sábado, 28 de julho de 2012

Dilma manterá IPI se indústria não fizer cortes

Governo pressiona por empregos

Brasília (AE) - Os distribuidores de veículos pediram ontem ao Ministério da Fazenda a prorrogação da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros, que se encerra no dia 31 de agosto. A solicitação foi encaminhada num momento delicado, diante da insatisfação do Palácio do Planalto com a possível demissão de 1.500 trabalhadores na General Motors (GM), de São José dos Campos (SP).

                                Wilson Dias/ABr
Presidenta Dilma: Damos incentivos fiscais
e queremos retorno.


O sindicato dos metalúrgicos, a empresa e o próprio governo tentam encontrar uma saída para evitar os desligamentos. A resposta do ministro interino da Fazenda, Nelson Barbosa, foi a de que o governo condicionará a extensão do benefício a um compromisso da empresa de que o quadro de funcionários não sofrerá redução, conforme relatou a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). O recado, segundo ela, foi "bastante firme".

"A questão, naturalmente, seria prorrogar (a redução de IPI), mas o governo quer ter o compromisso formal das empresas de que não haverá demissões", disse a senadora. Kátia Abreu participou do encontro com o ministro ao lado do presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, para reforçar o pedido de isenção da cobrança do IPI para a compra de caminhões por caminhoneiros independentes. "Ele (Barbosa) deixou bastante claro e compreendemos com muita clareza", comentou Kátia, que é também presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

De Londres, onde participou da abertura dos jogos Olímpicos, a presidenta Dilma Rousseff cobrou ontem dos empresários contrapartida, como a garantia de empregos, em resposta à decisão do governo de reduzir o IPI para os automóveis. "Damos incentivos fiscais e financeiros e queremos retorno", destacou Dilma, antes de almoçar com atletas brasileiros. "Não [queremos retorno] para nós, mas para o país inteiro, que é a manutenção do emprego. Damos incentivo para garantir emprego. Eles têm de saber que é por esse único motivo", ressaltou.

A redução do IPI foi concedida para os carros - os de motor 1.0 - no final de maio, até 31 de agosto. Mas o governo condicionou a medida à manutenção do nível de empregos no setor. Porém, na semana passada, a GM anunciou o plano de demissões na montadora em São José dos Campos. A direção da montadora foi chamada a dar explicações no Ministério da Fazenda.

OUTRO LADO

A GM está com um excedente de mão de obra após decidir desativar parte do polo industrial de São José dos Campos, no Vale do Paraíba. Três dos quatro modelos de carros de passeio que eram fabricados pela montadora, naquela localidade, deixaram de ser produzidos.

A GM não confirma o número de postos ociosos, porém, o sindicato da categoria diz que há l,5 mil metalúrgicos sob o risco de serem demitidos. Uma audiência com representantes do Ministério Público do Trabalho, da empresa e dos trabalhadores, está agendada para o próximo dia 4 de agosto. Em relação ao IPI, a empresa informou que o compromisso era com a manutenção do nível de emprego, o que vem ocorrendo em São Caetano (SP) e em Gravataí (RS), e valerá para a futura fábrica de motores de Joinville (SC). A montadora também informou ter contratado cerca de 2 mil pessoas no ano passado.

Caso da GM é "pontual" na indústria, diz Fenabrave

Brasília (AE e ABr) - Ontem, o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, defendeu a prorrogação da desoneração do imposto, que se encerra no dia 31 agosto, e avaliou o caso da GM como "pontual" na indústria.

Para tentar convencer o ministro de que o setor depende da isenção, Meneghetti foi armado de números. De acordo com ele, as vendas do setor vinham apresentando queda até maio (-1,5%), mas em julho reverteram a direção e passaram a subir 1,5%. Por causa disso, a Fenabrave já espera um crescimento das vendas de 3% a 4% este ano. Até então, a estimativa era de retração no ano.

"Sou um otimista, e é importante que o IPI seja prorrogado", afirmou, explicando que não se falou de prazos de extensão no encontro. A diretoria da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automorores (Anfavea) - que na próxima terça-feira se reunirá com a Fazenda - preferiu não comentar a cobrança feita ao setor pela presidenta Dilma Rousseff, mas, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que houve expansão do número de postos de trabalho em junho.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Anfavea ressaltou que o último levantamento sobre o desempenho do setor, relativo a junho, indicou uma expansão no número de empregados.

*AGÊNCIA ESTADO

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