Caminhoneiros não fazem bloqueios na frente da Refinaria Clara Camarão, no RN, mas cargas ficam presas nas rodovias com paralisação. Postos de Natal têm estoque muito baixo de combustíveis, diz Sindipostos.
Da redação com G1 RN
Por Igor Jácome, G1 RN
Os combustíveis produzidos a apenas 140 quilômetros de Natal, na Refinaria Clara Camarão, enfrentam barreiras para chegar aos municípios potiguares, durante a greve dos caminhoneiros por redução do preço do óleo diesel. No final de semana, natalenses tiveram dificuldade de encontrar gasolina, etanol e diesel nas bombas de postos da capital. A paralisação chegou ao 8º dia nesta segunda-feira (28).
Para garantir o abastecimento dos aeroportos de Natal, Fortaleza e João Pessoa, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que está fazendo escoltas de caminhões carregados do QAV (querosene de aviação) produzido em Guamaré, na região da Costa Branca potiguar.
No final da manhã desta segunda-feira (28), a PRF negociou com manifestantes a liberação de dois caminhões de gás de cozinha que estavam presos no bloqueio da BR 406, em João Câmara. Os caminhoneiros liberaram alegando que não querem prejudicar o abastecimento total na capital. Segundo o sindicato que representa as revendedoras de gás, menos de 10% das vendas da capital têm o produto disponível. Veja vídeo:
No início da manhã do sábado (26), o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sindipostos) afirmou que 40% dos postos da capital estavam sem combustíveis. Parte dos postos foram reabastecidos de gasolina e diesel entre o sábado e o domingo (27), mas a entidade não estimou quantos postos possuíam os produtos ou não.
Nesta segunda-feira (28), o Sindispostos alertou que o estoque nos postos da capital estão baixos e suficientes para atender a demanda até esta terça-feira (29). "Talvez alguns postos tenham estoque maior, suficiente até quarta-feira", afirmou Antonio Sales, presidente da entidade.
Caminhões com gasolina e outros tipos de combustíveis também foram escoltados nos primeiros dias de paralisação, para atender a pontos mais críticos como segurança e saúde.
Na tarde do último sábado (26), houve um alívio, quando manifestantes liberaram a BR-406, na altura do município de João Câmara, e permitiram a passagem de mais de 40 caminhões-tanque, antes mesmo da chegada de equipes da Polícia Militar, Força Nacional e PRF, que iriam fazer a escolta. Foi o que permitiu o reabastecimento dos postos de Natal. A rodovia ficou liberada até a tarde deste domingo (27).
Mesmo sem bloqueio na porta da Refinaria Clara Camarão, em Guamaré, os caminhões de combustíveis são parados nas rodovias federais e estaduais que dão acesso ao ativo industrial da Petrobras. Carros da Força Nacional reforçam a segurança na entrada da refinaria.
Produção
No final de 2017, a Petrobras "rebaixou" a Clara Camarão, que era refinaria de pequeno porte, a ativo industrial da Petrobras. Na prática, segundo a Petrobras, a estrutura apenas saiu da diretoria que administra as refinarias e passou para a de exploração. Ainda assim, o pólo de Guamaré é responsável pela produção de gasolina, diesel, QAV e outros produtos derivados do petróleo que abastecem o Rio Grande do Norte e parcialmente o Ceará e a Paraíba.
Segundo dados apontados em dezembro de 2017 pela direção do pólo industrial, são produzidos em Guamaré cerca de 2 milhões de litros de gasolina por dia - o suficiente para encher os tanques de 50 mil carros. Além disso, são forneceidos em média 600 mil litros de combustível para os aviões que pousam nos aeroportos da região.
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa da Petrobras e pediu informações sobre a produção e o escoamento para distribuidoras e consumidores final durante o período de paralisação, mas ainda aguarda respostas da empresa.
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