saúde, funcionários do Departamento Estadual de Trânsito, que compõe a administração indireta do Governo, também estão de greve, apesar de não estarem participando da ocupação da Secretaria de Planejamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário