Com informações da Tribuna do Norte
Cinco cidades do Rio Grande do Norte estão entre as 123 que concentram, em 2016, 50% das mortes violentas no Brasil, de acordo com o “Atlas da Violência 2018 – Políticas públicas e retratos dos municípios brasileiros”. São: Natal, Mossoró, Parnamirim, São Gonçalo do Amarante e Ceará-Mirim. Esse último, de acordo com a pesquisa, registrou a segunda maior taxa de mortes (129,5 homicídios), perdendo para Queimados, no Rio de Janeiro, que registrou taxa de 134,9 homicídios por 100 mil habitantes.
Natal aparece em terceiro lugar no ranking das capitais brasileiras com maiores taxas de mortes violentas do país, com 62,7 homicídios por 100 mil habitantes
Os municípios mais violentos representam 2,2% de todas as cidades do país. Segundo a Atlas da Violência, esses locais concentram, juntos, 31 mil mortes violentas em 2016. Comparando com 2015, quando 109 municípios respondiam por metade das mortes violentas no país, percebeu-se um aumento no número de cidades que respondem por essa fatia. “Isso, certamente, é parte de um processo em curso, desde meados dos anos 2000, quando tem-se observado um espraiamento do crime para cidades menores”, diz a análise dos pesquisadores.
Natal aparece em terceiro lugar no ranking das capitais com maiores taxas de mortes violentas do país. Na segunda colocação está Belém (PA), com 76,1 homicídios por 100 mil habitantes, em segundo vem Aracaju (AL) com 73 homicídios e em terceiro Natal com 62,7 homicídios por 100 mil habitantes. Em quarto lugar está Rio Branco, com 62,5 e em quinto vem Salvador, com a taxa de 57,8.
As três cidades que possuem mais de 100 mil habitantes e que concentram maiores taxas de homicídios são Natal, Mossoró e Parnamirim. Em Mossoró, no Oeste potiguar, a taxa de atendimento escolar, por 100 mil habitantes, é de 32,5 em crianças de 0 a 3 anos e 84,0 de 15 a 17 anos. A média nacional é 25,56 e 84,18, na sequência.
Em Natal, a taxa de desocupação de jovens entre 15 a 17 anos, de 36,2, está acima da média nacional, que é 29,12. Entre jovens de 18 a 24 anos, a a taxa é de 21,8, quando a nacional gira em torno de 15,80. Em Parnamirim, na região metropolitana, chama atenção a taxa de desocupação entre jovens de 15 e 17 anos, que é de 41,1, quando a média nacional é 29,12 para esse grupo.
Ceará-Mirim, município que registrou chacinas no ano passado, tem a segunda maior taxa de homicídios do Brasil: 129,5
O estudo aponta que no Brasil, há ainda o problema central da política criminal e do saneamento do sistema de execução penal, que, “fora do controle do Estado, termina arregimentando um exército de mão de obra barata para o crime organizado e desorganizado. Nos últimos dez anos, de dentro das prisões foram criadas dezenas de facções criminosas pelo país afora, sobretudo no Norte, no Nordeste e no Sul do país”.
O estudo conclui que as diferenças de desenvolvimento humano nos municípios mais e menos violentos ilustram e reforçam o "achado de inúmeros estudos que mostram a importância de investir em nossas crianças hoje para que elas não sejam os bandidos de amanhã".
Os pesquisadores avaliam que as ações devem passar, necessariamente, pelo uso mais inteligente e qualificado do sistema coercitivo para retirar de circulação e levar ao sistema de justiça criminal “homicidas contumazes, líderes de facções criminosas e criminosos que representam mais risco para a sociedade, por outro o planejamento deve ser baseado em ações intersetoriais, ações estas voltadas para a prevenção social e para o desenvolvimento infanto-juvenil em famílias e situação de vulnerabilidade”.
A pesquisa divulgada nesta sexta-feira (15) mostra os indicadores dos 309 municípios que possuíam populações acima de 100 mil habitantes em 2016. Os dados foram produzidos com base no Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde.
Ceará-Mirim
A cidade, localizada na região metropolitana de Natal, tem 72.878 habitantes, de acordo com o censo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no ano 2015. Em abril deste ano, o Ministério Público prendeu integrantes de uma milícia que atuava na cidade e em novembro de 2017 quatro pessoas foram denunciadas pela morte do sargento da PM Sidney Botelho Matos, que ocorreu em fevereiro do ano passado, seguido uma chacina, onde foram assassinadas 13 pessoas.
Taxa dos estados
Dados do Atlas da Violência divulgado em 05 de junho, mostram que o Rio Grande do Norte teve o maior crescimento no número de homicídios no Brasil entre os anos de 2006 e 2016. O aumento no período é de 307,5%, passando, em números absolutos, de 455 homicídios em 2006 para 1.854 em 2016. Somente outras três unidades federativas tiveram ritmo acima de 100%. No Brasil, o crescimento foi de 25,8%, quase 12 vezes menor comparado ao estado potiguar. O documento é elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Em números proporcionais para cada 100 mil habitantes, foram 53,4 mortes violentas no Rio Grande do Norte em 2016. O estado fica atrás somente de Sergipe (64,7) e de Alagoas (54,2). Nacionalmente, o índice também é negativo: o País atingiu uma taxa de 30,3 mortes por 100 mil habitantes pela primeira vez na história. Os estados com menor taxa foram São Paulo (10,9), Santa Catarina (14,2) e Piauí (21,8). Na década, a taxa de homicídios no RN cresceu 256,9%. Em 2006, era 14,9%.
A grande maioria das mortes foram causadas por armas de fogo. A taxa em 2016 no Brasil é de 71,1%, a mesma de 2003, mas o Rio Grande do Norte está acima da média, com 84%. A taxa do estado chega a ser maior do que a de países com El Salvador (76,9%) e Honduras (83,4%), que estão entre os mais violentos do mundo.
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