Padre diz ter olhar mais racional, mas respeita opiniões de fiéis.
Tatiana LopesDo G1 RS
Tora de madeira foi colocada em altar de igreja em Jaquirana (Foto: Daniela Xu/Agência RBS)
No altar da igreja São Sebastião, em Jaquirana, na Serra do Rio Grande do Sul, uma tora de madeira com uma imagem que lembra Nossa Senhora Aparecida chama atenção de moradores e visitantes. A marca foi identificada em uma madeireira da cidade de pouco mais de 4 mil habitantes, há poucos dias. Nesta segunda-feira (29), o G1 entrou em contato com o padre Mário Pereira dos Santos, que se mostra cauteloso sobre o assunto.
Padre Mário diz que respeita a opinião de fiéis que acreditam que a imagem encontrada na tora é de Nossa Senhora Aparecida, mas prefere ser mais racional. "Tem a semelhança. Há o pessoal que olha, e em um olhar subjetivo parece mesmo a imagem. Mas claro que em um olhar mais racional, mais objetivo, se vê que é um efeito da madeira", justificou.
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"Para mim é um convite para contemplar a beleza da natureza, que é fascinante. Não acredito que seja a imagem da santa, mas respeito quem acredita, cada um tem seu ponto de vista", completou.
A igreja São Sebastião é toda feita em madeira, de acordo com o padre Mário. A tora levada ao altar combina e completa o visual, segundo ele. O pedaço de madeira pinus ilhote foi colocada na parte lateral do altar.
Mário tem 45 anos e é padre há 28. Natural de Espumoso, ele é da diocese de Caxias do Sul e há três anos reza missas em Jaquirana. Na pequena cidade, agora ele vê mais pessoas entrarem na igreja para apreciar a tora de madeira que vem chamando atenção. "O pessoal vem ver, no fim de semana vem visitar. Algumas pessoas vêm de fora", conta.
Olhar científico
Biólogo e professor da Universidade de Caxias do Sul, Marcelo Rossato examinou a madeira com a imagem. De acordo com o profissional, a marca foi provavelmente ocasionada pela entrada de organismos que provocam alterações teciduais. "Verificamos que o tronco não apresenta uma forma circular, há um vinco que provavelmente foi causado por uma lesão humana ou natural que provavelmente ocasionou uma lesão nos tecidos de proteção (epiderme vegetal)", explica ele por e-mail ao G1.
Sobre a forma de triângulo da marca na tora encontrada em Jaquirana, o biólogo diz que "o cerne, localizado na região central, é formado por tecidos inativos, cujos vasos estão fora de função e não transportam mais seiva". Por isso, segundo ele, as paredes estão impregnadas de corantes e resinas que impedem a proliferação de microrganismos. "Esta é a parte da madeira de mais interesse na indústria madeireira. Com isso podemos explicar a forma do triângulo", completa.
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