quinta-feira, 21 de abril de 2011

Flu contraria a matemática mais uma vez e se classifica na Libertadores

Tricolor derrota o Argentinos Juniors por 4 a 2, na Argentina, com gol de Fred, de pênalti, aos 43 do segundo tempo, e avança às oitavas de final



por Edgard Maciel de Sá

"A verdade incontestável é que ninguém ganha da forma como nós ganhamos. As vitórias dos outros são simples, quase sem graça (...) As nossas são cardíacas. As dos outros são previsíveis, esquecidas ao apito do primeiro jogo do próximo campeonato, as nossas são inesquecíveis (...) Vão da extrema falta de perspectiva, do máximo sofrimento, da crueldade, ao êxtase, ao épico, ao apoteótico. Tudo junto, quase sem fronteiras entre esses opostos". O texto do dramaturgo tricolor Nelson Rodrigues não poderia descrever melhor a classificação heróica do Fluminense na noite desta quarta-feira, no Estádio Diego Armando Maradona, em Buenos Aires, na Argentina.

O Tricolor correu, lutou e brigou, literalmente, até o fim pela sua classificação para as oitavas de final da Libertadores. E mais uma vez, mostrou que nada é impossível - inclusive ter um pênalti marcado a seu favor, contra os donos da casa, no fim da partida. Em uma de suas melhores atuações no ano, o clube das Laranjeiras derrotou o Argentinos Juniors por 4 a 2 e avançou para as oitavas de final na segunda colocação do Grupo 3, com oito pontos ganhos. A nota triste foi a briga generalizada após a partida.

Contrariando a matemática outra vez, o time de guerreiros mantém vivo sonho de conquistar a América. Na outra partida do grupo, Nacional-URU e América-MEX empataram por 0 a 0 em Montevidéu. Agora, o Tricolor encara o Libertad-PAR, e o primeiro jogo será na próxima quarta-feira, dia 27, no Engenhão.

Mas o clube das Laranjeiras não terá muito tempo para festejar. No domingo, enfrenta o Flamengo, às 16h (de Brasília), no mesmo estádio, pela semifinal da Taça Rio.

Domínio, muitas oportunidades e dois gols

A missão já era complicada. O Fluminense precisava vencer o Argentinos Juniors, fora de casa, e ainda torcer por uma derrota do Nacional-URU diante do América-MEX, em Montevidéu. Em caso de empate, o Tricolor teria de triunfar por dois gols para chegar às oitavas. Momentos antes da decisão, o afastamento de Emerson por indisciplina parecia ser o ponto final de uma participação apagada do atual campeão brasileiro na principal competição sul-americana. A torcida tricolor até xingou o atacante no momento em que o time entrou em campo. Mas ainda faltavam 90 minutos e, quando a bola rolou, os guerreiros mostraram que não desistiriam assim tão facilmente.

Com Rafael Moura formando o ataque titular com Fred, o Fluminense se postava bem no campo de defesa e sempre saía com perigo e objetividade para o ataque. Mais recuado, Valencia formava com Gum e Edinho uma linha de três zagueiros. O domínio do meio-campo dava ao Tricolor total controle sobre a partida. E as chances não demoraram a aparecer. Enquanto o Argentinos Junios só tinha finalizado uma vez ao gol de Ricardo Berna, o clube das Laranjeiras já tinha criado três oportunidades para marcar, com Rafael Moura, Conca, em cobrança de falta e Mariano. Na melhor chance, Fred acertou a trave direita.

Tentando se impor na base da violência, os donos da casa abusavam das faltas duras. Neste momento, um filme passava na cabeça dos cerca de 800 tricolores que foram até a Argentina para incentivar o time. Em Montevidéu, há duas semanas, diante do Nacional-URU, o Fluminense apresentou uma incrivel superioidade na etapa inicial. Mas saiu derrotado por 2 a 0. Dessa vez, porém, o gol saiu logo. Após linda jogada com Marquinho pela esquerda, Julio Cesar saiu na frente de Navarro e apenas deslocou o goleiro para abrir o placar: 1 a 0, aos 17 minutos.

Julio Cesar comemora o primeiro gol do Fluminense contra o Argentino Juniors (Foto: AP)

A festa da torcida brasileira durou apenas oito minutos. Após cruzamento na área, Berna ficou com a bola, mas o juiz Wilmar Roldán marcou pênalti alegando que Gum agarrou Salcedo. O zagueiro do Fluminense não reclamou. Na cobrança, o próprio Salcedo deslocou o goleiro tricolor para empatar.

O jogo tinha a cara da Libertadores: brigado, corrido e muito catimbado. Ao tentar cobrar um lateral, Mariano foi atingido por algum objeto atirado pela torcida argentina. Enquanto o jogador reclamava com a arbitragem e demorava a reiniciar a partida, os torcedores do Argentinos Juniors, enlouquecidos, se penduravam na grande que fica a cerca de dois metros do gramado e o xingavam de tudo que era possível. Fred, então, tratou de dar mais motivos para os donos da casa ficarem nervosos. Aos 39, o artilheiro soltou a bomba em cobrança de falta da intermediária e contou com a falha de Navarro para deixar o Tricolor novamente em vantagem.

Em desvantagem, o time da casa partiu para o ataque. E até teve duas boas chances. No último lance da etapa, o baixinho Niell, de apenas 1,63m, que marcou dois gols de cabeça na partida no Engenhão, tentou uma bicicleta da entrada da área e acertou a trave de Berna. A vantagem de um gol ainda não era suficiente para classificar o Fluminense, já que, em Montevidéu, Nacional-URU e América-MEX empatavam por 0 a 0.

Pênalti, gol, briga e milagre

O time argentino voltou do vestiário mais ofensivo: Troglio tirou o zagueiro Tórren e colocou o atacante Oberman em campo. Mas quem teve a primeira chance foi o Fluminense: Fred ajeitou de peito para Marquinho dentro da área e o apoiador foi deslocado na hora do chute, que acabou defendido por Navarro. O árbitro mandou o jogo seguir e deu apenas escanteio. Mesmo melhor na partida, o Tricolor acabou castigado aos nove minutos. Oberman, que tinha acabado de entrar, aproveitou um rebote na entrada da área e chutou. A bola desviou em Valencia e matou Ricardo Berna, que nada pode fazer: 2 a 2.

O gol abateu o time tricolor. O Argentinos Juniors podiam não criar grandes chances, mas passaram a ter o domínio da partida. Nervoso, o Fluminense via o time da casa rondar sua área. Até que aos 22 minutos foi a vez da sorte mudar de lado. Marquinho cobrou escanteio, Valencia cabeceou e Navarro espalmou. A bola sobrou para Rafael Moura com o goleiro caído à sua frente: 3 a 2 no placar e esperança renovada.

Jogadores do Fluminense fazem a festa no gramado do Diego Armando Maradona (Foto: Agência Photocâmera)

Na área reservada aos visitantes, os tricolores começaram a cantar 'A benção João de Deus'. E Fred quase foi abençoado. Após cruzamento da direita, o camisa 9 ganhou no jogo de corpo e emendou um voleio para linda defesa de Navarro. Quando o cronômetro marcava 41 minutos, a partida entre Nacional-URU e América-MEX terminou empatada. Faltava uum só gol.

Mas João de Deus definitivamente estava na Argentina nesta quarta-feira. E ele viu Araújo lançar Edinho na área. O volante tentou driblar o goleiro Navarro e foi ao chão, em lance que o árbitro colombiano Wilmar Roldán interpretou como pênalti. Milagre. Fred pegou a bola. Chamou a responsabilidade. E não decepcionou a massa tricolor em Buenos Aires, no Rio e por todo o mundo. Com uma cobrança perfeita, no ângulo direito, ele decretou a classificação para as oitavas. Mais uma vez, o Fluminense contraria a matématica, pois avançou mesmo com apenas 8% de chances.

No fim, os argentinos mostraram que não sabem perder e partiram para a briga. A atitude contrariou a própria torcida, que aplaudiu a heroica classificação do Fluminense. Afinal, para o time de guerreiros, nada é impossível

Na área reservada aos visitantes, os tricolores começaram a cantar 'A benção João de Deus'. E Fred quase foi abençoado. Após cruzamento da direita, o camisa 9 ganhou no jogo de corpo e emendou um voleio para linda defesa de Navarro. Quando o cronômetro marcava 41 minutos, a partida entre Nacional-URU e América-MEX terminou empatada. Faltava uum só gol.

Mas João de Deus definitivamente estava na Argentina nesta quarta-feira. E ele viu Araújo lançar Edinho na área. O volante tentou driblar o goleiro Navarro e foi ao chão, em lance que o árbitro colombiano Wilmar Roldán interpretou como pênalti. Milagre. Fred pegou a bola. Chamou a responsabilidade. E não decepcionou a massa tricolor em Buenos Aires, no Rio e por todo o mundo. Com uma cobrança perfeita, no ângulo direito, ele decretou a classificação para as oitavas. Mais uma vez, o Fluminense contraria a matématica, pois avançou mesmo com apenas 8% de chances.

No fim, os argentinos mostraram que não sabem perder e partiram para a briga. A atitude contrariou a própria torcida, que aplaudiu a heroica classificação do Fluminense. Afinal, para o time de guerreiros, nada é impossível

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