sábado, 30 de julho de 2011

Imbatível no tiro curto, Cielo voa nos 50m livre e mantém o título mundial

Brasileiro brilha na piscina de Xangai; jovem Bruno Fratus fica fora do pódio

Por Lydia Gismondi
Direto de Xangai, China










Não importa se é o no Cubo d’Água, no Foro Itálico ou no Centro Esportivo Oriental. Entre os seres vivos sem escamas ou barbatanas, Cesar Cielo continua sendo o mais veloz do planeta dentro d’água. Na final dos 50m, neste sábado, o brasileiro só precisou de 21s52 para engolir sete adversários de uma vez no Mundial de Xangai. No penúltimo dia de um mês tenso, que o obrigou a travar as braçadas dentro de um terno enquanto se defendia da acusação de doping, foi buscar o ouro na prova favorita, o seu segundo na competição chinesa. Com ou sem supermaiô, ainda está para surgir alguém capaz de se mover mais rápido dentro de uma piscina.

Cesar Cielo olha para o placar e confirma: ainda é o homem mais rápido das piscinas (Foto: Reuters)

Dono do melhor tempo das eliminatórias, o brasileiro Bruno Fratus, de apenas 22 anos, não conseguiu alcançar o pódio e bateu em quinto lugar. A prata ficou com o italiano Luca Dotto, que sequer ameaçou Cielo com 21s90. O terceiro degrau do pódio é do francês Alain Bernard, que tinha passado raspando com o oitavo tempo das eliminatórias, mas se recuperou na final e cravou 21s92.

Final - 50m livre Tempos

1. Cesar Cielo (BRA) 21s52

2. Luca Dotto (ITA) 21s90

3. Alain Bernard (FRA) 21s92

4. Nathan Adrian (EUA) 21s93

5. Bruno Fratus (BRA) 21s96

6. Krisztian Takacs (HUN) 21s99

7. George Bovell (TRI) 22s04

8. Gideon Louw (RSA) 22s11

Assim que bateu em primeiro, Cielo olhou para o placar. Não festejou tanto como no ouro dos 50m borboleta, que quebrava o gelo do julgamento por doping. Naquela primeira vitória, o brasileiro sentou na raia, gritou, chorou compulsivamente. O ouro era novidade, numa prova que não é sua especialidade. Desta vez, apenas sorriu e foi cumprimentar Fratus, que vinha na raia ao lado. Tirou a touca e os óculos, saiu da piscina, apontou para o céu e acenou para a torcida. Com a tranquilidade de quem está se acostumando com a glória.

- A prova de 50m borboleta é mais tensa, não tenho experiência nela, nunca tinha nadado em campeonato internacional. Os 50m livre eu nado dormindo, se precisar. É a confiança que tenho de olhar para o fundo, saber a metragem em que eu estou, se vou aguentar passar sem respirar ou não. Então é uma prova bem mais tranquila, um cenário bem mais relaxado. Mesmo assim, a adrenalina da final pega bem forte – explicou o bicampeão mundial.

Cielo cumprimenta Fratus após a prova: dobradinha não se repetiu na final (Foto: Reuters)

No pódio, ele segurou firme na briga contra o choro. Levantou os dois braços, sorrindo, e recebe a medalha de Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Cumprimentou Bernard e Dotto antes de dar um grande suspiro para ouvir o hino. Ainda na introdução, olhou para os dois lados e deu um tchauzinho para alguém na arquibancada. Cantou a parte final do hino com um sorriso no rosto e os olhos cheios d’água. Ao deixar o pódio, ainda encontrou bom humor para imitar os olhos puxados dos chineses, mostrando que se sente em casa no país.

É a terceira vez seguida que Cielo vence os 50m livre nas grandes competições. Conquistou o ouro em Pequim-2008, Roma-2009, e agora Xangai-2011. Para completar, é o dono do recorde mundial da prova, com 20s91, na piscina do Clube Pinheiros, em São Paulo, em dezembro de 2009, pouco antes da proibição dos supermaiôs.

O bicampeão admitiu que a ausência de Fred Bousquet, eliminado na semifinal, facilitou sua tarefa neste sábado. Ele estava preocupado com o tempo de Bruno Fratus, o melhor da semi. O jovem de 22 anos, que nadou novamente com a bermuda emprestada de Cielo, após ver a sua rasgada na sexta-feira, não conseguiu repetir a performance na decisão, mas saiu satisfeito com a experiência e não vê a hora de cair na piscina de novo em Londres-2012.

- O tempo que fiz ontem dava para ter ficado em segundo. Mas valeu a experiência, é meu primeiro Mundial. Ano que vem, nas Olimpíadas, as coisas vão ser mais simples de lidar. Quero nadar de novo a prova. Talvez tenha pesado um pouco a raia 4. Eu precisava que a bermuda rasgasse de novo – brincou Fratus.

É a quarta medalha de ouro do Brasil em Xangai. Ana Marcela Cunha abriu os trabalhos vencendo a maratona aquática de 25m; Cielo bateu em primeiro nos 50m borboleta; e Felipe França faturou o ouro nos 50m peito. A vitória de Cesar neste sábado é a primeira "olímpica" do país, já que as outras três provas não fazem parte do programa dos Jogos.

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