Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Em meio a manifestações de apoio do governo e da sociedade civil direcionadas a Ana Luiza Silva de Lima, estudante de medicina que foi alvo de ofensas nas redes sociais após discursar na cerimônia de dois anos do Programa Mais Médicos, no último dia (4), a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, disse ontem que os responsáveis pelas ofensas devem ser punidos. Ana é estudante de medicina do Campus de Caicó, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Roberto StuckertA presidente Dilma Rousseff e Ana Luiza Silva: Estudante sofreu ataques na internet após cerimônia
No evento, no Palácio do Planalto, com a presença da presidente Dilma Rousseff e de ministros, a estudante falou sobre a oportunidade de acesso à educação que teve por meio de incentivos de políticas públicas do governo. Em seguida, internautas postaram comentários em sua página do Facebook em que a chamam de “médica vagabunda de pobre”, “vadia” e “ignorante”, entre outras ofensas. Em seu perfil, Ana Luiza sugere que as agressões partiram de médicos.
A ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres informou que entrou em contato com a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres do Rio Grande do Norte solicitando providências das autoridades no estado para identificar os autores das ofensas e puni-los. “Peço investigação, julgamento e punição. Quem a ofendeu tem que pagar, tem que ser investigado e tem que responder”, afirmou a ministra, em entrevista à Agência Brasil.
A estudante entrou na primeira turma de medicina do Campus de Caicó, que faz parte da política de inclusão regional no ensino de medicina. No discurso, ela relatou que não teria condições de se manter na capital do estado para cursar a universidade e, com a abertura do campus, o sonho se tornou possível.
A ministra lamentou o episódio e disse que as ofensas demonstram a dificuldade da sociedade em conviver com a diferença de posições. Ela afirmou também que os comentários demonstram preconceito de classe social e de gênero. Para Eleonora Menecucci, o ocorrido mostra ainda que as diferenças políticas estão sendo transformadas em atos de violência.
A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, condenou os ataques a Ana Luiza. “A aluna é atacada de forma machista, fascista, nas redes sociais. Hoje temos as mesmas oportunidades de estudar nas mesmas salas que os outros sempre tiveram”, afirmou Carina.
A integrante da coordenação nacional da Marcha Mundial das Mulheres, que reúne mulheres em campanha contra a pobreza e a violência, Nalu Faria, disse que o episódio é reflexo do recente crescimento do conservadorismo e da intolerância no país. Segundo ela, nesse contexto, surge o preconceito de todas formas, inclusive contra as mulheres.
“No caso das mulheres, junto com o preconceito de classe, tem o preconceito de gênero, toda essa questão do machismo. Por isso, chamam de vagabunda, muitas vezes, fazem alusão ao corpo”, ressaltou Nalu.
A presidenta Dilma Rousseff prestou solidariedade a Luiza por meio do Facebook. “Quero expressar o meu repúdio a toda forma de ódio e de intolerância contra quem quer que seja, em especial, contra essa menina nordestina, que é um exemplo de superação”, postou na rede social.
Ontem, a presidenta falou mais uma vez sobre o assunto durante discurso em cerimônia no Palácio do Planalto, lembrando que a estudante comoveu ao relatar seu sonho na área de medicina. “Essa menina fez aqui algo que comoveu. E ela saiu daqui e foi muito maltratada na internet. Maltratada da forma como a gente conhece quando se trata de mulher”, disse Dilma.
Fonte: Tribuna do Norte
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