quarta-feira, 13 de abril de 2011

Vereador é preso durante operação antimilícia no Rio; grupo teria planejado morte de deputado e chefe da polícia

Daniel Milazzo
Especial para o UOL Notícias
No Rio de Janeiro

Um vereador foi preso na manhã desta quarta-feira (13) durante uma operação da polícia do Rio de Janeiro contra as milícias. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública, o parlamentar preso é Luiz André Ferreira da Silva (PR), conhecido como "Deco" ou "O Iluminado", acusado de comandar uma milícia na zona oeste da capital fluminense. Segundo o Ministério Público, o vereador foi preso por volta das 6h na casa de um aliado, onde foram apreendidos R$ 61 mil e um cofre.

De acordo com o MP, o vereador era o principal dirigente da milícia que atuava em Jacarepaguá há pelo menos sete anos. Segundo a denúncia, o grupo empregava meios cruéis –como homicídios por meio de armas de fogo, facões e enforcamento– para se impor na região. Segundo informações que chegaram ao Disque-Denúncia em 2009, "Deco" e sua quadrilha planejaram o assassinato do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da CPI das Milícias na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, uma vereadora não identificada e a atual chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, então delegada titular da 28ª DP (Campinho).

A operação "Blecaute", iniciada hoje, está atrás de 14 suspeitos de integrarem o grupo. Entre os suspeitos também há ex-militares e guardas municipais. O pedido de prisão preventiva dos acusados de integrar o bando paramilitar foi assinado pelo Procurador-Geral de Justiça, Cláudio Lopes, e pelo Subprocurador-Geral de Justiça de Atribuição Originária Institucional e Judicial, Antonio José Campos Moreira.

A ação, realizada pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), também deve cumprir 25 mandados de busca e apreensão em diversos pontos da cidade. Segundo as investigações, a quadrilha atua em pelo menos 13 comunidades, nos bairros da Praça Seca, Campinho, Tanque e Quintino.

Além dos crimes de formação de quadrilha armada e homicídios, o grupo também é acusado de praticar tortura, ocultação de cadáver, estupros, furto de sinal de televisão e internet, controle no fornecimento de gás, prestação irregular do serviço de transporte alternativo e exploração de máquinas caça-níquel.

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) denunciou seis integrantes de uma outra milícia, que atuava na Estrada da Covanca, no bairro do Tanque, zona oeste. De acordo com o Gaeco, os milicianos promoviam "tribunais" clandestinos para executar desafetos. Segundo o MP, os seis denunciados tiveram a prisão preventiva decretada e responderão à ação penal na 1ª Vara Criminal da Capital por homicídio qualificado.

Cerca de 80 pessoas participam da operação, que tem o apoio da Subsecretaria de Inteligência, da Subprocuradoria-Geral de Justiça, do Gaeco, do Ministério Público e da Corregedoria Geral Unificada.

A reportagem ligou para o gabinete do vereador preso para comentar a detenção e recebeu a informação de que o advogado dele está se encaminhando para o local. O vereador nega as acusações.

UOL Notícias/ Cotidiano

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