quarta-feira, 25 de julho de 2012

Durante tumulto, carro levando Cachoeira bate em outro veículo da PF

Bicheiro saiu do prédio da Justiça Federal deitado e com o rosto coberto.

Duas testemunhas da Monte Carlo prestaram depoimento nesta terça-feira.

Humberta Carvalho, Iara Lemos e Mariana Oliveira
Do G1, em Goiânia


No carro da PF, Cachoeira saiu deitado e com o rosto encoberto
(Foto: Ricardo Rafael/Jornal O Popular)

A saída do contraventor Carlinhos Cachoeira do prédio da Justiça Federal, em Goiânia, na noite desta terça-feira (24), após quase dez horas de sessão, causou muito tumulto. O carro que saiu transportando o bicheiro bateu em outro veículo da Polícia Federal, que estava estacionado. Populares e profissionais da imprensa, que acompanhavam de fora a movimentação, se assustaram com o impacto. Cachoeira saiu deitado e com o rosto encoberto.

Carro que levava Cachoeira bateu em outro veículo da corporação (Foto: Humberta Carvalho/G1)

O juiz Alderico Rocha, que comanda as audiências do processo referente à Operação Monte Carlo na 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia, atendeu ao pedido dos advogados dos réus e suspendeu a audiência desta terça-feira. A sessão está prevista para ser retomada às 9h de quarta-feira (25). A Monte Carlo é a operação que levou à prisão de Carlinhos Cachoeira, acusado de exploração de jogo ilegal em Goiás.

Andressa Mendonça saiu momentos depois do marido. Sobre o encontro de 15 minutos que teve com ele após o final da audiência, ela comentou que foi uma “conversa informal” e se limitou a dizer que falaram “coisas de casal”. Ao G1, ela afirmou que "foi importante" ficar alguns minutos a sós com o marido.

Nesta terça, somente duas testemunhas de acusação foram ouvidas - dois agentes da Polícia Federal que atuaram nas investigações do caso envolvendo o bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Escutas telefônicas

O advogado do ex-vereador Wladimir Garcez, Ney Moura Teles, afirmou, em entrevista coletiva na noite desta terça, que as escutas realizadas pela Polícia Federal dentro da Operação Monte Carlo, são ilegais: "Elas são totalmente mal feitas, mal produzidas, feitas de uma forma fora da lei e, por isso, não têm valor nenhum".
De acordo com ele, a Polícia Federal poupou pessoas de foro privilegiado para legitimar as investigações. "Excluíram interceptações de pessoas que tinham foro político privilegiado, mesmo sabendo da participação dessas pessoas no que eles chamam 'com indícios de crime’, tudo isso para ocultar essa qualificação e para legitimar essa investigação", alegou Teles.

O advogado defendeu a tese de que as interceptações telefônicas feitas pela PF tenham sido forjadas. De acordo com o defensor, as perguntas técnicas feitas ao agente Luiz Carlos Pimentel, o segundo a depor, foram para reforçar a ideia da ilegalidade das escutas.

"É o meio de provar que esses agentes não têm formação técnica para fazerem o trabalho que fizeram. Existe uma portaria da Polícia Federal que diz que as interceptações têm que ser acompanhadas por peritos com formação em fonética.

 A voz das pessoas não pode ser analisada e identificada por uma pessoa sem essa formação”, argumentou Teles.

A advogada de Cachoeira, Dora Cavalcanti, considerou “profundamente esclarecedores” os depoimentos prestados nesta terça. Para ela, a fala de Pimentel comprovou a “ilegalidade das interceptações telefônicas”. “Está corroborado que a atividade de interceptação ao longo de todo esse tempo não respeitou a lei específica”, defendeu.

Depoimentos

Estavam previstos nesta terça os depoimentos de quatro testemunhas de acusação e mais dez testemunhas indicadas pelos réus. Os procuradores do caso pediram a dispensa de duas testemunhas, mas a defesa afirmou que ainda quer ouvir as duas pessoas apontadas pelo MPF.

Alguns advogados questionaram o depoimento dos dois policiais federais, que afirmaram que agentes ainda analisam material apreendido na Operação Monte Carlo. Para os advogados, o fato prejudicaria a continuidade do processo.

"Esses elementos que estão sendo produzidos não vão acrescentar em nada aos fatos. Sobre esses elementos, e sobre os fatos descritos na denúncia, a defesa teve total acesso. Os elementos colhidos a partir de buscas e apreensões poderão ser utilizados, em princípio, como elemento de suporte para oferecimento de novas denúncias", disse o procurador Daniel Resende.

Suposta infiltração

O agente federal Luiz Carlos Pimentel, que atua na área de inteligência da Polícia Federal e foi um dos coordenadores da Operação Monte Carlo, negou durante depoimento de três horas que o delegado da PF Fernando Byron tivesse sido infiltrado pela PF no grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

Segundo a denúncia do MPF, o delegado Byron repassava dados sigilosos de investigações para o grupo do contraventor "recebendo valores para tanto". Perguntado pela advogada Dora Cavalcanti sobre se havia possibilidade de Byron ter sido infiltrado para favorecer a investigação, Pimentel afirmou que não há "nenhum indício" nesse sentido.

"A infiltração requer autorização judicial. [...] Em momento algum cogitou-se uma infiltração. Não tivemos nenhum indício, nenhuma coisa que pudesse levar a essa conclusão", afirmou Pimentel.

O agente Pimentel foi repreendido ao menos quatro vezes pelo juiz por chamar o grupo de "organização criminosa". O juiz pediu para que a testemunha citasse os nomes dos réus. O juiz Alderico também pediu por diversas vezes que o agente fosse "mais direto" em suas respostas.

Mais adiante, o juiz pediu que o policial não se estendesse nas respostas durante o depoimento. "Pimentel, você não sabendo, tem de dizer que não sei. O Pimentel, se deixa ele segue falando. Quanto mais fala, mais da margem a questionamento”, disse o juiz. "Mais seis testemunhas hoje", disse depois.




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