Deve chegar a R$ 25 bilhões a redução neste ano no valor destinado a financiar casas próprias pela Caixa Econômica Federal, maior financiadora habitacional do país.
O corte representa 20% do que foi desembolsado no ano passado. Será o segundo ano seguido de recuo nos desembolsos para a habitação do banco e o mais acentuado desde o início do ciclo de expansão nos financiamentos imobiliários em 2002.
Pedro Ladeira/Folhapress | ||
A presidente da Caixa, Miriam Belchior |
O banco estima emprestar neste ano cerca de R$ 103,8 bilhões, já somando os financiamentos com recursos da poupança e aqueles com o dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
Editoria de arte/Folhapress |
A previsão inicial da Caixa era de, pelo menos, repetir neste ano o desempenho do crédito imobiliário em 2014, de R$ 128,8 bilhões (R$ 70,4 bilhões com o dinheiro da poupança e R$ 49,4 bilhões com FGTS e subsídios).
Mas as expectativas foram frustradas após a forte saída de recursos da caderneta de poupança. De janeiro a abril, a poupança teve saques de R$ 29,2 bilhões. A expectativa do setor é que a caderneta perca R$ 50 bilhões em depósitos neste ano, o que deve comprometer os financiamentos imobiliários no país.
Se a escassez de recursos persistir, as taxas cobradas dos mutuários podem chegar perto do teto de 12% mais TR, segundo executivos do banco estatal. Com essas taxas, a Caixa perde a vantagem em termos de custo em relação aos demais bancos, especialmente os privados.
Diante das limitações da poupança, a Caixa focou os novos empréstimos neste ano nos imóveis novos, com o objetivo de desovar os estoques das construtoras, e limitou o financiamento de usados.
Desde abril, o banco só financia até 50% do valor desses imóveis. O banco tem sido ainda mais seletivo na aprovação de financiamentos e priorizado imóveis de menos de R$ 400 mil.
JUROS MAIORES
Para viabilizar os novos empréstimos, a Caixa tem complementado o dinheiro disponível da poupança captando recursos por meio de LCI (Letras de Crédito Imobiliário), que pagam cerca de 80% do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro, que está em 13,14% ao ano).
O problema é que a remuneração está bastante acima da poupança, que tem pago menos de 8%.
Por esse motivo, a Caixa teve de elevar duas vezes neste ano as taxas de juros cobradas dos mutuários da habitação. No banco, estima-se que as LCI já respondem por 40% do dinheiro captado para financiar imóveis dentro do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), que se utiliza do dinheiro da poupança e que tem juros tabelados de até 12% ao ano mais TR.
Para reverter a situação, bancos e construtoras querem que o BC libere pelo menos parte do depósito compulsório da poupança, que soma cerca de R$ 120 bilhões. O órgão, porém, é contra.
Fonte: Folha de São Paulo
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