Brasília (AE) - Relatório da Polícia Federal apontou que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizaram 43 chamadas telefônicas via WhatsApp entre si no período de 16 de março a 13 de maio deste ano. Segundo o documento, "algumas dessas ligações, ou simples tentativa," ocorreram no dia 25 de abril, mesmo dia em que Gilmar deferiu monocraticamente requerimento do senador para suspender interrogatório que o tucano teria no dia seguinte na PF.
Senador Aécio Neves afirma que o tema dos diálogos nos telefonas, com o ministro do STF, foram as propostas de reforma política
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Os investigadores fizeram a ressalva de que não é possível dizer que as ligações feitas em 25 de abril tenham relação com o requerimento feito por Aécio na mesma data pedindo a suspensão do interrogatório. Mas, segundo a PF, "é de se destacar a coincidência desses contatos".
De acordo com duas tabelas anexadas pela PF no relatório, referentes a dois celulares de Aécio, teriam sido 38 chamadas com um aparelho e cinco com outro, naquele período de tempo. Das 43, 20 não teriam sido completadas - aparecem com duração zerada Outras 23 tiveram duração que variou entre alguns segundos e oito minutos.
Apesar de destacar "frequência de contato", o relatório disse que essa informação não tem relação com os conteúdos em investigação na Operação Patmos, iniciada na delação da J&F, da qual o tucano é alvo.
A PF destacou que Gilmar é relator de quatro inquéritos contra Aécio no STF e frisou que ao menos uma das ligações foi feita em um dia no qual o ministro deu uma decisão que suspendeu um interrogatório pelo qual o investigado deveria passar no dia seguinte. "Não é possível conhecer a finalidade ou o contexto em que houve essas ligações, restando tão somente evidenciado a frequência de contato entre as autoridades em questão", observou inicialmente a PF no relatório encaminhado ao Supremo como parte das análises realizadas na Operação Patmos.
O relatório também citou que o número do empresário Joesley Batista, delator do Grupo J&F, estava na agenda do celular de Aécio, e pontuou que houve troca de mensagens entre o tucano e Joesley. Segundo a PF, o conteúdo não está disponível.
A defesa do senador Aécio Neves disse que o tema dos diálogos era a reforma política. "O senador Aécio Neves mantém relações formais com o ministro Gilmar Mendes e, como presidente nacional do PSDB, manteve contatos com o ministro, presidente do TSE, para tratar de questões relativas à reforma política. Ressalte-se que pouco mais da metade das ligações citadas foi completada, conforme consta do relatório da PF. Ocorreram também reuniões públicas para tratar do tema, com a presença do presidente da Câmara e presidentes de outros partidos. O senador Aécio é autor de uma das propostas aprovadas no âmbito da reforma política", disse o advogado Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio Neves.
Toron destacou que a decisão de Gilmar que suspendeu a oitiva do senador foi resultado de uma petição protocolada pelos advogados do tucano, de acordo com a Súmula 14 do STF.
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