quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Petróleo: Áreas em águas profundas requer tempo para produzir

Andrielle Mendes
Repórter

A primeira descoberta de petróleo em águas profundas no Rio Grande do Norte, anunciada pela Petrobras na última terça-feira, levará de três a cinco anos para se refletir na produção do estado, que perdeu força. A análise é de especialistas como Francisco Wendell, coordenador do curso de Petróleo da Universidade Potiguar, mestre e doutor em Engenharia do Petróleo, e Jean-Paul Prates, diretor do Centro de Estratégias em Recursos Renováveis e Energia (Cerne), mestre em Economia e Regulação de Petróleo, Gás e Energia pelo Instituto Francês do Petróleo. Segundo eles, após a fase de descoberta, começam estudos para avaliar o tamanho da reserva e se sua exploração é viável do ponto de vista técnico e econômico.

Mapa mostra a localização do poço, a 55Km da costa do Rio Grande do Norte, em águas profundas

A coordenadora executiva do Núcleo de Petróleo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que desenvolve pesquisas em parceria com a Petrobras, Teresa Nelma de Castro, acredita que o estado se beneficiará da descoberta já a partir de 2014, antes mesmo do início da produção. A Petrobras, segundo ela, deve intensificar os investimentos e mobilizar mais pessoas para realizar os estudos e preparar a empresa para a fase de exploração. A Petrobras foi procurada para fornecer mais detalhes sobre a descoberta, o seu impacto na produção do estado, e detalhar as novas fases do processo, mas não disponibilizou porta voz nem respondeu aos questionamentos até o fechamento da edição. 

A estatal se limitou a dizer em nota divulgada na última terça-feira que o petróleo foi descoberto durante a perfuração do poço 1 BRS-A-1205-RNS, do bloco BM-POT-17, a 55 quilômetros da costa do estado. Essa, segundo Jean-Paul Prates, do Cerne, é a segunda descoberta de petróleo em águas profundas em menos de dois meses na Bacia Potiguar, que também engloba o estado do Ceará.

Impulso 

Jean-Paul diz não ter dúvidas de que a descoberta, se declarada viável comercialmente, marcará uma nova fase da produção de petróleo no Rio Grande do Norte. O anúncio, segundo ele, ocorre num momento em que o setor “se encontrava sob grande apreensão quanto ao seu futuro no RN, com o esperado declínio e maturação dos seus campos terrestres”. 

Teresa Nelma de Castro, coordenadora executiva do Núcleo de Petróleo da UFRN, segue na mesma linha. “Esse anúncio vai despertar o interesse de outras empresas pelo estado. Isso até já está acontecendo. A Petrobras, que detinha 80% de participação nesse bloco, vendeu parte de sua participação para outra concessionária, a BP Energy do Brasil, que passará a deter 40% da operação”. 

O fato de a Petrobras ter anunciado a descoberta sinaliza, segundo os três especialistas, que o fato é relevante. “Quando eles anunciam, é porque os estudos já estão bem avançados”, observa Teresa Nelma. “Se a estatal divulgou essa nota é porque tem alguma coisa por trás”, completa Francisco Wendell. O impacto na produção, no entanto, só será conhecido depois que a Petrobras avaliar o tamanho da reserva.

TRIBUNA DO NORTE

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