Por Yuno Silva - Repórter
O índice de habitantes vivendo abaixo da linha de pobreza extrema no Rio Grande do Norte alcançou, no final do ano passado, a taxa de 11,3% - – variação de 18,45% em relação a 2016. Em número absolutos, são 398 mil potiguares tentando sobreviver com uma renda per capita de até R$ 137 reais por mês Ainda de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgados dia 11 de abril pelo IBGE, o crescimento da miséria na Região Metropolitana de Natal deu um salto de 129,41%, enquanto que em municípios do interior do RN foi verificado um aumento de 5,96%. O contingente de miseráveis em Natal subiu de 34 mil (3,9% da população) em 2016 para 78 mil pessoas (8,8%) em 2017.
O economista Aldemir Freire, que fez os levantamentos, afirma que “os números só vão melhorar com a reação do emprego formal”
No Brasil, nesse mesmo período, o número passou de 13,34 milhões para 14,83 milhões de pessoas em condições de extrema pobreza, sendo que 55% (ou 8,16 milhões) delas estão na região Nordeste. A taxa média nacional cresceu 11,2%, enquanto que, no Rio Grande do Norte, a variação da taxa entre 2016 e 2017 foi de 16,49%.
Especialistas atribuem o resultado negativo a fatores como desemprego, precarização das relações trabalhistas e informalidade; e retração em segmentos como construção civil, comércio e serviços. “O reflexo direto dessa situação vemos todos os dias nos cruzamentos da cidade, com o aumento de pedintes e de vendedores nos sinais de trânsito”, disse o economista Aldemir Freire, que fez o levantamento em parceria com Damião Ernane. Para os especialistas, “os números só vão melhorar com a reação do emprego formal”.
Aldemir informou que o foco na análise dos microdados disponibilizados pela PNAD Contínua, do IBGE, serviu para detalhar o avanço da miséria no RN. “O que mais impressionou foi a taxa de crescimento da condição de pobreza extrema na Grande Natal. Agora, nosso próximo passo é identificar se esse fenômeno também atinge outras regiões metropolitanas do Nordeste e fazer um comparativo”, adiantou o economista, que também irá ampliar o estudo para verificar “o índice de crescimento da riqueza entre a parcela mais abastada (1%) da população”.
O cálculo do valor per capita que determina os limites da linha de pobreza extrema, chamada pelo Banco Mundial de PPC (Paridade do Poder de Compra) para consumo privado, está ancorado no mínimo diário de U$ 1,90 per capita estipulado em 2011. “Atualizamos esse valor base a partir do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado no período”, explicou Aldemir Freire, frisando que a linha de pobreza extrema no Brasil saiu de R$ 133 por mês per capita em 2016, para R$ 137.
Números
Extrema pobreza
População (1.000 pessoas) vivendo abaixo da linha de pobreza extrema e taxa no RN
2016
RN 336 (9,7%)
Capital 34 (3,9%)
Interior 302 (11,6%)
2017
398 (11,3%)
78 (8,8%)
380 (12,2%)
16,49% foi o crescimento da taxa de miséria no RN entre 2016 e 2017; a média nacional foi 11,2%;
R$ 137 reais é o valor mensal per capita que serve como base em 2017 para delimitar a condição de miséria no Brasil;
129,41% foi o índice de aumento entre 2016 e 2017 de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza extrema em Natal;
14,83 milhões de brasileiros estão abaixo da linha de pobreza extrema no Brasil (IBGE/2017); 8,16 milhões de pessoas (55%) moram na região Nordeste.
Elaboração dos dados: Aldemir Freire e Damião Ernani com Microdados da PNAD Contínua/IBGE
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