sexta-feira, 19 de julho de 2013

Governo reage à proposta de Henrique para extingüir pastas

Henrique Alves defende reformas

Enxugamento da máquina administrativa, mais diálogo entre o Executivo e o Legislativo e uma reforma ministerial ainda este ano para dar novo ânimo ao governo. Estas são algumas das propostas defendidas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, em entrevista publicada pelo jornal Folha de S.Paulo (edição de ontem). Henrique defendeu a redução do número de ministérios, 39 atualmente, para tornar as ações governamentais mais ágeis objetivas. “Acho que 25 ministérios seriam do tamanho do Brasil.”

Edu Barboza
Henrique Eduardo Alves propõe redução de custos e mudanças no primeiro escalão com saída antecipada de ministros-candidatos

O deputado, que foi líder do PMDB antes de assumir a presidência da Câmara, sugeriu que a presidenta Dilma Rousseff inicie reforma antecipando a desincompatibilização dos ministros que serão candidatos nas eleições de 2014. “A presidente faria uma reprogramação de todo o quadro ministerial com liberdade da escolha dos novos ministros, que já participariam da execução orçamentária nova do próximo ano e da definição das novas prioridades do próximo ano. Dando, portanto, ao ministro que vai assumir uma participação muito maior na definição do governo no ano eleitoral.”

Ao ser questionado se o PMDB, principal aliado do PT no governo federal, abriria mão de alguns dos ministérios que ocupa, ele disse não ver problemas. “Na hora de uma reorganização nesse nível, com essa profundidade, com essa responsabilidade, acho que todos os partidos da base deveriam ter esse gesto de delegar à presidente a decisão”

Com bom trânsito entre deputados e senadores, inclusive da oposição, amigo pessoal do vice-presidente Michel Temer, Henrique defendeu a retomada do diálogo entre o Planalto e o Congresso. E o primeiro passo para isso seria ressuscitar o conselho político. “Está faltando essa boa política no sentido de conversar, de interagir. “Quando Lula era presidente da República, nos seus oito anos e logo no início da Dilma, havia reuniões quase que mensais do conselho político. Era uma presença de líderes e de presidentes partidários que ficavam duas ou três horas analisando se tal medida seria anunciada e enviada ao Congresso. Aí, a coisa saía redonda. É muito mais fácil a condução, discussão e aprovação. Há quanto tempo não se reúne o conselho político? Eu não me lembro a última vez. Nunca mais se reuniu o conselho político. Foi um erro do governo em não fazer porque ajudaria a presidente. Quando remeter a proposta ou medida provisória ou projeto, já viria discutida, pelo menos, com a sua base parlamentar”.

Sobre o uso do jato da FAB para ir ao Rio de Janeiro na véspera da decisão da Copa das Confederações, ele lembrou que tinha um compromisso oficial com o prefeito Eduardo Paes (PMDB) e que recolheu preventivamente o valor das passagens das pessoas que pegaram carona na viagem.

Sobre o roubo de R$ 100 mil que estavam com um assessor, em Brasília, Henrique disse que o dinheiro era de um empréstimo que ele fez no Banco do Brasil e que o assessor prestou queixa na polícia. “Se fosse algo não explicável, era só não prestar queixa. Mas ele foi à delegacia, abriu-se um inquérito policial e eu quero a conclusão desse inquérito para apurar responsabilidades (....) O que é estranho é como se sabia que naquele carro, naquela hora, tinha esse dinheiro. Então, quero apuração rigorosa dos fatos.

Trechos da entrevista

Em junho, milhares de brasileiros foram às ruas demandar mudanças na forma como o país é governado. O Congresso conseguiu entender essas demandas e dar uma resposta?

Acredito que sim. O Congresso está acostumado com essas demandas. Para que as pessoas tenham uma ideia, num ano normal legislativo da casa, quase 200 mil pessoas frequentam o Congresso Nacional. Quem frequenta a casa sabe. Só que agora foi reforçada por essa demanda maior. É mais explícita, mais apaixonante, mais consciente das ruas a cobrar, sobretudo, a melhoria dos serviços públicos da saúde, educação, da mobilidade urbana, da segurança. Com forte apelo para que o Congresso, o Parlamento, o Executivo, o Judiciário, todos façam um Brasil mais ágil, mais rápido, mais eficiente, de melhores resultados.

Os protestos de junho atingiram a muitos políticos e também a presidente Dilma Rousseff. Ela reagiu propondo cinco pactos em várias áreas e um plebiscito para fazer a reforma política. Foi a melhor forma de reagir?

O plebiscito não estava no âmago desses protestos. Não me lembro de ter visto - pode ser que tenha acontecido- cartazes pedindo plebiscito, reforma política. As pessoas querem saúde de qualidade, educação de qualidade, segurança que dê segurança, mobilidade urbana que faça que as pessoas possam ir e vir. Essa que é a questão central. Agora, nós temos o dever, como Parlamento e como partidos políticos, de fazer uma reforma política. Isso me frustra muito porque todos dizem isso, mas na hora de fazer, não conseguem.

O senhor acha que é necessário também fazer algum ajuste na política e na equipe econômica do Governo?

Esse é um dos itens mais falados, mais abordados. Até porque criou-se uma expectativa equivocada de um crescimento do PIB já no próximo ano. Agora se repete além do que nós esperávamos. Isso gera uma frustração muito grande. Tem que se tratar esse assunto cirurgicamente. Ainda não conseguimos encontrar - o governo, estou falando do governo - uma resposta que tranquilize em relação ao combate da inflação. E olha que tem sido uma meta objetiva e clara da presidente Dilma. Acho que a questão principal hoje que move os seus passos é o combate à inflação. É uma luta de todos nós.

TRIBUNA DO NORTE

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