Brasília A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem, em coletiva à imprensa, que a Petrobras está acima de atos de corrupção que possam ter sido praticados por funcionários da empresa estatal.
Dilma, porém, não quis comentar o acordo de delação premiada negociado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. "A Petrobras está acima disso e eu não tenho que comentar sobre a decisão de uma pessoa presa fazer ou não delação premiada. Isso não é objeto de interesse da presidente da República", afirmou, evitando a pergunta dos jornalistas.
"Temos de aprender que se pessoas cometeram erros, mal-feitos, crimes, atos de corrupção, isso não significa que as instituições tenham feito isso. Não se pode confundir as pessoas com as instituições. A Petrobras é muito maior do que qualquer agente dela, seja diretor ou não, que cometa equívocos", disse a presidente.
Investigação
Horas antes de Costa se decidir por falar o que sabe de corrupção em negócios da Petrobras, a Polícia Federal deflagrou a quinta fase da Lava Jato e vasculhou os endereços de 13 empresas de consultoria, gestão e assessoria, todas situadas no Rio e ligadas a uma filha, Ariana Azevedo Costa Bachmann, a um genro, Humberto Sampaio Mesquita, e a um amigo dele, Marcelo Barboza. Acuado, na iminência de sofrer uma sucessão de condenações como réu da Operação Lava Jato, Costa optou pela delação premiada. O ex-diretor considerou não ter a menor chance de sair logo da prisão. Ele justificou o uso recurso como uma forma preservar seus familiares, que também se tornaram alvos da Lava Jato.
Na avaliação de Dilma, não existe "nenhuma instituição acima de qualquer suspeita quando se trata dos seus integrantes". "Inclusive, nas instituições - qualquer uma - e nas empresas - inclusive nas que vocês trabalham -, pode ocorrer isso", afirmou a candidata, dirigindo-se aos repórteres. A presidente Dilma Rousseff rebateu críticas feitas pela rival Marina Silva (PSB), de que o país não precisa ser governado por "gerentes" - referência indireta ao marketing político dilmista. Dilma evitou comentar sobre a entrada da ex-ministra Marina Silva (PSB) na corrida presidencial, dizendo que prefere se dedicar a prestar contas de seu governo.
Sobre as críticas da candidata do PSB, para a presidente, a declaração é de quem "nunca teve experiência administrativa". "No presidencialismo somos diferentes do parlamentarismo. O chefe do Poder Executivo tem obrigações claras. Não é uma questão de ser gerente ou não, isso é uma visão tecnocrática, o presidente é executor. Ele não é pura e simplesmente um representante do poder", afirmou Dilma. "Acho que o pessoal está confundindo o presidente da República com rei ou rainha", rebateu. No início de sua fala, ela disse que iria almoçar com o jornalista e escritor Lira Neto, autor de uma trilogia sobre o ex-presidente Getúlio Vargas, e elogiou a trajetória de Vargas, chamando-o de "grande democrata".
Getúlio Vargas
A presidente comentou ainda os 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas e afirmou que o episódio mudou o rumo do Brasil ao adiar o golpe militar em 10 anos. "Não só comoveu milhões e milhões de pessoas que foram às ruas, mas também, pelo fato de ele ter evitado o golpe que depois vai ocorrer dez anos depois, em 64."
Segundo a presidente, é "essencial" entender a morte de Getúlio Vargas. "Se nós não entendermos a história do nosso País, não entenderemos a construção da nação brasileira."
Fonte: Diário do Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário