Próximo a entrada da caverna é onde ainda se vê luz em abundância
Reportagem de Bruno Soares Ausência quase total de luz, bichos repousando sob e sobre as pedras, sensação de frio ou calor, dependendo do local, e um silêncio que só é quebrado com o canto de algum pássaro, barulho de morcego ou a presença de humanos. Os mistérios e encantamentos que cercam uma caverna são maiores que uma simples tentativa de descrição do ambiente. É preciso estar no local para permitir as sensações.
Em breve as pessoas que se interessam por essas formações da natureza vão poder viver a experiência e ter acesso não somente a uma, mas a várias das mais de 200 cavernas do Parque Nacional da Furna Feia (que de feio não tem nada), que fica entre os municípios de Mossoró e Baraúna, na área do assentamento rural Maisa.
A equipe da GAZETA DO OESTE foi esta semana conhecer o local acompanhada de três funcionários do Instituto Chico Mendes, dois servidores do município e uma equipe de reportagem da InterTV Cabugi.
A caverna foi descoberta na década de 1940 por caçadores e ganhou esse nome porque era totalmente desconhecida, com muitos bichos e bastante escura – o que assustou os primeiros frequentadores.
Nossa viagem começa na Maisa – ponto de encontro para todos. Recebemos informações quanto às condições da estrada e partimos em direção ao Parque, que fica a mais de 20 minutos de carro da BR-304 - caminho para o Ceará.
As instruções são passadas no teto de calcário. Os visitantes recebem os capacetes com lanternas e colocam suas luvas antes de adentrar em um dos vários acessos que a caverna tem.
Os cânticos dos pássaros ficam para trás enquanto descemos pelas pedras. A entrada principal da furna é o último local em que há luz em abundância. Os morcegos nos recepcionam. É hora de enfrentar o desconhecido.
Os primeiros passos são tranquilos. O piso é plano e sem pedras pelo caminho. Mais à frente notamos a presença de vários abismos que dão acesso ao nível inferior. Lá embaixo estão vários animais e corre um rio que já passou pelo nível intermediário – o principal (onde nós ficamos). Algumas das crateras chegam a ter 17 metros de profundidade e menos de um metro de diâmetro.
A trilha segue com locais mais fáceis e outros mais difíceis. Em alguns pontos é necessário se apoiar com as duas mãos e os dois pés para passar; em outros só dá para passar quase sentado. As várias ‘claraboias’ fazem o ar circular internamente e nos tranquilizam que existe luz lá fora.
Seguimos conhecendo e contemplando a natureza bastante peculiar. As estalactites e estalagmites, antes só vistas pela televisão e livros, estavam ali na nossa frente. Sem pressa e jorrando incansavelmente, a água vai esculpindo as pedras por centenas de anos.
Dentro da Furna Feia há o maior espeleotema do Estado. Trata-se de formações rochosas que ocorrem tipicamente no interior de cavernas como resultado da sedimentação e cristalização de minerais dissolvidos na água. O escorrimento vai formando desenhos nas pedras.
No salão principal e último ponto da caminhada há mais estalactites e estalagmites. Os morcegos, inofensivos, moram naquela parte que é totalmente escura. Por alguns segundos desligamos todas as lanternas. Nada podia ser visto.
Era hora de voltar. O caminho foi o mesmo, assim como as sensações de estar há vários metros debaixo da terra. Voltamos com restos de pano, pedaços de pau e garrafas plásticas de invasores que arriscam suas vidas e ainda causam danos à natureza – atitude totalmente condenada pelos funcionários do ICMBio e por aqueles que se preocupam com a natureza de uma forma geral.
O percurso de aproximadamente um quilômetro foi feito em duas horas. A última parada foi no local por onde nós entramos. Pausa para tomar água, sentar por alguns minutos, fazer mais fotos, gravar mais imagens e se despedir da gigante e misteriosa caverna que pretendemos visitar novamente.
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*Gazeta do Oeste
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