Investigador diz que relatório com denúncias entregue ao TJRN foi estopim.
Para o chefe de investigação da Delegacia Especializada de Homicídios (Dehom), Juarez Paiva, a transferência dos delegados Laerte Brasil e Karla Viviane foi uma retaliação da Delegacia Geral de Polícia Civil contra a equipe da Dehom. O motivo, segundo Paiva, foi um relatório enviado no início de julho para a Câmara de Monitoramento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) que fala sobre a situação de quatro carros doados pelo TJRN para a Dehom. "Os veículos nunca chegaram para nossa equipe. Foram desviados pela Degepol para uso pessoal e setor administrativo", afirma Paiva.
Ao G1, a assessoria da Degepol informou que o TJRN doou cinco veículos para a Dehom e apenas um não foi entregue porque está na oficina. "Vieram cinco veículos. Um foi para a Dehom de Mossoró, três foram entregues na Dehom de Natal e um permanece na oficina", informou a assessoria. Procurado pelo G1, o delegado geral Adson Kepler negou qualquer tipo de represália e afirmou que "a transferência dos delegados foi motivada com base em indicadores estatísticos seguindo critérios técnicos".
A transferência de Laerte Brasil da Dehom para a Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur) foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (23). Na ocasião, agentes e escrivães que trabalham com Laerte divulgaram uma nota na qual ameaçavam entregar os cargos caso a transferência do delegado fosse concretizada. Nesta quinta-feira (24) foi a vez da delegada Karla Viviane ser transferida para a 1ª Delegacia de Parnamirim.
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No dia 15 de julho a equipe da Dehom entregou à Degepol sete carros irregulares ou quebrados, 21 coletes e mais de 100 munições vencidas. De acordo com o chefe de investigação, depois que o delegado Laerte Jardim Brasil concluir o inventário e deixar a Dehom, os demais delegados, agentes e escrivães também vão colocar seus cargos à disposição da Degepol.
"Como policiais responsáveis nos sentimos mal enquanto sabemos que muitos delegados não dão nem expediente. A Polícia Civil não investiga, ela assiste a criminalidade e não toma providência. Os que comandam não possuem conhecimento técnico e representam o atraso", acrescenta.
Paiva acredita que a equipe montada na Dehom é a mais preparada para investigar os crimes de homicídio no estado. "Estamos trabalhando e vestindo a camisa. O delegado Laerte Jardim vem lutando há dez anos pelo projeto de equipar a Delegacia de Homicídios", diz. O ideal, conforme Paiva, é uma estrutura de 65 policiais, 14 escrivães e dez delegados. "Com isso teríamos quatro equipes para fazer locais de crime e investigações preliminares. Três divididas pelas regiões da cidade e uma para cuidar de inquéritos antigos", explica.
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