DA REDAÇÃO COM NOMINUTO.COM
POR DIÓGENES DANTAS
FD/Brasília
Segundo fontes próximas à força-tarefa da Lava jato, Henrique Alves manteve uma conta com depósitos que variavam entre US$ 700 mil e US$ 1 milhão.
A descoberta de conta bancária na Suíça por investigadores da Lava Jato pode ter sido o real motivo da demissão do ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB). Os documentos e extratos bancários já foram encaminhados ao Brasil, informa hoje (18) o correspondente do Estadão em Genebra, Jamil Chade.
Segundo fontes próximas à força-tarefa da Lava jato, Henrique Alves manteve uma conta com depósitos que variavam entre US$ 700 mil e US$ 1 milhão. O dinheiro está bloqueado, mas o nome do banco ainda não foi revelado pelas autoridades.
A conta de Henrique é uma das mil contas hoje bloqueadas pelos suíços em seus bancos locais a pedido dos investigadores da Lava Jato.
“Refuto qualquer ilação a respeito de conta no exterior em meu nome”, disse Alves em nota à imprensa. “Não fui citado a prestar esclarecimentos”, acrescentou evasivo.
O ex-ministro disse que está “à disposição da Justiça, até porque sou o principal interessado em ver todas essas questões esclarecidas”.
No meio da semana, Henrique Alves figurou na lista de doações do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. O delator disse que transferiu ao político potiguar R$ 1,5 milhão para o peemedebista entre 2008 e 2014.
Sombras do passado
A investigação sobre eventual conta de Henrique Alves na Suíça reaviva outra denúncia mais antiga. Na campanha presidencial de 2002, quando Henrique foi cotado para ser vice de José Serra, a ex-esposa dele, Mônica Azambuja, revelou a existência de contas do então deputado federal no exterior. Em entrevista à ISTOÉ naquela ocasião, ela chegou a falar em números da ordem de US$ 15 milhões.
Os extratos bancários que comprovariam gastos de Henrique no exterior embasam o processo que corre em segredo de justiça há 12 anos no STF.
Chorão
Em sua coluna no Globo neste sábado, o jornalista Jorge Bastos Moreno informa que o procurador-geral de Justiça, Rodrigo Janot, pediu autorização ao STF para investigar a existência de contas de Henrique Alves no exterior.
Moreno diz que Henrique chorou três vezes esta semana por causa da descoberta da movimentação bancária externa. Uma diante de Eduardo Cunha, presidente afastado da câmara e também enrolado em contas no exterior, outra diante do presidente Michel Temer no momento da demissão, e chorou mais uma vez diante de um amigo ao revelar que “as contas eram pendengas de família”.
Henrique Alves já responde a dois inquéritos na Lava Jato e foi citado nas delações de Paulo Roberto Costa (ex-Petrobras), Pedro Corrêa (ex-PP, condenado do mensalão), Sérgio Machado (ex-Transpetro), Fábio Cleto (ex-vice-CEF) e pode figurar nas colaborações de Léo Pinheiro (OAS) e Marcelo Odebrecht (Odebrecht).
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