segunda-feira, 27 de abril de 2015

Reservatórios do RN têm nível mais baixo dos últimos cinco anos

FABIANO SOUZA
Da Re­da­ção
fabianosouz@hotmail.com
O sinal de alerta feito pelo articulador estadual do Seapac e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu, agrônomo José Procópio de Lucena, sobre o baixo nível de reservatórios do Rio Grande do Norte e a possibilidade de um colapso no sistema de abastecimentos dos municípios do estado foi confirmado neste final de semana pela Agência Nacional de Águas (ANA), que divulgou relatórios sobre o nível dos reservatórios do Estado. A agência confirmou que o nível dos maiores reservatórios do RN atingiu o menor volume de água dos últimos cinco anos e a situação é realmente preocupante.

Os dados do monitoramento realizado pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) no Estado revelam que a reserva hídrica dos 32 reservatórios administrados pela ANA no RN é de apenas 27% da capacidade total. Levando em conta que esses reservatórios federais representam 60% da capacidade total de armazenamento de água no território potiguar, a situação passa a ser de alerta total.

Mesmo com toda essa situação, os meteorologistas da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), através do chefe do setor, meteorologista Gilmar Bristot, afirma que a chegada de um novo fenômeno meteorológico, denominado “oscilação 30-60 dias”, pode favorecer o aumento do volume de água em alguns açudes e barragens nos próximos dias, como segundo ele ocorreu no início de abril em alguns reservatórios no interior do Estado.

Ele cita ainda como exemplo o açude Pataxó, em Ipanguaçu, que devido às chuvas registradas no início deste mês de abril, encontra-se atualmente com 99,39% de sua capacidade, que é de 15.017.379 m³, e hoje se encontra com 14.925.275 m³. Os demais 31 reservatórios administrados pela ANA, por captarem rios federais que totalizam uma capacidade total de três bilhões de metros cúbicos de água, receberam água nos últimos quatro meses, entre eles as barragens Armando Ribeiro Gonçalves e Marechal Dutra (Gargalheiras), no entanto, estão com pouco mais de 30% de sua capacidade.

As barragens de Santa Cruz do Apodi e Umari, que mesmo sendo de grande porte são administradas pela Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (SEMARH), também estão com volume abaixo dos 40% da capacidade, mas garantem abastecimento até 2019, segundo informa o secretário Mairton França. Ele disse ainda que o Governo Estado está trabalhando na ampliação da captação de água nos reservatórios para levar a cidades em colapso ou emergência. Até o momento, somente a barragem de Santa Cruz possui captação de água para uso humano.

RN tem 11 cidades com abastecimento em colapso

O secretário Mairton França confirmou que, atualmente, 11 municípios do RN estão com o sistema de abastecimento em colapsado, dependendo exclusivamente do abastecimento que vem sendo feito através de programa de carros-pipa ou da perfuração de poços e instalação de poços recuperados. Como já havia afirmado anteriormente em entrevista ao Jornal De Fato, ele disse que o Estado protocolou junto ao Ministério da Integração pedidos para a construção de novas adutoras, que ajudarão a distribuir as águas que ainda estão nas barragens e outras ações para minimizar a situação nos municípios mais atingidos. Ele também criticou a falta de iniciativas de governos anteriores no sentido de desenvolver programas de gestão dos recursos hídricos que pudessem garantir o abastecimento em períodos mais longos de estiagem, como vem ocorrendo agora.

“A água é um recurso natural não renovável. Não tem como criar água. As obras de infraestrutura hídrica do Estado estavam paradas. Retomamos Oitica, mas está lenta porque depende de recursos. Temos o subsistema de Pau dos Ferros, pronto, mas sem água para seu funcionamento. O de Santa Cruz/Mossoró, que encontramos parada, mas estamos fechando um novo plano de trabalho, em R$ 12,5 milhões, que o ministério já sinalizou positivamente para aderir. Mas dependemos da liberação dos recursos e não há prazo para que esses recursos cheguem ao Estado”, disse.

Fonte: De Fato

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