quarta-feira, 2 de julho de 2014

Seleção brasileira está em crise, sim. E o problema não está só em campo

Gustavo Franceschini e Ricardo Perrone
Do UOL, em Fortaleza


Neymar aparece com joelho enfaixado enquanto reservas da seleção brasileira encaram sub-20 do Fluminense. A faixa segura um pequeno aparelho que emite choques e ajudam a aliviar a dor no atacante, que sofreu uma pancada nas oitavas de final contra o Chile Leia mais Heuler Andrey / Mowa Press

A seleção brasileira não convenceu e não chega às quartas de final com a força que poderia. Pressionada pelo mau desempenho, com problemas físicos, abalada emocionalmente e envolvida em confusões extracampo, a equipe está em crise. Veja, nos itens abaixo, todos os problemas que incomodarão o Brasil até a próxima sexta, dia do duelo decisivo contra a Colômbia, em Fortaleza.
Problemas em campo
Sim, a crise não está só dentro do gramado, mas também está nele. O Brasil de Felipão é o que menos venceu em Copas do Mundo desde que o atual formato foi adotado. Dos oitos times que estão nas quartas, só a Costa Rica soma dois tropeços na competição: empates contra Inglaterra, na primeira fase, e Grécia, nas oitavas.
É bastante para um time que se apresentava como favorito no início da competição. O Brasil da Copa do Mundo erra muitos passes – tem o terceiro pior aproveitamento entre os classificados para as quartas (74%), depende muito de Neymar – autor de mais da metade dos gols do time – e tem vários jogadores em má fase.
Felipão tem tido dificuldade com seu banco de reserva. As opções que ele usou não deram conta do recado até agora e o técnico precisa, o tempo inteiro, voltar ao ponto em que parou há um ano, quando conquistou a Copa das Confederações. Além disso, o técnico vê alguns de seus titulares absolutos, como Fred, Oscar e Paulinho, caírem de produção – o último sequer tem vaga garantida no time.
O drama do último jogo exemplifica toda essa dificuldade. Depois de um início promissor, o Brasil passou dificuldades contra o Chile e esteve a centímetros de sair da Copa do Mundo dando vexame, quando a bola de Mauricio Pinilla bateu na trave a poucos minutos do fim da prorrogação.
Agora, nas quartas, o Brasil enfrenta um time que só venceu até agora, e sempre jogando bem. James Rodriguez, camisa 10 e grande estrela da Colômbia, é o artilheiro da Copa e lidera o segundo melhor ataque da competição, com 11 gols em quatro partidas.
Problemas físicos
A seleção brasileira não está na ponta dos cascos desde que se apresentou para Felipão no fim de maio, mas depois da partida contra o Chile a questão ganhou maior importância, principalmente por conta de Neymar. O camisa 10 saiu de campo com dores na coxa esquerda e no joelho direito, fez tratamento especial na folga e virou uma preocupação.

Na última terça, Neymar apareceu no gramado com os companheiros, embora não tenha trabalhado com bola. No banco de reservas, foi possível perceber que o camisa 10 usava uma faixa de proteção no joelho direito. A previsão é de que o atacante fique à base de analgésicos, fisioterapia e eletro-estimulantes até a partida contra a Colômbia.

Além dele, David Luiz é um problema. O zagueiro sentiu uma contratura muscular nas costas e quase não jogou contra o Chile. No sacrifício, contou que as dores limitavam bastante os seus movimentos. Fernandinho, por último, saiu de campo nas oitavas com câimbras e não deve ser um problema, mas também inspira cuidados.
Problema emocional
A imagem de Thiago Silva sentado sobre uma bola, afastado dos companheiros, com os olhos marejados, assustou. O choro do zagueiro, que foi acompanhado por boa parte do time depois da vitória, motivou questionamentos sobre o preparo emocional da seleção brasileira.
Felipão também mostrou preocupação e convocou a psicóloga Regina Brandão. Em seu blog no UOL Esporte, Juca Kfouri escreveu que o técnico pretende cuidar da "cabeça" dos jogadores até o jogo contra a Colômbia. O treinador transmitiu suas impressões sobre o atual momento a seis jornalistas na última segunda, na Granja Comary.
Problema para o técnico
Na conversa com os jornalistas, Felipão mostrou que está mais preocupado do que parece. Além da questão emocional, ele também repensa suas escolhas. Em uma reportagem na Folha de S. Paulo, Juca Kfouri escreveu que o treinador faria, se pudesse uma mudança entre os 23 convocados.
A declaração tem peso em um ambiente delicado como o da seleção brasileira. Felipão mostra ao grupo que não está tão satisfeito assim com as opções que tem em mãos. Em entrevista ao Sportv, o treinador ainda avisou que deve mudar o time, cogitando a opção de escalar o Brasil com três zagueiros.
Problemas extracampo
Fora de campo, a rotina da seleção também está agitada. Contra o Chile, uma troca de tapas no vestiário durante o intervalo virou caso para a Fifa. Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da CBF que teria agredido o atacante Mauricio Pinilla, foi suspenso preventivamente por uma partida.
Além dele, Fred pode entrar na mira da Fifa. A briga que terminou no vestiário começou no gramado, em uma discussão do atacante com o zagueiro Gary Medel. Irritado, o camisa 9 do Brasil deu um tapa no adversário, que pode ser analisado e punido pela entidade.

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