domingo, 1 de dezembro de 2013

Negócios: Exportação mineral do Rio Grande do Norte beneficia vizinhos

Andrielle Mendes
repórter

As exportações de minério no Rio Grande do Norte subiram 46,8% entre janeiro e outubro deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. O estado exportou, até o momento, R$ 27,6 milhões em tungstênio, caulim, quartzitos, granito e ouro – R$ 8,8 milhões a mais do que exportou entre janeiro e outubro de 2012. Mas ao invés de beneficiar o RN, o crescimento das exportações beneficiou estados como Ceará, Pernambuco e Paraíba, por onde é exportado o minério potiguar.

Dificuldades de logística para a exportação, segundo especialistas e empresários, penalizam o RN, que deixa de ganhar receita advinda da movimentação no porto e da contratação de frete, mas não é só isso. O governo também deixa de arrecadar impostos cobrados nas operações do transporte rodoviário e os empresários gastam até R$ 2 milhões por mês para transportar a carga de caminhão para outros estados e de lá embarcar em navios para países como a China, como é o caso da Susa Mineração.

A mineradora envia 35 mil toneladas de minério de ferro para o porto de Cabedelo (Paraíba) por mês e paga R$ 60 por cada tonelada transportada para o estado vizinho. Enviar a mesma carga para o Porto de Natal custaria 25% menos, o que no final do ano poderia render uma economia de R$ 6,3 milhões. Dinheiro que, segundo José Fonseca de Oliveira, diretor da Susa, poderia ser reinvestido no RN.

A mineradora foi a única que chegou a escoar minério pelo Porto de Natal. A operação, no entanto, foi suspensa este ano após alguns embarques, e não há previsão de retorno. Segundo Fonseca, não há galpões metálicos no porto de Natal. “O minério que agora exploramos tem outras características químicas, não pode mais ser estocado ao ar livre nem em galpões infláveis. Precisa ficar enclausurado em galpões metálicos. Estrutura que encontramos em Cabedelo”. 

Limitações

O presidente da Companhia Docas do RN, administradora do porto de Natal, Pedro Terceiro de Melo, confirmou que a Susa foi a única empresa que exportou minério pelo porto e que depois dela nenhuma outra firmou contrato para escoar minério. 

Pedro reconheceu as limitações que a estrutura atual impõe, mas disse que elas são ‘superáveis’. “Até compramos um galpão inflável, que nos custou R$ 300 mil para atender as mineradoras”, afirmou. Com o minério deixando o país por outros portos, o galpão ficou sem uso.

Outras empresas têm sido afetadas. A Casa Grande Mineração (CGM), maior beneficiadora de feldspato do país, com sede em Parelhas, exporta caulim pelo porto de Suape, em Pernambuco, desde que foi inaugurada, em janeiro de 2012. João Leal, diretor da empresa, reclama do número reduzido de linhas de navegação no RN. “Exportamos para a América Latina e para a América Central. O armador (empresa que realiza o transporte marítimo) disse que não operava em Natal. Então tivemos que buscar o porto de Suape”. 

Leal exporta em média 2 mil toneladas de caulim por ano e chega a gastar o dobro para transportar cada tonelada para Pernambuco. “O frete que sairia por R$ 40 se exportássemos via porto de Natal, sai por R$ 80 a tonelada”, compara. Exportar pelo RN, calcula Leal, reduziria os custos com frete em R$ 80 mil por ano, em média. Economia que, diz ele, baratearia e aumentaria a competitividade do produto fora do país. “É claro que exportar pelo RN seria mais vantajoso. A questão é que isso não é possível”, afirma. 

A TRIBUNA DO NORTE procurou o secretário de Desenvolvimento Econômico do estado, Rogério Marinho, para saber o que está sendo feito para evitar que o minério continue deixando o país por outros estados, mas ele não atendeu as ligações.

SAIBA MAIS

Embora o minério explorado e beneficiado pelo Rio Grande do Norte seja exportado por outros estados, a exportação é contabilizada no RN. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o valor e volume exportados são contabilizados sempre “no domicílio fiscal’ da empresa exportadora. Para calcular as variações registradas mês a mês, o Ministério considera as informações fornecidas pelos próprios empresários em um sistema de informações do governo federal, o Siscomex.

TRIBUNA DO NORTE

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