sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

No quarto reajuste do ano, gasolina sobe 10,5% e diesel, 15% nas refinarias da Petrobras

Da redação
Fonte: Tribuna do Norte


A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (18) o maior reajuste de preços de combustíveis do ano. O óleo diesel vai ficar 15,2% mais caro em suas refinarias a partir de hoje e a gasolina, 10,2%. Com mais esse reajuste, o quarto do ano, o diesel e a gasolina já acumulam alta de 27,5% e 34,8%, respectivamente, em 2021. Tamanho avanço de preço vai atingir o consumidor nesta semana e deve aparecer nos indicadores de inflação de março, segundo analistas. Os preços da gasolina e do óleo diesel nas refinarias ficarão R$ 0,23 e R$ 0,34 mais caros. O litro da gasolina passará a custar R$ 2,48 e o do diesel, R$ 2,58, para os distribuidores.

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Em nota, a companhia diz que os preços da Petrobras estão alinhados aos do mercado internacional. Ou seja, quando a cotação do petróleo sobe no mercado internacional, a estatal revisa seus valores também no Brasil. O petróleo é a matéria-prima dos combustíveis e, por isso, costuma ser usado como referência na formação dos preços dos seus derivados, como gasolina e diesel.

Neste mês, o petróleo ganhou força por conta do frio nos Estados Unidos, onde o consumo avançou e os estoques baixaram em quase 6 milhões de barris. Além disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem indicado cortes de produção. Com a expectativa de que haja mais demanda que oferta de óleo no mundo, o produto está ficando mais caro. Em Londres, o barril do petróleo do tipo Brent fechou o pregão a US$ 64,34, patamar que não era alcançado desde janeiro do ano passado, antes da pandemia de coronavírus.

Ao anunciar mais um reajuste, a Petrobras reafirma sua política de preços, alinhada ao mercado internacional, e derruba a tese de que atua para atender aos interesses do governo. A empresa estava sendo acusada de segurar a alta do diesel, principalmente, para favorecer os caminhoneiros, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, e para conter a inflação. Os caminhoneiros chegaram a ameaçar uma greve caso o combustível continuasse subindo na bomba.

A estatal diz ainda que, em 2020, reduziu os preços em suas refinarias ao acompanhar as oscilações externas. No último mês, a Petrobras foi criticada pelos caminhoneiros por supostamente reajustar demais o preço do diesel.

Além disso, reafirma que o preço nas suas refinarias não é o único componente na formação do valor pago pelos consumidores na bomba. "Até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis", afirma.

O preço cobrado nas refinarias da Petrobras corresponde a cerca de 33% do preço pago pelos consumidores finais da gasolina e a 51% do preço final do diesel, segundo a estatal. A companhia explica que "até chegar ao consumidor são acrescidos tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis".

Os preços praticados nas refinarias da Petrobras são reajustados de acordo com a taxa de câmbio e a variação do preço internacional do petróleo, negociado em dólar. Desde janeiro, a Petrobras já reajustou três vezes o preço do diesel e quatro vezes o da gasolina, que tinha o valor médio de R$ 1,84 em 29 de dezembro e chegará a R$ 2,48 com o reajuste que vigora a partir desta sexta-feira.

Em 18 de janeiro, a estatal anunciou um aumento médio de R$ 0,15 para a gasolina e manteve o preço do diesel. No dia 26 do mesmo mês, um novo reajuste elevou o preço nas refinarias em R$ 0,10 para a gasolina e em R$ 0,09 para o diesel. Já em 8 de fevereiro, foi anunciado um aumento de R$ 0,17 para a gasolina e de R$ e de 0,13 para o diesel.

Análise
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, acredita que "tal magnitude de reajuste na refinaria deve afetar as bombas apenas no terceiro decêndio de fevereiro, com grande parte do impacto no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de março". A Armor Capital projeta alta de 0,15 ponto porcentual na inflação do mês que vem.

Até então, os consumidores não estavam sentindo tanto os reajustes nas refinarias porque os donos de postos estavam conseguindo segurar ao menos parte dos reajustes da Petrobras. No ano, a gasolina subiu na revenda 7,0% e o diesel, 4,3%, segundo a StoneX. As revisões são bem inferiores às da estatal.
Até chegarem à bomba, a gasolina e o diesel produzidos pela estatal passam ainda por distribuidores e revendedores. No meio do caminho, são acrescidos tributos aos seus preços. Portanto, cada elo dessa cadeia tem o próprio peso na formação dos valores cobrados nos postos.

Representante dos revendedores de combustíveis de São Paulo, José Alberto Gouveia, diz que, com a pandemia de coronavírus, o consumo de combustíveis caiu nos últimos meses. Esse fator, somado à concorrência, fez com que os donos de postos contivessem parte dos reajustes da Petrobras até esta semana. Mas, a partir de agora, a tendência é que repassem a maior parte da alta para as bombas.

"Com o novo aumento, vai ser muito difícil conter o preço. Cada dono de posto vai ver o que consegue fazer. Estamos lutando contra o mercado", afirma Gouveia, acrescentando que a revenda tem reduzido suas margens de lucro e cortado custos, principalmente, demitindo funcionários. "Temos de ter rentabilidade para pagar as despesas", afirmou.

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