terça-feira, 17 de julho de 2012

Mercado já prevê PIB abaixo de 2%

Fernando Nakagawa

Brasília (AE) - Cresce o pessimismo dos economistas e o mercado financeiro já prevê que o crescimento da economia brasileira será menor que 2% neste ano. Pesquisa semanal divulgada ontem pelo Banco Central mostra que a estimativa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) caiu pela décima semana consecutiva, de 2,01% para 1,90% na comparação com 2011.

     Alberto Leandro

Indústria têxtil no Rio Grande do Norte: a atividade desacelera no país, mas não é a única. A indústria de forma geral é um dos setores que mais
perdem força nacionalmente

Após dados divulgados na semana passada que mostram a estagnação da atividade econômica em maio, o mau humor aumentou e analistas reforçaram a aposta de que o PIB deve ter o pior desempenho desde 2009, quando amargou contração de 0,33% ainda na crise passada. Para piorar, a falta de ânimo começa a contaminar um horizonte mais longo e as estimativas de expansão da economia em 2013 caíram de 4,20% para 4,10%.

"As perspectivas econômicas globais têm sido o gatilho dessa desaceleração no Brasil. O problema é que, atualmente, o cenário mostra que as condições externas tendem a se agravar no segundo semestre", diz o economista da TOV Corretora, Pedro Paulo Silveira. "A atividade econômica de maio veio bastante fraca e sugere, no máximo, um crescimento do PIB de 1,5% em 2012", diz o economista que é mais pessimista que a média do mercado. No cenário usado pela TOV, o PIB deve crescer entre 1,2% e 1,5% neste ano.

INVESTIMENTO

Silveira cita que um dos problemas é que o conturbado quadro externo tem diminuído o otimismo dos empresários, o que reduz sensivelmente os novos projetos das empresas. "A piora das condições globais derrubou o investimento Ao mesmo tempo, não acho que os estímulos internos anunciados pelo governo terão tanto poder diante da crise externa. Nesse jogo de forças, vai ganhar a desaceleração da economia doméstica".

Um dos setores que mais sentem a desaceleração da atividade é a indústria. Na pesquisa Focus, a previsão para o crescimento do setor caiu pela sétima semana consecutiva, de uma expansão de 0,10% para 0,09%. Com a economia cada vez mais fraca, o mercado mantém a aposta de que o juro básico da economia deve ter pelo menos mais um corte de 0,50 ponto, para 7,5% ao ano, em agosto. Já há, contudo, vários economistas que começam a trabalhar com a hipótese de um segundo corte em outubro, o que levaria a taxa para 7%.

O Itaú, por exemplo, compartilha do cenário com dois cortes, um em agosto e outro em outubro. Para a instituição, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada - que será divulgada na quinta-feira - deve manter a avaliação de que o risco para a inflação é cadente e que a influência do quadro externo é "desinflacionaria". "Tudo isso é consistente com nossa estimativa de mais dois cortes de 0,50 ponto", diz o Itaú.

Para a inflação, após oito semanas seguidas de queda das estimativas, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012 subiu ligeiramente, de 4,85% para 4,87%. Mesmo com essa elevação, a estimativa para a inflação oficial neste ano segue bem perto do centro da meta, de 4,5%. Por isso, argumenta a parte do mercado que espera novos cortes, o BC tem espaço para cortar juro e incentivar a economia via crédito sem se preocupar com o aumento dos preços.

Bancos voltam a reduzir taxas de juros

Pressionada pelo enfraquecimento da economia, a taxa básica de juros, a Selic, caiu na semana passada de 8,5% para 8% ao ano, atingindo o mais baixo patamar da história. Na esteira dessa redução - motivada também pela inflação menor no país - desde ontem bancos públicos e privados vêm aplicando novas reduções nas taxas de juros que incidem nas operações de crédito a pessoas físicas e jurídicas.

Os financiamentos de carros e materiais de construção, por exemplo, estão entre os que tiveram o custo reduzido.

Esta não é, porém, a primeira vez que os juros caem este ano. Desde abril há uma onda de redução das taxas no mercado, estimulada por fatores como pressão do governo federal, queda da Selic e concorrência.

Ontem, entre os que colocaram em prática uma nova rodada de cortes estão Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander. Confira abaixo o que os bancos estão anunciando a partir da queda da Selic:

Banco do Brasil

A queda da Selic acarretou redução na linha BB Benefício, que caiu de 2,23 a 3,82% ao mês para 2,21 a 3,79%. A linha BB Crediário Material de Construção teve queda nos juros que variavam de 1,55 a 1,98% para 1,53 a 1,98% ao mês. Para pessoas jurídicas, houve corte nas taxas mínimas das linhas de capital de giro. As taxas passaram de 1,58% para 1,56% ao mês (No BB Giro Rápido FAT); de 1,60% para 1,59% ao mês (BB Giro APL) e de 1,57% ao mês para 1,56% (BB Giro Saúde).

Caixa Econômica Federal

A Caixa Econômica Federal reduziu as taxas de juros de financiamento de veículos. As taxas, que dependem do prazo, cota de financiamento e ano de fabricação do carro e que antes variavam de 0,75% a.m. a 1,75% a.m., passam a variar de 0,75% a.m. a 1,63% a.m. Para carros novos (0km), com cota de financiamento de até 70% do valor do veículo e prazo de até 60 meses, a taxa máxima foi reduzida de 1,65% a.m. para 1,36% a.m. (redução de 19% na taxa anualizada). Para uma cota de financiamento de 60%, a taxa, que antes era de 1,59% a.m., foi reduzida para 1,29% a.m. (redução de 20,2 % na taxa anualizada). Para veículos com até dois anos de fabricação, cota de financiamento de até 70% e prazo de até 60 meses, a taxa máxima caiu de 1,70% a.m. para 1,43% a.m. (redução de 17,1% na taxa anualizada). Para o Crédito Aporte CAIXA, modalidade de empréstimo com garantia de imóvel urbano ou rural, também conhecida no mercado como Refinanciamento de Imóveis ou home equity, as taxas foram reduzidas do intervalo de 1,35% a 1,55% a.m. + TR para 1,31 a 1,51% a.m. + TR e o prazo máximo do empréstimo agora pode chegar a até 300 meses (25 anos). Para pessoas jurídicas, no segmento de Micro e Pequenas Empresas, a redução contempla as linhas de Capital de Giro com garantia do FGO - Fundo Garantidor de Operações, que teve as taxas alteradas de 1,27% a.m. a 2,05% a.m. para 1,17% a.m. a 1,71% a.m., o que representa uma redução de até 18,17% na taxa anualizada.

Itaú

Com a redução da Selic, as taxas do crediário pessoal para os clientes que já têm esse pacote ou aderirem a ele caem do atual intervalo entre 1,95% ao mês a 4,89% ao mês para de 1,91% a 4,85% mensais. No cheque especial (LIS), os juros passam de 3,50% a 4,89% para de 3,46% a 4,85% mensais. Para os demais clientes de varejo, as taxas do crediário pessoal são reduzidas de 2,45% a.m. a 6,66% ao mês para de 2,41% a 6,62% mensais. As do cheque especial passam do intervalo de 5,24% a 8,85% ao mês para 5,20% a 8,81% mensais. Já para os clientes do Itaú Empresas, a taxa máxima de juros do cheque especial (LIS) passa dos atuais 8,85% ao mês para 8,81% ao mês.

Santander

Para pessoa física, a taxa mínima do crédito pessoal caiu de 1,79% para 1,75% ao mês e a máxima de 6,93% para 6,89%. Ainda para pessoa física, a taxa mínima do consignado sai de 0,89% para 0,85% ao mês e a máxima de 3,50% para 3,46%. Para pessoa jurídica, a taxa mínima de Capital de Giro permanece em 1,20%, enquanto a máxima cai de 4,49% para 4,45%. Em descontos de duplicata, a taxa mínima permanece em 0,84% ao mês, enquanto a máxima recua de 3,41% para 3,37%.

*Tribuna do Norte



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