terça-feira, 16 de julho de 2013

Segurança é preocupação da Abin durante a Jornada Mundial da Juventude

Painel no Centro de Inteligência Nacional apontava, nesta terça-feira, seis fontes de ameaça ao evento

Chico de Gois

BRASÍLIA – A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está preocupada com a segurança durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que ocorre no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 28 de julho, e com manifestações que possam ocorrer para atrapalhar sobretudo a locomoção daqueles que querem participar do evento. Um painel no Centro de Inteligência Nacional apontava nesta terça-feira seis fontes de ameaça à Jornada: incidentes de trânsito, crime organizado, organizações terroristas, movimentos reivindicatórios, grupos de pressão e criminalidade comum. O mais preocupante era o “grupo de pressão”, classificado com nível vermelho de alerta. “Diante das ações dessa fonte percebidas no país nos últimos meses, associadas às ações internacionais relacionadas a grandes eventos desse teor, considerou-se tendência de manifestação positiva durante o evento”, informava o painel. As informações são atualizadas a cada hora e, segundo oficiais da Abin, esse quadro pode mudar.

Mas o general José Elito Siqueira, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), a quem a Abin está subordinada, minimizou eventuais problemas com os protestos.

- Temos de encarar com naturalidade. Logicamente, temos de acompanhar para que aquilo não atrapalhe o grande evento. Mas isso não vai acontecer - acredita o ministro do GSI.

Embora não apareça no painel, a segurança como um todo é a maior preocupação da Jornada, segundo alguns integrantes da Abin. Agentes lembram que a missa em Guaratiba deve reunir aproximadamente 2 milhões de pessoas, ou seja, é um evento muito grande, onde não há check-points como nos estádios, onde há raios-x para ingressar no local. Além disso, o Papa vai se deslocar em carro aberto em Copacabana e isso também é motivo de atenção redobrada porque, ao contrário do Revéillon, onde há mais de um milhão de pessoas na orla, haverá uma celebridade em movimento, o que dificulta a operação de segurança.

Os órgãos envolvidos com a visita no Rio estão estudando vários cenários de contingência, com rotas de fuga. Além disso, há uma preocupação com o trajeto até Guaratiba porque muitos peregrinos planejam ir a pé até o local da missa, o que traz implicações para o trânsito. A Abin, no monitoramento de risco que fez e entregou ao governo do Rio, prefeitura, policias civil, militar e federal, também chama a atenção para a possibilidade do aumento de crimes comuns, como roubos.

Sobre terrorismo, a agência observou que o principal problema reside na fronteira seca, onde o controle de quem entra e quem sai é mais poroso. A Abin trabalha com o serviço de inteligência de 82 países, dividindo informações, sobretudo quanto ao terrorismo. Um desses responsáveis pela segurança para a vinda do Papa disse que o terrorismo é o único assunto em que os organismos internacionais não sonegam informações. Mesmo assim, a preocupação é grande sobre o assunto justamente por causa do tamanho do evento.

Nesta terça-feira, a Abin abriu suas portas para uma visita de jornalistas. O objetivo, informou o general Elito, era mostrar como funciona o sistema de inteligência do país. Elito declarou que o país tem todas as condições para receber o Papa Francisco em paz e com segurança. O general não quis dizer se o Brasil recebeu algum alerta internacional sobre eventual atentado terrorista e minimizou a possibilidade de atentados, embora tenha ressalvado que as forças de segurança estariam aptas a agir em caso de algum incidente. Para Elito, a Jornada Mundial da Juventude não difere muito de outros grandes eventos, como foi a Copa das Confederações e a Rio +20.

- Não podemos medir a complexidade pelo número de pessoas ou de eventos. O que importa é a responsabilidade do país. Independentemente de ser um ou mais eventos ao mesmo tempo, temos de partir para a excelência da organização e da prevenção.

Elito não quis dar detalhes sobre pontos vulneráveis que mereceriam maior atenção das autoridades brasileiras, mas relembrou que na Copa das Confederações foi dado especial destaque aos aeroportos, rota de trânsito no deslocamento das equipes, hotéis e estádios, por exemplo.

O GLOBO

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