Da redação
Fonte: Tribuna do Norte
Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de 44 anos, foi eleito ontem presidente do Senado pelos próximos dois anos. Um dos mais jovens senadores a assumir o comando do Congresso, ele teve 57 votos, ante 21 da candidata Simone Tebet (MDB-MS), que foi abandonada pelo próprio partido na reta final da disputa Pacheco foi apoiado pelo atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), em uma articulação direta com o Palácio do Planalto. Em seu arco de apoio, se juntaram inclusive legendas que fazem oposição ao governo federal, entre elas o PT.
A eleição de Pacheco foi construída em um contexto de interferência do Planalto nas disputas no Parlamento. O Estadão revelou que o governo liberou um total de R$ 3 bilhões em verbas extras para deputados e senadores, e o volume de emendas parlamentares pagas em janeiro foi recorde (mais informações na pág. A8). Na Câmara, a eleição ainda não havia sido concluída até a conclusão desta edição.
Com formação em Direito, Pacheco prometeu agir com independência em relação ao Planalto e fez um discurso de pacificação. Também afirmou que a votação de reformas econômicas que dividem opiniões, como a tributária e a administrativa, deverão ser "enfrentadas com urgência, mas sem atropelos".
"Comprometo-me a ouvir todas as forças políticas", disse após o anúncio do resultado. "Ao Poder Executivo, dedicaremos parte significativa de nossos vigores, fiscalizando, deliberando suas proposições, dialogando para construir o futuro da Nação. Porém, dele exigiremos respeito aos compromissos assumidos e à independência deste Poder Legislativo."
Nos bastidores, a vitória de Pacheco era dada como certa antes mesmo da votação sigilosa, contando com o apoio não só de bolsonaristas, mas também de partidos da oposição. Católico, ele está no primeiro mandato como senador e presidirá o Senado até fevereiro de 2023.
"Em cédula de papel, o Senado Federal elegeu o Senador Rodrigo Pacheco (57 votos de 81 possíveis) para presidir a Casa no biênio 2021/22", escreveu Bolsonaro em suas redes sociais. Árduo defensor do voto impresso, o presidente da República tem feito reiterados ataques à credibilidade da Justiça Eleitoral e ao sistema eletrônico de votação adotado no País.
Nas seis disputas pela presidência do Senado, travadas ao longo dos últimos dez anos, Pacheco teve o terceiro melhor desempenho: ficou atrás apenas de José Sarney e Eunício Oliveira, ambos do MDB, que conquistaram respectivamente 70 e 61 votos para chefiar o Senado em 2011 e 2017.
Uma série de acordos articulados pelo senador do DEM para cargos na cúpula do Senado e comissões fizeram o MDB rifar Simone Tebet, que acabou se lançando na disputa como candidata avulsa. Na última hora, Major Olimpio (PSL-SP), Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Lasier Martins (Podemos-RS) retiraram as candidaturas para apoiar a emedebista. A eleição para os demais cargos na Mesa vai ocorrer hoje. PSD e MDB disputam a 1.ª vice-presidência.
Quem é Rodrigo Pacheco
Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi eleito novo presidente do Senado. Ele tinha o apoio do então ocupante do cargo, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que o apresentou como um nome “independente” que não criaria problemas para o Planalto. Isso agradou o presidente Jair Bolsonaro, que interveio pessoalmente para fechar acordos para garantir a eleição de Pacheco e de Arthur Lira (PP-AL) na Câmara.
Em entrevista, antes de ser eleito, Pacheco disse que o teto de gastos não pode ficar “intocado” e defendeu uma discussão sobre a retomada do auxílio emergencial ou um aumento do Bolsa Família a partir de fevereiro. Investidores e mercado financeiro reagiram mal à fala, que foi avaliada pela equipe econômica do governo como “retórica política”.
Pacheco tem 44 anos e está em seu primeiro mandato como senador. Ele nasceu em Porto Velho, Rondônia, mas se elegeu por Minas Gerais, onde sua família é dona de empresas de transporte rodoviário. Em dezembro de 2020, emplacou um assessor de seu gabinete como diretor da Agência Nacional de Transportes (ANTT) -- órgão que tem como atribuição regular empresas de sua família.
Antes do Senado, o parlamentar teve um mandato como deputado federal, pelo MDB. Ele foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara, entre 2017 e 2018. Na época, a comissão analisou duas denúncias contra o presidente Michel Temer (MDB), por obstrução da Justiça e organização criminosa e por corrupção passiva. Ambas foram rejeitadas pela Câmara.
Pacheco atuava como advogado em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele foi conselheiro estadual e federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Formou-se em Direito pela PUC-Minas.
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