sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Futebol: A 6 meses da Copa, 6 palcos atrasados e 6 preocupações


País vai encerrar ano que antecede o evento com metade das arenas ainda em obras (além de dúvidas sobre os aeroportos, mobilidade urbana, segurança...)

Vista externa da Arena das Dunas, em Natal - Shaun Botterill/Getty Images
Vista interna da Arena das Dunas, em Natal - Marcelo Sayão/EFE
Vista externa da Arena das Dunas, em Natal - Shaun Botterill/Getty Images
Vista interna da Arena das Dunas, em Natal - Shaun Botterill/Getty Images
Vista externa da Arena das Dunas, em Natal - Gernot Hensel/EFE/EPA

Já falta menos de meio ano para a Copa do Mundo de 2014 - e os palcos de três das quatro primeiras partidas ainda não estão prontos. No dia 12 de junho, uma quinta-feira, São Paulo receberá a abertura, no Itaquerão. O estádio deverá ficar totalmente pronto só em abril. No dia seguinte, uma sexta-feira 13, assim como hoje, dentro de exatamente seis meses, serão três as partidas, em Natal, Cuiabá e Salvador. Só a arena baiana está preparada para o torneio. As obras nos seis estádios do Mundial que não foram usados na Copa das Confederações deveriam ser concluídas até o fim deste ano. Nenhuma será entregue no prazo que foi combinado com a Fifa. O país-sede encerra o ano que antecede a Copa com só metade das arenas concluídas e, pior ainda, com preocupações em torno de diversos temas, como aeroportos, transporte urbano e segurança. Serão seis meses de trabalho duro - e, como os brasileiros deixaram muita coisa para a última hora, nem mesmo um esforço redobrado pode dar conta de todos os preparativos necessários antes que a bola role no jogo entre Brasil e Croácia, na abertura.

Vista aérea da Arena Amazônia, em Manaus - Shaun Botterill/Getty Images
Vista externa da Arena Pantanal, em Cuiabá - Michael Heiman/Getty Images
Operários trabalham na construção da Arena da Baixada, em Curitiba - Michael Heiman/Getty Images
Vista interna do Itaquerão, em São Paulo - Michael Heiman/Getty Images
Vista aérea da Arena Beira Rio, em Porto Alegre - Buda Mendes/Getty Images

Seis pontos vulneráveis do Brasil em 2014

1 - Dores de cabeça nos aeroportos

No decorrer da Copa das Confederações, muitos visitantes reclamaram das falhas na infraestrutura aeroportuária brasileira. Em sedes como Belo Horizonte e Rio de Janeiro (Galeão), deram de cara com aeroportos em obras. Em Salvador, viram um terminal ficar cheio d'água após um temporal. E em quase todas as sedes, sofreram com pequenos transtornos que já viraram rotina para os passageiros brasileiros - e que fazem a experiência de voar no país ser muito mais desagradável. Exemplos: a constante troca de portões de embarque, que faz o viajante zanzar de um lado para outro nos momentos que antecedem o voo, e a longa espera nas esteiras de retirada de bagagens. Além da baixa qualidade dos serviços oferecidos em muitos aeroportos brasileiros, há um outro obstáculo para a Copa: ela está marcada para um período do ano em que muitos aeroportos, principalmente no Sul e no Sudeste, ficam fechados por causa da neblina. Garantia de fortes emoções para quem tiver voos marcados para os dias de jogos em Porto Alegre, Curitiba, São Paulo (Congonhas) e Rio de Janeiro (Santos Dumont).

2 - Deficiências da aviação civil

Não é só na infraestrutura física que o setor aéreo preocupa. O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, disse que o Brasil tem de oferecer voos em melhor número - e com melhores rotas - entre as doze sedes do Mundial. Referia-se às maratonas que os funcionários da entidade, torcedores, patrocinadores e correspondentes estrangeiros enfrentaram para se deslocar de uma cidade para outra entre as partidas, com constantes escalas em aeroportos como Brasília, Rio e até São Paulo, que nem sequer fazia parte do mapa da Copa das Confederações. As principais companhias aéreas do país dizem que estarão prontas para atender aos visitantes e dar conta da demanda em junho e julho de 2014. A responsabilidade é grande: com as longas distâncias entre as sedes (e a falta de alternativas encontradas em outros países, como os trens de alta velocidade), a aviação será a forma de deslocamento mais comum entre as cidades. Durante um mês, os voos entre as doze sedes ficarão totalmente lotados - e terão de funcionar como um relógio para não atrapalhar a vida dos envolvidos no megaevento.

3 - Formas de acesso às arenas

Os poucos turistas estrangeiros que vieram ao país para a Copa das Confederações logo constataram um problema comum na vida do torcedor brasileiro: nem sempre o acesso ao estádio é prioridade dos dirigentes e autoridades. Se nas grandes arenas dos países desenvolvidos há diferentes opções para ir ao jogo - o público costuma se dividir entre metrôs ou trens, ônibus e uso do carro particular -, algumas das sedes deixaram a desejar pela falta de alternativas (combinada, aliás, à localização pouco conveniente de algumas arenas). O caso mais emblemático é o de Recife, com um estádio distante demais, com apenas uma estreita via de acesso e com poucas vagas de estacionamento - ir de carro, portanto, é para poucos. Restava o metrô, mas a estação que serve à arena é distante, forçando o torcedor a pegar mais um ônibus para chegar. A viagem foi longa, mais de uma hora a partir da região onde estão concentrados os hotéis da capital pernambucana. Fortaleza, uma das principais sedes tanto em 2013 como em 2014, também deixa a desejar nesse quesito, preocupando os organizadores.

4 - Hotelaria pouco desenvolvida

O Brasil está longe de ser um dos principais destinos turísticos do mundo. Em decorrência disso, sua rede hoteleira nem sempre está à altura das expectativas dos visitantes. Na Copa das Confederações, pelo menos duas delegações reclamaram dos hotéis em que foram hospedadas, por falhas no serviço ou nas instalações. Os uruguaios, por exemplo, não gostaram de descobrir que seu hotel no Recife não tinha nem sequer uma sala de ginástica. Tiveram de ir procurar uma academia. E essa é a vida de quem fica nos hotéis escolhidos pela Fifa. Mais imprevisível ainda será a experiência dos turistas que tiverem de ocupar os quartos de estabelecimentos defasados e mal conservados, outro problema recorrente nas sedes. O investimento no setor é alto para o ano que vem. Ainda assim, os representantes da Fifa sabem que, se em número total de leitos o Brasil promete dar conta do recado e abrigar todos os visitantes, nos quesitos qualidade e atendimento ainda há muito a melhorar. Para piorar, existe o temor sobre o aumento repentino e abusivo das diárias cobradas no decorrer do período de disputa da Copa.

5 - Baixa qualidade de alguns serviços

O ministro Aldo Rebelo costuma dizer que o brasileiro é tão caloroso e simpático que transformará a estadia dos estrangeiros no país durante a Copa numa experiência sempre agradável e sem sobressaltos. Na prática, porém, não é bem assim. O setor de serviços se desenvolveu muito nos últimos anos, mas ainda está longe de atingir o grau de aperfeiçoamento dos países em que há maior fluxo de turistas. Nos hotéis, nos restaurantes, nas lojas e nos táxis, o visitante acabará, em algum momento, sofrendo nas mãos de funcionários pouco capacitados. Para complicar, ainda há a barreira do idioma, que persiste principalmente nas cidades pouco acostumadas a receber grandes números de estrangeiros. É um problema de difícil solução - e que reflete bem o atual estágio do Brasil na escala do desenvolvimento econômico. Falta pouco tempo para o Mundial, mas a qualificação e o treinamento de quem receberá os visitantes em 2014 devem estar entre as prioridades de quem pretende aproveitar a realização do evento para sair lucrando. Além disso, é um investimento que renderá mais frutos no futuro.

6 - Segurança não só nos estádios

Trata-se de uma preocupação que cerca o evento desde que o Brasil foi escolhido para receber a competição, em 2007. Naquela ocasião, os questionamentos sobre a violência urbana no país provocaram enorme irritação no então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que chegou a responder de forma ríspida aos jornalistas estrangeiros que o questionavam na sede da Fifa. Conforme o próprio cartola brasileiro afirmou na ocasião, a enorme maioria dos países tem de lidar com a criminalidade, de fato. A contagem regressiva para a Copa, porém, transcorre em meio a um clima de preocupação crescente com os índices de crimes. As cidades que receberão a abertura e a final, São Paulo e Rio, enfrentam cenários alarmantes. Para complicar o quadro, a mobilização das forças de segurança em torno das arenas - ainda mais em caso de instabilidade social, como na Copa das Confederações - faz com que os contingentes policiais e militares tenham de se desdobrar em múltiplas funções. Haverá policiamento suficiente para manter o perímetro de segurança dos jogos e ao mesmo tempo proteger os visitantes nas cidades?

Torcida brasileira comparece na Arena Fonte Nova, em Salvador, para o jogo entre Brasil e Itália, pela Copa das Confederações - Ivan Pacheco

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