Da redação com Tribuna do Norte
Por Cleonildo Mello - Agência Sebrae
As empresas do segmento de alimentos e bebidas geraram mais de R$ 9,2 milhões em negócios durante o Encontro Internacional de Negócios do Nordeste (EINNE), encerrado na sexta-feira, 10, em Natal. Parte desse volume vem da comercialização de bebidas destiladas, sobretudo as cachaças de alambique, que encontraram no evento a estratégia para entrar em novos mercados e chegar ao cenário internacional. Dez empresas participam do Encontro e realizaram contato e futuras parcerias com importadores de países, como Alemanha, Bélgica Canadá, Colômbia, Equador, Rússia e Tanzânia.
Robert Stinglwagner produz cachaça a partir da mandioca e negocia exportação para cinco países
Uma dessas empresas é a Tiquira Brasil, uma pequena indústria do Maranhão que produz tiquira, um destilado obtido da mandioca. De acordo com o sócio proprietário da empresa, Robert Stinglwagner, a bebida típica dos povos indígenas deverá ganhar o mundo. Isso porque, no encontro, ele abriu canais de negociação com grupos importadores do Canadá Colômbia, Equador, Rússia e Tanzânia. “Todos provaram a tiquira, avaliaram bem o sabor da bebida, que tem um gosto muito peculiar e demonstraram interesse em importar o nosso produto, que ainda é desconhecido da maioria dos brasileiros. E se trata de um destilado 100% nacional, já que feito de uma planta nativa do Brasil”.
A tiquira é bem apreciada no Maranhão, no entanto, a industrialização para venda em escala comercial só ocorreu há quatro com a ideia do empresário carioca e sua mãe de abrir uma fábrica da bebida na cidade de Santo Amaro do Maranhão, que fica a 200 quilômetros da capital São Luís. Atualmente, a indústria produz por ano, no modelo fair trade (comércio justo), 24 mil litros de tiquira tradicional e mais 2 mil litros da mesma bebida armazenada em barris de emburana.
Apesar de estar preparada, a Tiquira Brasil ainda não exporta e pretende se lançar no mercado internacional. A aposta é tão alta que a empresa já está reestruturando a linha de produção para dobrar a capacidade de processamento do destilado. “Vamos dobrar a produção para termos um preço mais competitivo”, projeta Robert Stinglwagner.
Chegar a mais mercados é também o objetivo da Cachaçaria Limoeiro, que estabeleceu contatos com compradores internacionais ainda na primeira edição do EINNE e aperfeiçou a cachaça para atender aos padrões internacionais. A empresa criou a Jaualle, uma linha de produtos com a bebida que é a cara do Brasil para atender à legislação de alguns países e com embalagem diferenciada. “O encontro serviu para consolidar os contatos que fizemos na edição anterior”, diz o empresário Raimundo Primo, proprietário da cachaçaria que fica instalada no município de Feira da Mata, no Oeste da Bahia.
A empresa já havia enviado o produto para Alemanha e Bélgica – 800 garrafas e 200 litros a granel – mas o empresário quer ampliar essa rede de distribuidores internacionais. “Abrimos canais de comercialização com importadores da Rússia e do Canadá. O desafio para nós, produtores de cachaça artesanal, é fazê-la chegar a grandes vitrines no mercado externo”, argumenta Raimundo Primo.
Encontro
Promovido pelo Sebrae no Rio Grande do Norte e Federação das Indústrias do Estado (Fiern), com patrocínio do Banco do Nordeste e apoio de parceiros, o EINNE foi realizado pela segunda vez consecutiva em Natal. O Encontro reuniu em torno de 30% das pequenas empresas nordestinas exportadoras. “Há uma avaliação muito positiva dos empresários que participam do evento justamente pela qualidade dos contatos. A decisão de reduzir para quatro segmento foi muito assertiva. Isso proporcionou uma aproximação muito mais efetiva, aumentando as chances de fechamento de novos negócios”, avalia o diretor de operações do Sebrae-RN, Eduardo Viana.
Para o executivo, a realização pela segunda vez do EINNE em Natal deixa o Rio Grande do Norte numa posição muito privilegiada no Nordeste por virar uma referência, juntamente com estados maiores e com maior expressão exportadora, na área de comércio exterior. A parceira com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) foi decisiva para o sucesso do evento. “Essa aproximação da Apex com o Sebrae só beneficia as micro e pequenas empresa”, garante Eduardo Viana.
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