sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Primeira advogada transexual de Mossoró, RN, recebe carteira da OAB: 'Histórico'

Maitê Ferreira, de 24 anos, se formou em direito pela Ufersa e é a segunda trans no RN a conseguir o feito.

Da redação com G1 RN
Por Leonardo Erys, G1 RN
Maitê Ferreira, de 24 anos, recebeu em suas mãos nesta quarta-feira (7) a sua carteira de advogada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em uma solenidade na cidade de Mossoró, Região Oeste potiguar. Mais do que um evento tradicional e um sonho comum, esse dia foi representativo para ela e para a história do estado: oficializou a primeira advogada transexual de Mossoró, segunda cidade mais populosa do Rio Grande do Norte.

Segundo a assessoria da OAB do RN, Maitê é a segunda advogada transexual da história do estado. Em janeiro, de acordo com a instituição, outra profissional trans havia recebido a documentação da OAB para exercer a função.

Natural de Fortaleza, no Ceará, Maitê mora em Mossoró desde os 16 anos de idade. Formada pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), ela considera o fato histórico, mas reforça que passará também pelos medos e dificuldades que a carreira impõe. "É algo histórico. Mas eu sou uma pessoa comum, cheia de medos, de limitações", disse ao G1.

Ser uma das pioneiras, neste caso, impõe barreiras ainda maiores, ela acredita. "Eu me sinto abrindo uma vereda em mata fechada", diz Maitê, que também não tem ninguém formado na área na família. "É desafiador. Não há ninguém para pedir conselho, perguntar o que fazer. Sou basicamente eu por eu mesma", completa.

Para fincar essa primeira bandeira, no entanto, ela reforça que teve muito apoio dos amigos que fez na cidade que adotou como casa há alguns anos. "Muita gente sempre esteve acreditando em mim, a família que eu construí aqui em Mossoró. Eu recebo muito apoio", destacou.
Da busca pelas referências anteriores, a agora advogada Maitê Ferreira pode passar a ser um desses espelhos para as estudantes transexuais do RN, principalmente na área do direito. "Acredito que outras vão ver que podem ser advogadas também. Eu acho que só o fato de estar aqui já é uma conquista", falou Maitê, apontando também o pouco número de advogadas transexuais no Brasil atualmente.

Com a carteira da OAB em mãos, os projetos para o futuro próximo já estão prontos. Ao lado de dois amigos, Maitê quer criar uma assessoria jurídica voluntária de proteção à mulher, para combater casos como os de assédio sexual, e também algo voltado às pessoas que sofrem de LGBTfobia.

"Quero ajudar em casos de abandono familiar, de situações de emprego que tratam de maneira discriminatória", conta. "Às vezes, por medo ou até desinformação, essas pessoas não buscam reparação. Então quero criar essa assessoria jurídica feminista no RN", diz.

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