sábado, 26 de maio de 2018

Pré-candidatos à Presidência se dividem sobre a greve

A maioria dos pré-candidatos tem preferido olhar a situação sob a perspectiva dos seus próprios discursos ou eleitorado

Da redação com Estadão
Por Gilberto Amendola, O Estado de S.Paulo

Os presidenciáveis têm evitado, até o momento, críticas diretas aos caminhoneiros e ao movimento que tem bloqueado estradas e causado interrupção no abastecimento das principais cidades do País. A maioria dos pré-candidatos tem preferido olhar a situação sob a perspectiva dos seus próprios discursos ou eleitorado.


O deputado Jair Bolsonaro (PSL), por exemplo, postou um vídeo nas suas redes sociais em que afirma “que o movimento dos caminhoneiros mostra as entranhas do poder” e “como o povo é assaltado em benefício de uma casta política”. No fim de seu discurso, contudo, ao parabenizar os caminhoneiros, Bolsonaro pediu para que eles não bloqueiem estradas, dizendo que quem está fazendo isso “são infiltrados do PT, MST e CUT”. Até o momento, não há registro de participação de nenhuma dessas entidades nos bloqueios.

Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Avila (PCdoB) manifestaram-se de maneira parecida. Os dois pediram a demissão do presidente da Petrobrás, Pedro Parente. “O que estamos vendo hoje no Brasil é resultado da política desastrosa de Temer e Pedro Parente na Petrobrás. Empresa pública tem de servir ao povo brasileiro e não para dar lucro a meia dúzia de acionistas lá fora”, escreveu Boulos em sua conta de Twitter. Manuela também culpa Parente e prega “a retomada nos investimentos no setor de óleo e gás.”


Já o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, defendeu a permanência de Parente durante palestra no IBMEC (Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais), na quinta-feira. Nesta sexta-feira, 26, Alckmin afirmou que as demandas dos caminhoneiros podem ser justas, mas não devem prejudicar o resto da população. O tucano não ataca diretamente o governo, mas diz que é preciso “autoridade” para resolver o problema.


Se Alckmin prefere não atacar diretamente Temer, Ciro Gomes (PDT) segue uma linha diferente. Na sexta-feira, após participar de um almoço com empresários do Instituto Desenvolvimento para o Varejo (IDV), na capital paulista, ele responsabilizou a política de preços da estatal pela situação que levou ao bloqueio de rodovias no Brasil. Gomes defendeu a demissão de Parente da empresa e uma mudança nas regras atuais que reajustam o preço dos combustíveis . “Política de preços no Brasil é uma fraude”, disse.


Apoio. O pré-candidato do MDB ao governo, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, colocou-se ao lado do governo. “A curto prazo, a única alternativa é seguir o acordo feito pelo governo e as entidades mais representativas dos caminhoneiros. É inaceitável que, além dos problemas graves e reais dos preços do petróleo e derivados, haja um componente político-ideológico e empresarial nessa aliança de entidades politicamente engajadas com empresas transportadoras”.


Com discurso liberal, os candidatos Flávio Rocha (PRB) e João Amoedo (Novo), identificam no livre mercado a solução para o problema envolvendo os caminhoneiros. “A solução é um choque de competição, o que leva mais eficiência e coíbe, naturalmente, a corrupção”, disse Rocha. “A solução para o setor é o aumento da concorrência, que leva a menores preços e melhores produtos”, falou Amoedo.

Já o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), afirmou que colocará em votação o projeto de regulamentação do transporte de cargas. Maia também defendeu que o governo reduza a alíquota dos dois tributos de R$ 0,46 por litro para R$ 0,29.

Já o economista responsável pelo programa do PT, Márcio Pochmann, disse que as circunstâncias da crise com os caminhoneiros “decorre de opções que foram tomadas há mais tempo”, referindo-se à adequação dos preços internos às cotações internacionais e a do congelamento dos preços, adotado no governo de Dilma Rousseff. “Acredito que precisamos trabalhar no meio termo.”

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