Da redação com Tribuna do Norte
Por Ricardo Araújo - Editor de Economia
Mitigados os efeitos da seca mais severa dos últimos anos, que devastou rebanhos e pastagens no Rio Grande do Norte de 2012 a meados de 2017, a produção leiteira no Estado voltou a ter números positivos. No primeiro ano da estiagem mais rigorosa desta década, em 2012, as milhares de vacas ordenhadas diariamente no Rio Grande do Norte produziram 198 milhões de litros de leite. Cinco anos depois, com o início da recomposição do rebanho e perspectivas de novos negócios, o número saltou para 239 milhões de litros do laticínio. Aumento de 20,70% no período analisado. Os números constam no Anuário Leite 2019 publicado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
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“A partir de 2017, o Governo do Estado passou a regulamentar as queijeiras artesanais, que são grandes consumidores de leite no Estado. Essa regulamentação é extremamente positiva para o produtor e para o comércio como um todo”, avalia o secretário de Estado da Agricultura, Guilherme Saldanha. Ela aponta, ainda, que a mitigação dos efeitos da seca no Rio Grande do Norte com a adoção das políticas de construção de adutoras de engate rápido e operações com carro-pipa proporcionaram uma mudança de cenário. Há, porém, lacunas a serem fechadas.
Mesmo com a ampliação da produção local, o mercado consome além do que é ofertado. O resultado disso é a necessidade de importação de leite in natura e em pó de Estados vizinhos, com maior potencial de produção. “Há, ainda, uma falta de leite no Rio Grande do Norte. Há uma importação considerável de produtos lácteos de outros Estados”, confirma Saldanha. Entretanto, ele destaca que os próprios números da Embrapa são um indicador de uma mudança de realidade local. “O aumento da produção é real. O que precisamos é incentivar ainda mais as queijeiras artesanais em todo o Rio Grande do Norte”, declara.
Produção nacional
Conforme o Anuário Leite 2019, a produção de leite brasileira foi de 33,5 bilhões de litros em 2017, sendo 35,7% oriundos da região Sul, 34,2% da Sudeste, 11,9% da Centro-Oeste, 11,6% da Nordeste e 6,5% da região Norte. Entre 2012 e 2017, o aumento da produção nacional foi de 1,2 bilhão de litros, impulsionada principalmente pelos três estados do Sul.
Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a quantidade produzida caiu e nas regiões Norte e Nordeste ocorreu pequeno crescimento no período, de acordo com os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal do IBGE (Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística).
O conjunto de Estados da região Nordeste produziu 3,89 bilhões de litros de leite, que representou 11,6% do leite nacional. Entre os Estados, os três com as maiores produções de leite foram Bahia, com 22,3%; Pernambuco, com 20,4%; e Ceará,
com 14,8%. Nos demais estados, a produção de leite em relação ao total produzido no Nordeste foi de 11,2% em Alagoas, 9,1% no Maranhão, 8,7% em Sergipe, 6,1% no Rio Grande do Norte, 5,4% na Paraíba e 1,9% no Piauí.
Observam-se duas regiões mais dedicadas ao leite no Nordeste. A primeira formada pelos Estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe; a segunda, no interior do Ceará. Sete microrregiões fizeram parte do grupo 1 e foram classificadas como as mais produtivas, localizadas no Vale do Ipanema e Garanhuns em Pernambuco; Batalha, Palmeira do Índios, Arapiraca e Traipu em Alagoas e Sergipana do Sertão de São Francisco, em Sergipe.
No Nordeste, foi necessário somar a produção de leite de 80 microrregiões para totalizar 75% da quantidade de leite produzido. É a região com a menor densidade de produção por área.
Produção de leite
Por Estados da região Nordeste, 2002/2017
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