sábado, 21 de outubro de 2017

EMPARN: Previsão é de chuva em 2018 e término do ciclo de seca

Da redação com Tribuna do Norte
Por Hudson HelderChefe de reportagem

Vai chover mais no próximo ano. E, segundo os meteorologistas, termina o ciclo de anos seguidos de seca severa para o semiárido do Nordeste. O prognóstico é de um inverno que varia de normal a acima da média, em 2018, abrindo uma possível sequência de nove a dez anos com baixa possibilidade de seca para esta região do país. O ciclo tem forte influência do fenômeno La Niña, que atuou também este ano, e caracterizou 2017 como um ano de “transição” entre o ciclo de estiagem iniciado em 2012, e o período de quase uma década que está por vir com índices satisfatórios de chuva.

O reservatório Marechal Dutra (Gargalheiras), na cidade de Acari, está praticamente seco, com apenas 0,1% de sua capacidade total
O reservatório Marechal Dutra (Gargalheiras), na cidade de Acari, está praticamente seco, com apenas 0,1% de sua capacidade total 

Trata-se de uma previsão, com base em modelos meteorológicos obtidos a partir do cruzamento de diferentes informações. As condições são favoráveis, de acordo com o gerente de meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), Gilmar Britot. À medida que se aproxima a quadra chuvosa — março, abril, maio e junho —, e as progressivas análises por parte dos serviços de meteorologia dos Estados, torna-se possível dizer com maior probabilidade como será o inverno de 2018, avaliam os especialistas. As chuvas devem ficar entre 20% a 30% acima da média para algumas regiões do RN.

O prognóstico da Emparn é ratificado por Luiz Carlos Baldicero Molion, meteorologista e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que defende a tese do fim da sequência de anos com chuvas escassas e início de um período que vai até 2026 sem ocorrência de seca.

“La Niña é o principal fator que influência para os anos de 2018 e 2019. Mas a partir da análise de dados históricos, de comportamento dos parâmetros e de ocorrência de chuva, é que podemos prever a repetição dos ciclos. Se olharmos para esses dados, veremos que esse período de seca pelo qual passamos há pouco, também ocorreu outras épocas e tudo isso é cíclico. Não tem nada a ver com aquecimento global”, afirma Molion.

Para o serviço de meteorologia da Emparn, as condições meteorológicas, com as chuvas e o vento forte que estão ocorrendo em parte do Nordeste, indicam a permanência do fenômeno La Ninã até meados de 2018. Gilmar Bristot destaca que nas análises das imagens dos satélites meteorológicos, mostra que a partir da segunda quinzena de dezembro deste ano haverá condições para ocorrência de chuvas mais significativas na região Nordeste.

A ocorrência de chuva no Nordeste, no período de fevereiro a maio, depende de vários fatores, ressalta Bristot. Entre eles, as condições dos oceanos Pacífico e Atlântico e a Atividade Solar. “Hoje, analisando as condições atuais do Oceano Pacífico, a previsão é de ser favorável em 2018. No caso da atividade solar, a previsão é de diminuição, e à medida que há redução, aumenta a probabilidade de ocorrência de chuva na região. Uma situação semelhante ocorreu nos anos de 2008 e 2009, último período de mínimo da atividade solar”, disse.

A Emparn analisa as condições termodinâmicas do Oceano Atlântico, que tem uma área menor e ainda não é possível determinar como será o seu comportamento em 2018. Os meteorologistas afirmam que é impossível prever se haverá chuva em quantidade suficiente para encher os açudes e barragens, que após seis anos de seca encontram-se em estado considerado crítico, segundo o diretor-geral do Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (Igarn), Josivan Cardoso.

Os anos de 2015 e 2016, nesse ciclo iniciado em 2012, foram os mais severos em termos de estiagem. O ano de transição, 2017, foi melhor, mas insuficiente para recompor a maioria dos reservatórios no semiárido do Rio Grande do Norte. A estação chuvosa deste ano fez sangrar alguns pequenos açudes e formou pasto para os rebanhos, mas manteve o cenário de “seca verde” no interior.

Praticamente sem recarga, os reservatórios usados para abastecimento humano de algumas cidades chegaram à cota de “volume morto” e, até esta semana, a Caern contabiliza 16 cidades em colapso e outras 77 atendidas em sistema de rodízio.

Números
18 é o número de reservatórios com volume morto
14,29% da capacidade é o que resta de água da barragem Armando Ribeiro
16 é o número de cidades em colapso de abastecimento
77 é o número de cidades em sistema de rodízio no abastecimento

Cidades em colapso

Alto Oeste
Almino Afonso
Francisco Dantas
João Dias
José da Penha
Luís Gomes
Marcelino vieira
Paraná
Pilões
Rafael fernandes
Santana do matos
São Miguel 
Tenente Ananias

Seridó
Acari
Bodó
Cruzeta
Currais Novos

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