POR O GLOBO / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
LA PAZ — O presidente da Bolívia, Evo Morales, foi reeleito pela segunda vez consecutiva com mais de 60% dos votos, segundo a contagem rápida da empresa Ipsos e pesquisas de boca de urna. O sindicalista cocaleiro, de 55 anos, do partido Movimento Rumo ao Socialismo (MAS) ganhou em oito dos nove departamentos do país e, pela primeira vez, conseguiu uma vitória em Santa Cruz, motor econômico e reduto da oposição. Na falta de dados oficiais, estes resultados foram dados como válidos pelo próprio Morales, no discurso que fez da sacada do Palácio Quemado, sede do governo, e pela agência estatal boliviana de notícias ABI.
VEJA TAMBÉM
— Agradecemos ao povo boliviano por este novo triunfo — disse Morales a uma multidão em La Paz, prometendo fazer do seu país a capital de energia da América do Sul. — Esta vitória democrática do povo boliviano é dedicada a todos os povos da América Latina e do mundo que lutam contra o imperialismo. Este triunfo, irmãos e irmãs, é dedicado a Fidel Castro e a Hugo Chávez, que ele descanse em paz.
Morales conseguiu uma vantagem de quase 40 pontos sobre o segundo colocado, o empresário Samuel Doria Medina, de acordo com pesquisas das consultorias Equipos Mori e Ipsos. Medina, de 55 anos, tinha pouco mais de 20% dos votos. Ainda de acordo com uma apuração extra-oficial, o governo deve manter a maioria absoluta no Congresso, um dos objetivos de Morales. O Tribunal Eleitoral suspendeu a apuração oficial após contabilizar menos de 3% dos votos e deve retomar os trabalhos nesta segunda-feira.
Morales, um grande defensor da folha de coca e crítico dos Estados Unidos, saudou os simpatizantes na Praça Murillo, no centro histórico de La Paz. A multidão gritava "Pátria sim, colônia não". Milhares de bolivianos também saíram às ruas nas principais cidades do país para festejar a vitória.
No poder desde 2006, Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, precisava de 50% mais um dos votos para garantir a reeleição sem a necessidade de segundo turno. Na eleição de 2009, ele recebeu 64% dos votos. Com o resultado deste pleito, Evo Morales governará até 2020 e completará 14 anos no poder, fato inédito na história do país.
Pela primeira vez, Morales venceu no departamento de Santa Cruz, no Leste do país, com 50,7%, dez pontos a mais que os obtidos na última eleição. O departamento é considerado o motor econômico da Bolívia e concentrou por um período a oposição mais radical à política de Morales (indigenista, antiamericana e estatizante). O resultado foi favorecido pelo crescimento econômico e o bom momento dos negócios, além do comprometimento de Morales em seguir uma lógica liberal.
Segundo o FMI, a Bolívia deve registrar crescimento de 6,5% do PIB em 2014, o maior da região.
— A vitória esmagadora de Morales é um reconhecimento da gestão do governo e mostra que a oposição nunca teve uma visão de país — disse o analista Reymi Ferreira, professor da Universidade Gabriel René Moreno de Santa Cruz.
Para o analista político Rolando Ramos, depois da vitória de Morales a oposição boliviana deve ler a mensagem e refletir.
— Deve buscar a união e renovar as lideranças — disse.
Novo líder da oposição, Doria Medina disse que agora é necessário garantir que não aconteçam mais reeleições, que a Constituição seja cumprida e que a economia seja administrada de maneira adequada.
Além dos dois candidatos principais, também estavam na disputa eleitoral o ex-presidente liberal Jorge "Tuto" Quiroga (9%), Juan del Granado (3%), um ex-aliado de Morales, e Fernando Vargas (3%), um indígena ecologista.
Fonte: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário