segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mossoró ocupa o 28º lugar no país

Motoqueiro avança sinal vermelho: mortes preocupam.

No período de 1998 a 2008, o número de mortes ocasionadas a partir de acidentes com automóvel duplicou no país. Já, com caminhão triplicou. Com ciclistas aumentou quatro vezes no período de 1998 a 2008. E, de forma trágica, neste mesmo período analisado, destacam-se os motociclistas, o que aumentou 754%. Neste cenário trágico, Mossoró se destaca. O Estudo é do Instituto Sangari, com financiamento do Ministério da Justiça.
Com 241.645 habitantes (2008), Mossoró se destaca em 28° lugar no país e o primeiro lugar no Rio Grande do Norte em mortes de motociclistas. O município que ficou em primeiro lugar foi Picos (PI), que tem 72.477 habitantes e 31.639 veículos, dos quais 20.189 motos. Nesta cidade aconteceram 29 mortes por acidente de moto, o que corresponde a 43,8 por universo de 100 mil habitantes. O que registrou o menor índice foi Tremembé (SP), que tem 40.601 habitantes e 11.618 veículos, dos quais 2.848 motos. Nessa cidade, não foi registrado uma morte em 2008.
Em Mossoró, no período analisado, circulavam pela capital do Oeste do RN 86.362 veículos, dos quais 42.501 motos. Dos acidentes registrados durante o ano de 2008 envolvendo motos, 50 pessoas faleceram, o que corresponde a uma média de 22,5 mortes por universo de 100 mil habitantes. Atualmente, Mossoró conta 259 mil habitantes e, conforme o Detran, 102.136 veículos, dos quais 50.648 motos, sem contabilizar os veículos licenciados para cidades vizinhas que convergem para Mossoró.
Num levantamento feito pela Polícia Estadual de Trânsito de Mossoró, no mês de março foram registrados 176 acidentes com motos em Mossoró. Não houve registro de mortes. Já, no mês de abril, aconteceram 84 acidentes até o dia 15, que resultaram em quatro óbitos e dezenas de feridos. Um destes casos envolveu o frentista Eliébio Morais de Medeiros, de 24 anos, que foi atropelado e morto no cruzamento das ruas Rodrigues Alves com Ferreira Itajubá, no bairro Santo Antônio.
Já o mototaxista Everton Rodrigues, de 38 anos, está entre os que foram acidentados no mês de março e sobreviveu. Ele disse que sofreu escoriações e passou 20 dias com a perna engessada. "Parece que os motoristas são tudo doidos. Aperreados, apressados", diz o mototaxista. E conforme o coordenador do estudo, Júlio Jacobo, este crescimento anual no número de mortes de motoqueiros tende a aumentar nos próximos anos assim como o número de pedestres mortos por atropelamento tende a reduzir.

Imprudência ocasiona 99% das mortes

"A imprudência é responsável por 99% dos acidentes de trânsito." A informação é do comandante do 4° Departamento Estadual de Trânsito de Mossoró, capitão PM Maximiliano Bezerra, acrescentando o outro 1% é imperícia. Com motociclistas é o mesmo, gerando um cenário preocupante quanto à vida e também com relação aos custos com saúde pública, "que são altíssimos", informa o gerente de Cidadania Francisco Carlos, da Prefeitura de Mossoró.
Com relação ao crescimento assustador no número de acidentes de motocicletas com mortos depois de 1998, o capitão Maximiliano destacou que esse crescimento coincide com o mesmo período em que o poder aquisitivo dos brasileiros cresceu e passaram a comprar mais motos e carros. Como a cidade de Mossoró continuou com a mesma estrutura de ruas, gerou-se um cenário de guerra, com um fluxo enorme de motos disputando espaço com os carros. Mossoró, hoje, tem 259 mil habitantes, para uma frota de 102 mil veículos licenciados, dos quais 50 mil são motocicletas.
Sobre a imprudência, Maximiliano Bezerra disse que caso haja qualquer ocorrência de acidente envolvendo veículos em Mossoró, principalmente motos, o núcleo de perícia deve ser acionado imediatamente para fazer o registro pericial no local. Quando isto não acontece, geralmente quando se trata somente de danos, perde-se estes dados, prejudicando o setor de estatística do Detran, que norteia as ações que poderão salvar vida no futuro.
Entretanto, muitos dos acidentes, conforme analisa o piloto profissional Claudio Garcia, poderiam ser evitados se o motociclista observasse algumas regras básicas. "O motoqueiro precisa observar o retrovisor. É preciso entender que a moto pára 80% com o freio da roda dianteira e não com a traseira, mas é preciso saber frear a moto. É preciso que seja uma freada dosada, para a queda não ser maior e mais dolorosa", destaca.
Cláudio Garcia acrescenta também que praticamente nenhum motociclista prende o capacete corretamente na cabeça e, quando acontece o acidente, este se torna tão letal quando o próprio acidente. E se for num buraco na estrada ou lombada dentro da cidade, Claudio Garcia dá uma dica importante para se evitar a queda. "Nestas situações, o correto é acelerar. Pode parecer estranho, mas é o que deve ser feito para evitar a queda", ensina.
Apesar de o índice de morte de pedestres atropelados ter caído drasticamente, o capitão Maximiliano observa que muitos motoristas e motociclistas não respeitam a faixa de pedestres, e nem os pedestres, os direitos dos motoristas e motociclistas. "Mas estou sabendo que Mossoró já tem um plano diretor e que este mecanismo vai melhorar o quadro em Mossoró de forma significativa", destaca o comandante.

Capitão quer campanha de trânsito nas escolas
Para reduzir os índices de acidentes envolvendo motos e também carros, o capitão PM Maximiliano disse que é preciso investir em campanhas de trânsito. Ele usa o próprio estudo do Instituto Sangari para justificar sua tese. "Quando foi lançado o Código de Trânsito, houve uma campanha intensa e os acidentes reduziram drasticamente", explica.
"Nesta campanha realizada, o público-alvo foi o adulto, quando na verdade deveria ter sido o adulto e também os jovens. As pessoas não procuram conhecer as regras básicas de trânsito, e isso tem gerado muitos acidentes. Um simples hábito de observar a sinalização, ver o retrovisor ou ainda ligar a seta pode provocar tragédia", destaca.
Para enfrentar esse problema, é preciso formar o cidadão com esse fim. "Trânsito já deveria ser disciplina obrigatória nas escolas, em especial em Mossoró, que agora os estudos mostram tantas mortes acontecendo. Em pelo menos dois Estados já é disciplina obrigatória; fica a dica para os gestores municipais", sugere.
E o comandante sugere mais: diz que enquanto isto não acontece, poderia se realizar o trabalho com as escolas, cujas crianças receberiam conhecimentos teóricos, quando pequenas, de observação quando maiores, e, na fase de adolescência passariam por conhecimentos práticos, participando de blitze e, inclusive, aplicando multas.

*Jornal de Fato

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